A sensação de não ser visto(a) por quem recebe os nossos currículos é terrível. Com isso, muitos profissionais começam a se questionar com perguntas como “Será que eu sou tão ruim assim?”, ou “Será que meu currículo não é bom?”, ou “Por que nunca me chamam?”, “Qual o meu problema?”, e tantas outras. Por mais que fiquemos impressionados, a falta de chamados pode ser por um motivo que nem imaginamos. Hoje vamos falar sobre isso.
O segredo de ser convocado(a) para entrevistas após envios de currículos está em ações sintonizadas e separadas por etapas. Apenas o envio para um e-mail ou um endereço nem sempre é o suficiente. Abaixo falarei sobre alguns pontos que ocorrem no dia-a-dia e deixam muitos bons profissionais fora de processos seletivos:
Abordagens clichês que a maioria já faz
Normalmente presenciamos muitos profissionais que pensam que apenas enviar currículos é o suficiente. Dessa forma, não investem em boas abordagens assertivas, que chamem a atenção e despertem o interesse do(a) recrutador(a) para abrir o currículo. É isso mesmo. Não basta somente termos um excelente currículo. Precisamos despertar a vontade daquela pessoa em abrir o arquivo. Caso contrário, ele(a) nunca verá as nossas informações e apresentação.
Abaixo colocarei algumas abordagens clichês, feitas por muitas pessoas e que devemos banir do nosso método de buscas por recolocação:
Exemplo 1:
“Bom dia(tarde ou noite),
Envio meu currículo em anexo”
Exemplo 2:
“Olá,
Envio meu currículo para a vaga”
Exemplo 3:
“Segue meu currículo em anexo
Tenho iniciativa e vontade de trabalhar”
Exemplo 4:
“Quero participar do processo seletivo”
Esses são alguns exemplos vistos durante o dia-a-dia de recrutamento e seleção em empresas. Além de ficar uma leitura vazia, não desperta, não anima, não chama a atenção e não cria o desejo de chamamento.
Para sairmos das abordagens clichês, precisamos imaginar que existe uma pessoa do outro lado e que estratégias de impacto convencem pessoas. Além disso, a indução para o chamamento também é necessário:
“Gostaria de ter a oportunidade de participar do processo seletivo, para assim, vocês conseguirem me avaliar”.
“Tenho convicção que a minha cultura profissional está alinhada com a cultura da empresa. Dessa forma, tenho muito a contribuir”.
“O que acham de me darem uma oportunidade para me conhecerem?”.
“Chequei os requisitos anunciados e constatei que atendo ao perfil que buscam. Sinto que podemos iniciar uma excelente parceria”.
Essas são algumas frases de indução. Estamos estimulando a pessoa a nos chamar. Usá-las pode nos gerar resultados fantásticos.
Apenas envios e ficar esperando
O esperar nunca é bom em nenhum aspecto da vida, seja profissional ou pessoal. O pulo-do-gato é fazer acontecer na prática. Se enviarmos ou deixarmos currículos e não tivermos retornos, que procuremos o nome do profissional responsável, ou que façamos uma abordagem individual a ele(a), ou que procuremos alguém que conheça algum responsável da empresa, ou procurarmos um fornecedor da empresa que conheçam alguém, enfim. O que realmente não podemos é ficarmos parados. Se ficarmos, alguém vai se movimentar e pode ficar com a nossa vaga.
Perfil fora dos requisitos da vaga
Esse também é um fator que ocorre em muitos momentos. A cada 10 profissionais que não recebem retornos de empresas após os envios de currículos, 04 estão fora do perfil real da vaga anunciada. Em alguns casos, o profissional tem quase todos os pontos, menos um ou dois. Mesmo que ele(a) ache que a empresa pode chamar tendo 80% do perfil de vaga, essa é uma possibilidade remota diante de um cenário como esse, principalmente se for um conhecimento ou fator muito específico que a empresa precisa no(a) profissional.
Por isso, é importante que chequemos todos os requisitos anunciados antes de enviar. Caso contrário, vamos fazer os envios e sentiremos a frustração de não sermos chamados.
Currículo sem descrições exatas
As descrições exatas são fatores que mostram tudo sobre o(a) profissional que está sob análise. Os detalhes que precisam estar nelas para que possamos facilitar o processo de entendimento do(a) recrutador(a). Vamos imaginar a situação abaixo em um currículo:
Exemplo 1:
Empresa X
Cargo: Assistente de Operações
Tempo: 2017 a 2019
Exemplo 2:
Empresa X
Cargo: Assistente de Operações
Tempo: 2017 a 2019
– Suporte em controle de entradas e saídas de estoque: recebimentos, armazenagens e expedições.
– Contatos com clientes
– Monitoramento de avarias em recebimentos
– Soluções de problemas
– Elaboração de planilhas e relatórios
Para você, qual profissional ficou de analisar e entender as reais atividades? O Exemplo 1 ou o Exemplo 2?
No Exemplo 1, temos uma situação crítica: não dá para entender em qual tipo de operação essa pessoa trabalha. Será que é operação logística? Será que é operação de obras? Será que é operação industrial de máquinas? Será que é operação de campo? Será que é operação de manutenções elétricas e mecânicas? Nada fica claro.
No Exemplo 2, conseguimos entender exatamente que esse profissional é da área logística. Isso dá uma visão geral do que o(a) profissional sabe fazer.
E agora? Vamos para a prática?
Flávio Guimarães é diretor da Guimarães Consultoria, Administrador de Empresas, Especializado em Negócios, Comportamento e Recursos Humanos, Articulista de Carreira, Emprego e Oportunidade dos Jornais Bom Dia Amazônia e Jornal do Amazonas 1ª Edição, CBN Amazônia, Portal Amazônia e Consultor em Avaliação/Reelaboração Curricular.