Quando a imparcialidade gera a liderança

Muitos profissionais se perguntam qual a fórmula para chegar a um cargo de liderança. Existe? Creio que não. A liderança é uma ferramenta organizacional que tem de ser exercida de forma plena, não calculada, mecanizada, padronizada. Para ela ser exercida e reconhecida, muitos fatores são necessários. Entre eles, a imparcialidade, que é um dos pontos mais críticos no dia-a-dia organizacional.

Vivemos em um século que a falta da Inteligência Emocional tem sido um ponto caótico no mundo empresarial. Isso é o que diz os maiores CEOs e Presidentes de grandes empresas da América Latina. Fofocas, boatos, disse-me-disse, panelinhas, reações inadequadas e decisões tomadas de forma equivocada têm sido alguns resultados disso. Diante disso, o chefe usa a força e beneficia os seus amigos. O líder, não. Ele tem o perfil diferente, é imparcial, analisa a situação como ela é, sem cunho emocional. Assim, aplica a intervenção necessária e correta em cada situação. Esse perfil de profissional é o mais procurado, desejado e caçado pelas empresas. Quando alguém do alto escalão acha alguém assim é como achar um pote de ouro. Líderes com esse tipo de comportamento não dão prejuízo para as empresas, pois tomam as decisões de forma técnica, para resolver.
 

Foto: Shutterstock
É claro que no meio disso se ganha inimigos. No entanto, profissional que quer chegar ao topo sem ganhá-los, deve desistir já. Esse é um processo natural de quando se ascende em um objetivo, seja pessoal ou profissional. Gente ruim, para puxar para baixo, ser pessimista e para olhar torto, sempre vai existir. Portanto, também temos que exercer a liderança nesses momentos.

Uma liderança sólida exerce alguns pilares: análise real, análise situacional e análise contextualizada. Abaixo, detalho sobre cada uma delas:

– Análise Real: quando se analisa a situação na sua essência. Exemplo: Fulano(a) é meu(minha) liderado(a) e tem um sério problema de ser impulsivo(a) em tomadas de decisões. Essa é a sua essência, a sua natureza. Logo, não há um motivo circunstancial que o(a) leve à impulsividade. Com isso, eu preciso geri-lo com esse conhecimento de fato que tenho. É necessário haver a consciência que a decisão tomada com base no impulso não foi feita de propósito ou por maldade. Por mais que o erro cometido acenda a nossa ira pessoal, se eu tratar a questão dessa forma, não estarei sendo líder, e sim chefe. Ser imparcial: o desafio.

– Análise Situacional: quando se analisa a situação com base em circunstâncias. Exemplo: Fulano(a) teve uma reação negativa inesperada quando foi apelidado pelos colegas. Como líder, o que vou fazer? Demiti-lo(a)? Claro que não. Preciso analisar se aquela reação foi da sua natureza ou uma autodefesa de momento. Pode ser que essa pessoa tenha sofrido muito preconceito na infância. Logo, a sua reação negativa foi pontual e nunca será exercida em todos os momentos. Sabendo disso, como líder devo orientá-lo(a) a se conhecer e entender o motivo de reagir de forma negativa em situações como a que mencionamos nesse parágrafo. Ser imparcial: o desafio.

– Análise Contextualizada: quando se analisa a necessidade de atitudes específicas para situações específicas. Exemplo: Fulano(a), que é tão calmo(a), mudou nos últimos dias e está mais rígido(a) e sem paciência. Nessa situação, é necessário analisar se essa mudança de comportamento não é o necessário para o momento. Na rotina empresarial, tem situações que requerem arrocho, senão continuam sem resultados positivos. Assim, essa reação não pode ser considerada como natureza de quem a exerce, e sim como uma necessidade contextualizada. Ser imparcial: o desafio.

Outro ponto que chama muito a atenção no quesito comportamento humano é a maturidade de interpretação. Há alguns anos atrás, um cliente me avistou no salão da sua empresa e disse “Ei, bicho feio, sobe aqui”. Quem estava ao meu lado disse que aquilo era um absurdo, um abuso e que eu não deveria aceitar situações como essa. Ora, você imagina se eu fosse reagir a tudo que me falam com base em minha interpretação pessoal? Para muitos, dizer “Ei, bicho feio, sobe aqui” pode ser sinônimo de uma ofensa terrível. No entanto, para o cliente que me chamou assim, pode ser uma forma de carinho. Pode ser a sua natureza, a sua forma de falar transmitindo intimidade.

O grande desafio no quesito Imparcialidade que gera a Liderança é conseguirmos ter a maturidade de interpretação, o equilíbrio nas análises de cenários, a ponderação e as decisões tomadas com base nesses fatores. É um exercício diário, a cada segundo, a cada minuto, a cada hora surge uma situação nova.

*Flávio Guimarães é diretor da Guimarães Consultoria, Administrador de Empresas, Especializado em Negócios, Comportamento e Recursos Humanos, Articulista dos Jornais Bom Dia Amazônia e Jornal do Amazonas 1ª Edição, CBN Amazonas, CBN Rondônia e Portal Amazônia.
 

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