Diga não ao objetivo, pretensão salarial e foto no currículo

Em outra oportunidade abordamos alguns mitos que existem em processos seletivos. São tantas teorias que vemos e ouvimos, um falando que é de um jeito, o outro escrevendo que é de outro, o outro comentando que é de outro e assim vai, que no final o(a) profissional que quer se preparar para uma recolocação fica perdido(a), sem saber o que e como fazer. Por isso, hoje o nosso assunto também vai desconstruir alguns mitos, porém, focamos na elaboração de currículo: objetivo, pretensão salarial e foto.

Os três pontos que citei acima são desnecessários na maioria dos casos, tendo algumas observações sobre cada um. Abaixo vamos falar mais detalhadamente sobre isso, listando alguns riscos que eles podem nos oferecer no processo de leitura e interpretação do(a) profissional de RH.

NÃO AO “OBJETIVO”

Ele é necessário apenas se for para envios aleatórios para empresas. Normalmente, esses envios têm poucos resultados efetivos, afinal são centenas e mais centenas de currículos recebidos todos os dias. Assim, você pode ficar no meio de um monte de pessoas, o que não vai criar destaque no seu e-mail e apresentação. Pode funcionar sim, no entanto, o que recomendo é que você use toda a sua energia fazendo o tratamento de contatos. É melhor você usar a usa semana inteira trabalhando e se articulando para uma ou duas vagas que você sabe que existe, do que uma semana inteira disparando vários tiros ao mesmo tempo e em várias direções diferentes. Dificilmente funciona. Abaixo falarei mais sobre isso.

Ainda no assunto da não necessidade do “Objetivo” no currículo, também temos um risco iminente se colocarmos esse item em nosso currículo. Vamos imaginar que o recrutador Joãozinho recebe o seu currículo para uma vaga de Analista Administrativo Comercial. No Objetivo você coloca exatamente o cargo “Analista Administrativo Comercial”. O Joãozinho, por sua vez, recebeu outro currículo que tem um perfil mais adequado para o tipo de profissional que busca, porém, ele também gostou do seu currículo e pensou “Puxa, poderia chama-lo(a) para a vaga de Analista de Compras que também está em aberto. Mas se ele(a) colocou no objetivo que quer Administrativo Comercial, acredito que não vai querer ir para Compras. Pode até querer ir, mas será que vai se adaptar se não é uma área de objetivo?”. Com isso, a tendência de sermos desclassificados é enorme. Pode ser que o profissional de RH ainda faça um contato para fazer a proposta, mas não é o que ocorre na maioria dos casos. Dessa forma, consideramos que o Objetivo é desnecessário, a não ser que seja para envios aleatórios, conforme falamos mais acima.

A melhor forma de buscas por vagas é quando o(a) profissional vai ao mercado já sabendo para qual vaga vai concorrer. Assim, tem a oportunidade de fazer abordagens aos profissionais que realmente selecionam, seja em contatos via redes sociais, telefônicos, presenciais ou afins. Apenas enviar nem sempre gera o resultado que esperamos. Sim, é um trabalho de pesquisa e descoberta. Essa é a forma mais certa de saber que o seu currículo realmente vai chegar nas mãos de quem deve. Quando a busca é feita dessa forma, o(a) recrutador(a) que receber o seu currículo já saberá para qual vaga você estará concorrendo. Ao invés de usarmos uma linha inteira indicando como objetivo a vaga que o(a) recrutador(a) já sabe, podemos usá-la para destacar algum aspecto comportamental que temos e que pode ser interessante para a função.

NÃO À “PRETENSÃO SALARIAL”

A única necessidade de inserirmos a pretensão salarial num currículo é quando a empresa solicita em anúncio ou de qualquer outa forma. Nesse caso, de acordo com a realidade do momento, o ideal é que coloquemos de 20 a 30% de acordo com a Tabela Nacional de Pesquisa Salarial. Caso contrário, a minha recomendação é que não tenha essa informação e vou lhe explicar o motivo:

Vamos imaginar que o profissional André coloca no currículo a pretensão salarial de R$ 1.500 a R$ 1.800. A recrutadora Maria, que tem uma vaga de Auxiliar Administrativo, recebe o currículo do André em seu e-mail. A vaga que ela tem oferece um salário de R$ 1.300 + benefícios. A Maria vê que a pretensão mínima do André é R$ 1.500. Com isso, a tendência é que pense “Puxa, eu tenho uma vaga de 1.300, mas ele quer no mínimo 1.500. Acho que não aceitaria. Será que ligo para perguntar?”. Com isso, a maior probabilidade é que a Maria deixe o currículo do André de lado (para ver depois), o que pode acabar esquecendo pela correria do dia, sendo que nessa faixa salarial ele até poderia aceitar, no entanto, os dois dificilmente terão contato justamente porque ele já deu o veredicto da sua pretensão mínima. O resultado final disso é que o André vai continuar sem trabalhar e a Maria poderá perder um possível grande talento para a vaga (que seria o André).

Esse é um dos exemplos de casos que acontecem todos os dias. Poderíamos citar vários, porém, essa é a prova mais real de que a pretensão salarial não é necessária como um fator mandatório ou comum de todos os currículos, principal nos tempos que estamos vivendo hoje. Ao invés disso, também podemos usar a linha para descrevermos alguma habilidade ou conhecimento.

NÃO À FOTO

Outro assunto muito discutido entre profissionais é se o currículo deve ou não ter foto. Mais uma vez, a minha recomendação é que tenha apenas se a empresa solicitar no anúncio da vaga, o que, na realidade, nem deveria existir. Caso contrário, não há necessidade de tê-la, afinal a essência principal de uma contratação é experiências, conhecimentos e habilidades. A foto nos remete a uma ideia de preconceito. Por qual motivo exatamente uma empresa pediria uma foto? Para ver se a pessoa é bonita? Então se não for, poderá ser desclassificada? Esse conceito é esquisito. Porém, precisamos trabalhar com a realidade, e muitas empresas ainda pedem.

Mesmo assim, se você quiser de qualquer forma colocar uma foto, recomendo que analise o nível da vaga e o nível visual da imagem que vai inserir. Por exemplo: uma vaga operacional de Auxiliar de Produção não combina uma imagem de uma pessoa de terno e gravata ou roupa social. O ideal é que seja uma vestimenta mais despojada. Ao contrário disso, se for uma vaga mais executiva, o ideal é que tenha imagem mais formal, com uma roupa social, adequada à função. Essa estratégia de imagem X função é uma adequação mental que podemos trabalhar para quem vai visualizar a nossa foto.

E então? Desconstruímos mais esses mitos?

Flávio Guimarães é diretor da Guimarães Consultoria, Administrador de Empresas, Especializado em Negócios, Comportamento e Recursos Humanos, Articulista dos Jornais Bom Dia Amazônia e Jornal do Amazonas 1ª Edição, CBN Amazônia, Portal Amazônia e Consultor em Avaliação/Reelaboração Curricular.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Xote, carimbó e lundu: ritmos regionais mantém força por meio de instituto no Pará

Iniciativa começou a partir da necessidade de trabalhar com os ritmos populares regionais, como o xote bragantino, retumbão, lundu e outros.

Leia também

Publicidade