Então é Natal

Domingo é Natal, e sempre que a data máxima da cristandade de aproxima, sou naturalmente levado a pensar nos mistérios da vida e especialmente no que significou para a humanidade o nascimento de Jesus, o sentimento de sua existência, de seus padecimentos e da brutalidade de sua morte. É quando chego mesmo ao extremo de indagar se o cruel sacrifício a que Deus submeteu seu Filho, ao enviá-lo à terra na tentativa de salvar os homens – esses ingratos -, teria valido a pena. Como vêem, o Natal para mim não representa apenas tempo para montar árvores coloridas e fazer troca de presentes. Ao contrário, é época de recolhimento, de reflexões, de pensar nas profundezas do significado e dos mistérios da data. 

Foto: Reprodução/Shutterstock 
Está no Velho Testamento que no princípio era o caos, que Deus criou a terra e os céus. E, não contente com obras tão grandiosas, criou o primeiro homem, ao qual, vendo-o tristemente solitário, brindou com a companhia de uma mulher. E deu no que deu. O casal tanto se multiplicou que o cenário terreno se transformou neste imenso complexo do qual temporariamente fazemos parte, ora rindo, ora chorando. Ao menos para mim, um diplomado em ignorância sobre esses assuntos, o que ainda não ficou bem claro foi a intenção com que a Divindade realizou tamanho feito. 

Por vezes me questiono se essa obra corresponderia a uma necessidade diamantes encimando a copa das árvores. Tomado pela beleza daquilo, decidiu arrancar um divina. Estaria ela se sentido enfadada, atormentada pela solidão? A criação dos homens teria como justificativa a falta de servos para que a amassem e servissem – como reza meu velho catecismo? Onisciente e onipresente como era (e certamente assim continuará sendo “per omnia saecula saeculorum”), não era igualmente auto-suficiente? Claro que sim, não é mesmo? Quanto à decisão de conceder às suas criaturas a faculdade do livre arbítrio como entendê-la? Porventura seu provável mau uso não figurou nas cogitações do onisciente Criador? Nesta altura deste mal lançado texto é muito provável, para não dizer certo, que o leitor deve estar se perguntando sobre os motivos que me levaram a esses questionamentos iniciais. 

Minha explicação é singela: como frisei no inicio é o efeito natalino. Vou aproveitar o momento e explicar a quem dos meus leitores não sabe, como nasceu a arvore de Natal. Certa vez, numa daqueles noites geladas da Alemanha, nas proximidades do Natal, ao retornar para casa o monge Martim Lutero, encantou-se com a paisagem. Para Lutero, o cristianismo fora uma notável revolução dos cordeiros, da gente humilde da antiguidade que se insurgira contra as injustiças do mundo pagão. Olhando para o céu através de uns pinheiros que cercavam a trilha, viu-o intensamente estrelado parecendo-lhe um colar de diamantes encimando a copa das árvores. 

Tomado pela beleza daquilo, decidiu arrancar um galho para levar para casa. Lá chegando, entusiasmado, colocou o pequeno pinheiro num vaso com terra e, chamando a esposa e os filhos, decorou-o com pequenas velas acesas afincadas nas pontas dos ramos. Arrumou em seguida uns papeluchos coloridos para enfeitá-lo mais um tanto. Pronto, era aquilo que ele vira lá fora. Afastando-se, todos ficaram pasmos ao verem aquela árvore iluminada a quem parecia terem dado vida. Nascia assim a árvore de Natal. Feliz Natal a todos.
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