O que é melhor: ser empregado ou empregador?

Vivemos em um ambiente construído onde sempre buscamos saber o que é melhor, o que é pior, o que é mais recomendável e o que nos trará mais benefícios diretos e indiretos. Desmistificando um pouco desses conceitos, podemos considerá-los como relativos, sempre. Ser empregado não é melhor do que ser empregador. E vice versa. Tudo vai depender do meu perfil próprio como profissional. Diante disso, conseguirei balizar minhas ações e ver onde darei mais certo. Empreender não é somente ter uma empresa, mas sim também alçar voo numa função convencional em uma empresa. Vamos entender um pouco mais sobre isso.

O perfil de cada pessoa define aonde ela vai se encaixar melhor. Umas têm o direcionamento mais aguçado para seguir uma carreira em uma empresa, outras têm para seguir com um negócio próprio. Nos dois objetivos temos um jogo de xadrez que temos que lidar no dia-a-dia:

– Relacionamento: fator muito complexo que precisamos saber conviver, independente de onde estivermos. A sua subida sempre vai gerar algum tipo de desconforto em alguém. É a chamada oposição. E ela é muito importante, pois serve como termômetro para sabermos se estamos no caminho certo. Se você está dando muitos frutos, muitos vão tentar jogar pedras para ver se eles caem. Se não está dando, ninguém vai mexer com você. Esse é o primeiro passo que temos como desafio para a consciência do que podemos atravessar em um momento de ascendência. Saber lidar com a oposição é um fator crucial. Aos ataques ferozes, diplomacia e muito argumento. Esses dois pontos destroem qualquer tentativa de desconstrução. Se desesperar com os opositores afetará o seu sucesso, o seu raciocínio e a forma de continuar subindo. Então, exercício na diplomacia e argumentações é o primeiro ponto.

– Desafio de dedicação de corpo e alma: um(a) empreendedor(a), em sua carreira ou voo com um negócio próprio, precisa saber que haverá dias que precisará trabalhar até meia-noite, ou até mesmo de madrugada. Enquanto uns dormem, você executa ações e resultados. Um comerciante de entretenimento, por exemplo, tem o lema de que enquanto a maioria se diverte, o seu trabalho será promover essa diversão para todos. Logo, o seu descanso sempre será em um tempo diferente. Um profissional executivo de uma empresa, por exemplo, terá de fazer análises de dados e informações gerenciais num momento tranquilo, que quase sempre, pode ser fora do ambiente de trabalho e horário convencional. Da mesma forma, em cargos mais operacionais.

– As cobranças de muitos clientes/chefes: quando se pensa em um negócio se idealiza que você será o(a) seu(sua) próprio(a) chefe. Nem sempre. Muitas vezes, no ambiente organizacional de emprego se tem um ou dois chefes. Com um negócio próprio, você poderá ter 10, 20, 30, não com a nomenclatura de chefe, mas de cliente. Logo, as cobranças podem aumentar significativamente. Ou não. Saber lidar com isso requer muita tolerância, paciência e discernimento.

– Entendimento do que vem, não o que vai: tenho um cliente que usa algumas expressões comigo como “Fala, bicho feio”, “Fala, bicho chato”, e etc. Para mim, expressões assim são, de certa forma, pejorativas. Maaaaas…. eu preciso avaliar um ponto crucial: será que essa forma de tratamento não pode ser um jeito carinhoso comigo? Tem pessoas que são assim na sua natureza. Se eu fosse interpretar do jeito que eu acho que é, muito certamente já teria perdido o cliente, pois ia responder da mesma forma, me sentindo agredido, invadido e diminuído. Mas não. Eu preciso entender a mensagem como ela vem, não como ela está em mim. Se vem de lá de uma pessoa que trata os outros assim como uma forma de carinho, eu preciso interpretar da forma dele, não da minha. A falta desse entendimento gera muitos conflitos organizacionais que, normalmente, resultam em perdas de clientes ou demissões.

Além dos pontos acima, empreender na carreira ou num negócio próprio também requer alguns esforços ímpares. Um deles é ter a iniciativa de sair da média, do básico, do simples. É ir além do convencional. Recentemente, fiz uma publicação em meu LinkedIn que abordou um ponto específico sobre entrevistas. Falei que quando um(a) profissional diz que quer aquele emprego para pagar um curso de faculdade corre um sério de desclassificação. E lhe digo o motivo. Por um lado, se analisarmos com um cunho pessoal, dar essa resposta pode ser bom, afinal mostra o interesse do(a) profissional na questão de evoluir, de fazer um superior ou algum curso específico. Porém, se analisarmos imparcialmente com o olhar clínico de mercado, a interpretação obtida pode ser algo no sentido de “Mas ele(a) quer a vaga apenas para fazer um curso?”. Fica superficial, raso, simples. A ideia é que qualquer profissional queira uma vaga para crescer, para fazer resultados, para resolver gargalos, para evoluir nos problemas internos que a empresa tem e fazer além da média. Isso sim, mostra “sangue nos olhos”, intensidade de quem tem perfil que vai e faz acontecer. Grandes gestores buscam profissionais assim, quentes e que dão “choque” quando falam. Grandes gestores buscam que ao invés de uma resposta que a vaga é para custear um curso, vai ser que é para o curso, para o desenvolvimento, para a multiplicação de resultados e sucessos da empresa e seus projetos. Isso mostra Vida, planos intensos de futuro, iniciativa, força, garra.

Falando sobre o empreender num negócio próprio, precisamos considerar alguns pontos importantes:

– saber que agora você é o(a) pagador(a) de impostos: quando se trabalha em uma empresa, a preocupação principal é exercer a sua atividade de forma plena e atingir os resultados estabelecidos pela gestão. De uma forma ou outra, o seu salário precisará ser depositado no final do mês. Quando se tem o objetivo de um negócio próprio, os papéis se invertem: agora nós seremos os pagadores de impostos, direitos trabalhistas e assim por diante. Logo, a nossa linha de corte em relação à busca por faturamento precisa ser maior, afinal, temos os impostos, os direitos, a nossa reserva de segurança (capital de giro), mais o nosso percentual de lucro, que será a nossa sobrevivência financeira. Quem não tiver “saco” para tudo isso, nem deve iniciar um negócio. Assim como existe o risco de esses fatores afundarem o empreendimento, existe a possibilidade de ganhar muito dinheiro.

– precisarei trabalhar aos finais de semana, feriados, e em alguns casos, ter um pouco menos de tempo com a família: isso também ocorre quando se ocupa uma função em uma empresa. Mas se tratando de um negócio próprio em fase inicial, a proporção é maior. Normalmente, em uma pequena empresa inicial o empresário(a) não tem ainda fôlego financeiro para contratar pessoas para lhe darem suportes. Logo, terá as atividades comerciais, administrativas, financeiras, compras, análises de riscos, pesquisas de mercado para a identificação de clientes em potencial, gestão de conflitos, excelência no atendimento, qualidade no serviço ou produto, e assim por diante. Sendo assim, a pessoa precisa se transformar em várias ao mesmo tempo. É aquele ditado mesmo: bater o escanteio, cabecear, pegar o rebote, cabecear novamente, pegar de novo o rebote, e assim, fazer o gol.

Há um engano quando pensamos que instabilidade ocorre apenas com pessoas que iniciam e tocam seus negócios. O mundo organizacional, quando se ocupa uma função, também é assim. Hoje você trabalha, mas amanhã não sabe se poderá ser dispensado(a) sem qualquer motivo aparente. Num negócio próprio, hoje você atende um cliente, amanhã pode vir alguém e levar ele.

Nada é melhor do que o outro. Basta saber se estamos disponíveis para enfrentar os desafios e obstáculos, de acordo com a realidade que escolhemos.

O objetivo desse artigo é instigar mesmo, provocar a reflexão de uma forma mais abrangente. E então, você quer empreender na sua carreira ou ter um negócio próprio?

*Flávio Guimarães é diretor da Guimarães Consultoria, Administrador de Empresas, Especializado em Negócios, Comportamento e Recursos Humanos, Articulista dos Jornais Bom Dia Amazônia e Jornal do Amazonas 1ª Edição, CBN Amazonas, CBN Rondônia e Portal Amazônia.

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