Bandeiras e discursos diversos estão soltos nas ruas e bairros de Manaus, anunciando candidatos aos cargos que elegeremos no próximo mês de outubro. São bandeiras coloridas, trazem fotos, símbolos, números, quase convencem, não fosse o descrédito e a astenia da população ante o elenco de promessas descumpridas e o desamparo social que é vivido pelos cidadãos, passadas as eleições. Carros de som apregoam o que a população não mais quer ouvir. Emissoras de rádio e TV faturam, na tentativa de operar algum milagre sobre a crença moribunda nas consciências “cidadãs”. Começam os debates. E vai-se além de debate.
Desvirtua-se o sentido democrático do debate que seria informar a população os projetos que cada candidato tem para administrar este País. Envereda-se por garotices e serrilhadas de acusações, que deseducam e desrespeitam a população. Do lado de cá da tela, enquanto espectadores, teremos de acordar da sonolência crítica, para perceber o que há de consistência, sustentação e serenidade nas propostas. Quando há projetos a expor, não há tempo a perder com ataques e contra-ataques pessoais.
Campanha de solavancos e briguinhas midiáticas, não atesta seriedade de nenhum candidato. A despeito das falhas de nossos candidatos, apesar de toda dúvida que em nós se instale, das descrenças, decepções, desestímulos, preocupações futuristas, reais ou dolarizadas, teremos mesmo assim, que assumir a responsabilidade de sermos responsáveis, ao escolher um dos candidatos, como governante da cidade, e a Câmara Municipal.
O povo inquieto, desorientado, desprotegido, começa a fazer derivas e buscar ajuda de supostos olhares protetores espelhados nas vidraças da cidade. Mas é com olhar crítico e pés no chão, com responsabilidade e lucidez, que deveremos eleger. Nossos candidatos sabem (devem saber) o que é política: essa ciência dos fenômenos referentes ao Estado; essa arte de bem governar os povos, como diz o Aurélio.. Quando em nossa cultura, as coisas se invertem e os projetos de crescimento e sustentação dos indivíduos são esmagados, é possível que a força ou a violência assumam o comando de nossos destinos. Isso começa a ser uma realidade muito grave entre nós.
O panorama estampado de corrupções, que faz o rio correr para interesses pessoais e não para interesses do Estado, nos faz pensar que os políticos desviaram a rota de seu saber e de seu dever para com o Estado. A polis, não parece mais ser a morada, o lugar seguro, confiável do cidadão, ela tornou-se o lugar incerto que desampara o homem contemporâneo. Em meio à escassez de atitudes éticas, isso vai sendo lamentavelmente legitimado, tornado natural. Temos o dever e o direito de eleger políticos éticos, justos, transparentes, que cuidem do Município, e não abandonem a causa do povo que governa. E quando os encontrarmos, é preciso elegê-los e apoiá-los, contribuindo para que façam jus à eleição de seus nomes. Mesmo contra a reeleição, Manaus deve continuar com o trabalho iniciado em 2013.