O Brasil está sendo corroído pelo cinismo da maioria dos poderes constituídos, intermitentemente terminais em câmara de gás torturante ao penhor da sua nacionalidade – orgulho que deveria ser de toda a nossa gente letrada e a esquecidamente ignorante e marginalizada da sociedade. Não mais adianta cobrarmos punibilidades às autoridades responsáveis – é fatigante.
Para que rogarmos, como já fizemos em demasia? De nada nos satisfaz insistirmos para que a justiça nos proteja. Apelarmos para todos os santos, nem pensar. O que nos vale divagar pelas chamas ainda acesas de exemplos da história tirânica de príncipes que usurparam a dignidade e os bens de seus súditos, transcendendo séculos, beneficiando seus descendentes? Por isso, meus caros leitores, jovens pais e mães de um futuro bem próximo: tratem de repensar os valores da educação doméstica que terão de legar aos seus filhos.
Ensine-os o que é liberdade sem libertinagem; a aprender o que é amar a terra onde nasceram e exigir respeito pela sua soberania. Faça-os voltar a amar o prazer de ler. Encaminhem-nos no sentido da verdade, para que não descubram na mentira o prólogo manifestante da hipocrisia, da improbidade. Não os deixem entender que ser inteligente é levar vantagem em tudo.
Registrem, mas bem claro mesmo, que furtar e roubar são crimes iguais e tão graves quanto a omissão e a injúria. E, antes que seja muito tarde, indique aos queridos pimpolhos onde ficam o lixeiro e o lavatório, o guardanapo e o papel higiênico; a escola mais próxima, a igreja mais condizente com a crença no Ser supremo; e que só se educa pelo exemplo, de forma carinhosa e firme pelo norteamento da instituição familiar.
Sintam-se, pois, governantes, e mostrem como devem ser os governados, afastando-lhes a ideia de que estão sob a égide de um poder principesco, moldando-lhes a conduta. Vamos todos lembrar o sentimento de educação que hoje cerca esses nossos senhores políticos com mandatos populares que brilham pelo choro e pela cara lisa.
Segundo Cícero, Dâmocles estava se imaginando o mais afortunado dos homens quando, em meio ao festim, percebeu, por sobre a cabeça, uma espada nua que Dionísio fizera pendurar ao teto, sustentada por uma simples crina de cavalo. Que todos os moços deste querido Brasil não permitam, tal Hemingway, que o nosso torrão seja arrastado para o mar como se fosse um promontório – um solar tão íngreme que não mais possamos alcançar com nossos próprios passos. E, “…se alguém perguntar por quem os sinos dobram?” -, que eles não dobrem por nós.