Desvendando o mito da quantidade de páginas em currículos

Com certeza você já deve ter ouvido muitos mitos em relação a processos seletivos. Um deles é sobre a quantidade ideal de páginas para currículos. Ouvimos muitos falarem que existe um padrão único para esse assunto. “Não pode ter mais de 2 páginas”, ou “1 página só é melhor”, “3 páginas desclassifica”, “3 páginas não dá para entender bem o currículo”, e tantas outras frases transformaram esse tema em verdadeiros mitos populares. Sim, exatamente isso. Não há uma regra única para todos os tipos de perfis de profissionais. Cada um deve ter uma característica diferente, e lhe digo o motivo.

Profissionais de RH, normalmente incorporam níveis de interpretações, dependendo do tipo de cargo que será selecionado. Se for para uma função operacional, a sua mentalidade estará programada de uma forma. Se for executivo(a), de outra forma. Se for para primeiro emprego, de outra. E assim por diante. Por isso, o principal foco na elaboração curricular é saber como a mente daquele(a) selecionador(a) é programada para cada tipo de situação. Dessa forma, conseguiremos induzi-los a nos selecionarem.

Um processo de visualização por parte de um(a) recrutador(a) requer vários fatores. Entre eles, a musculatura de uma apresentação curricular. Para alguns cargos, ela é necessária. Para outros, a necessidade maior é a objetividade. Além disso, ainda existem as particularidades de algumas áreas de atuação que, de uma forma ou de outra, podem deixar o currículo mais extenso do que “o normal”. Esses tipos de situações são naturais e quem é profissional de RH sabe bem interpretar cada caso.

Para cada modalidade de área ou segmento existe uma característica peculiar. Esse é um dos fatores que define o sucesso de um currículo para a convocação a um processo seletivo. Por isso, abaixo listo algumas observações específicas que nos fazem penetrar na mente de profissionais RH:

– ENGENHARIA CIVIL: essa área, por exemplo, tem uma enorme de ter mais páginas, pois em alguns casos se trabalha por projetos. Assim, são meses em uma empresa, meses em outra, ou anos em uma, anos em outra, não necessariamente sendo por demissões por falta de resultados. Consequentemente, teremos um aumento de quantidade de páginas. Quem seleciona pessoas sabe desse detalhe. Portanto, você que é dessa área, um currículo com 3, 4 ou 5 páginas não gerará a sua desclassificação. Fique tranquilo(a).

– CARGOS OPERACIONAIS: por se tratarem de descrições menores, 1 a 2 páginas fica num tamanho interessante para não tornar a leitura cansativa. Normalmente, funções operacionais possuem atividades pontuais, sem muitos detalhes específicos como cargos de nível estratégico ou executivo. Se um currículo para essas áreas passar de 2 páginas, torna a visualização extensa, fadigante e sem sentido. Se for assim, poderemos ser desclassificados já na triagem de currículos.

– CARGOS DE PRIMEIRO-EMPREGO: normalmente, um currículo de primeiro-emprego não tem muitas informações justamente pela falta de experiência. Dessa forma, o ideal é que seja uma única página, que destaque cursos (se houver), educação, dados pessoais e objetivos futuros. Se houver um currículo com 2 ou 3 páginas, sai do foco real de uma primeira colocação, a não ser que esse preenchimento seja feito com cursos realizados. Em alguns casos, mesmo sem a experiência em si, pode ser que o(a) profissional tenha feito vários cursos. Aí sim, vale a pena estender um pouco mais.

– CARGOS DE ESTÁGIOS: é uma situação bem parecida com os cargos de primeiro-emprego. No entanto, nesse ponto específico de estágios devemos considerar os profissionais que estão migrando de uma área para a outra. Por exemplo: Um(a) analista administrativo que iniciou um curso superior de Medicina Veterinária e, por isso, busca um estágio na área. Em casos assim, o ideal é se tenha, no máximo, 2 páginas. Uma expondo as habilidades possuídas no curso, de acordo com as disciplinas que o(a) profissional mais tem facilidade, e outra fazendo uma breve apresentação das experiências na outra área.

– CARGOS EXECUTIVOS: por ser um perfil mais amplo e mais completo, independente da área de atuação ou segmento, existem muitas descrições para serem expostas. Algumas delas até bem específicas. Dessa forma, um currículo de 3 a 4 páginas fica num tamanho ideal. Quem contrata executivos(as), normalmente são outros executivos(as). Esse público, em termos de comportamento, gostam de ver musculatura curricular, algo que demonstre muita experiência no que se faz. No entanto, se chegar a 5 ou 6 páginas, precisamos repensar em algumas expressões, podendo, inclusive, reduzi-las de duas para uma linha, ou de três para duas linhas, e assim por diante.

– CARGOS PARA DOCÊNCIA/PROFESSORES: é uma das poucas áreas que podemos dizer que a quantidade de páginas pode ser vista como a famosa expressão “O céu é o limite”. Normalmente, a área da docência busca profissionais que sejam muito experientes. Dessa forma, cria-se a necessidade de ter o máximo de detalhes possíveis, incluindo, inclusive, participações em feiras, ministração de palestras, cursos, seminários e tantos outros detalhes. Com isso, a probabilidade é que haja um significativo aumento de quantidade de páginas. Não é a toa que algumas instituições consideram apenas o Currículo Lattes como apresentação profissional. Porém, nessa situação específica precisamos lembrar de profissionais que se candidatam para vagas, por exemplo, de Auxiliares de Professores, ou Auxiliares Pedagógicos, ou afins. Normalmente, são perfis mais simples, considerando a complexidade que é uma vaga para professor titular. Assim, o ideal é que tenha 2 páginas com a maior riqueza de detalhes possíveis.

– CARGOS QUE REQUEREM CURRÍCULOS MODERNOS: isso se refere a profissionais que atuam em áreas de Marketing, Publicidade, Propaganda, Comunicação, Design ou afins. O ideal é que seja apenas 1 página. Normalmente, currículos mais modernos ocupam mais espaço de memória e são mais “pesados”, falando na linguagem da computação. Se um currículo com muitas cores, bolinhas, formatos e outros detalhes tiver 2, 3 ou 4 páginas, ficará quase impossível para o(a) recrutador(a) praticar a rolagem de barra de forma rápida. Com mais páginas, a tendência é que fique um processo de visualização muito lento. Em tempos de correria quase 24 horas por dia, ninguém consegue ter a paciência de esperar um cliente por segundos e mais segundos.

E então? Vamos abandonar os mitos populares?

Flávio Guimarães é diretor da Guimarães Consultoria, Administrador de Empresas, Especializado em Negócios, Comportamento e Recursos Humanos, Articulista dos Jornais Bom Dia Amazônia e Jornal do Amazonas 1ª Edição, CBN Amazônia, Portal Amazônia e Consultor em Avaliação e Reelaboração Curricular.

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