Viúvas se despedem de Mr. Catra com funk e gospel em velório

Foto:Reprodução/iBahia
Com a presença de muitos dos familiares, amigos e admiradores que acumulou em 49 anos de vida, Mr. Catra foi velado na noite desta segunda-feira, no Teatro João Caetano, no Centro. O corpo chegou por volta das 21h20, vindo de van de São Paulo, onde o funkeiro morreu por decorrência de um câncer gástrico.

No início da cerimônia — que terminou com baile funk —, uma roda de oração com cânticos gospel foi formada ao redor do caixão de Catra. Segundo Sheila Silva, primeira mulher do músico, o cantor e compositor “aceitou Jesus no leito da morte”. Outros presentes também pediram a palavra para compartilhar testemunhos.

Sheila estava acompanhada por Augusto César, um dos dois filhos que teve com Catra (ele é pai de 32, de diferentes mulheres).

— Era uma ótima pessoa, uma paizão, ajudava todo mundo. Vocês não têm noção do que ele era. Era um homem que ajudava qualquer pessoa que aparecesse — exaltou Sheila, que passou cerca de 15 anos com Catra, mas teve que “sair da vida dele porque não ia aguentar vê-lo com muitas mulheres”.

Sheila estava acompanhada por Augusto César, um dos dois filhos que teve com Catra (ele é pai de 32, de diferentes mulheres).

— Era uma ótima pessoa, uma paizão, ajudava todo mundo. Vocês não têm noção do que ele era. Era um homem que ajudava qualquer pessoa que aparecesse — exaltou Sheila, que passou cerca de 15 anos com Catra, mas teve que “sair da vida dele porque não ia aguentar vê-lo com muitas mulheres”.

Silvia Regina Alves preferiu não sair. Foi companheira de Catra por 20 anos (metade de seus 40), teve cinco filhos com ele e cuida dos demais como se fossem dela. Ela e os rebentos vieram de São Paulo, de ônibus, acompanhando o caixão, que foi transportado por uma van.

— Imagina você chegar em casa e falar para 28 que o pai não vai estar mais? O Negão nunca teve medo da morte, enfrentava essa doença maldita como um leão, como ele mesmo dizia. Nunca se deixou abater — contou Silvia, que vai assumir a responsabilidade de cuidar da prole. — Ele deixou um pilar aqui, uma rocha. E estou preparada para o que der e vier.

Mais velho dos 32 filhos do músico, Alan Domingues, de 27 anos, estava com o pai no hospital no domingo, pouco antes de sua morte.

— Ele falava que estava tudo bem, que ia sair dessa, sentia falta de estar em casa, com os filhos, de fazer shows… Estamos sem chão, mas fica o carinho, o amor, o respeito e aprendizados. Ele era um super paizão — reforçou.

O rapper Marcelo D2 contou que conheceu Catra em 1991. Os dois nasceram na mesma data (5 de novembro) e comemoraram mais de dez aniversários juntos. D2 falou com o amigo na última sexta-feira, através de uma ligação por vídeo direto do Hospital do Coração, onde o funkeiro estava internado.

— Ele já estava fraco, a família sofrendo, talvez tenha sido melhor descansar. Catra foi um cara super do bem, resolvido com as coisas dele. Cresceu no meio do funk, era respeitado pelo rap, pelo samba, por todo mundo. Uma fonte de luz gigante — lembrou D2, emocionado.

Mãe e filho, Verônica e Jonathan Costa também marcaram presença na despedida. A vereadora foi às lágrimas diversas vezes ao lembrar do amigo.

— O funk hoje está chorando. Lembro do Catra na Via Show, nos bailes, cantando, sempre engraçado. Ele venceu barreiras, era um representante da esperança — exaltou a Mãe Loira do Funk.

Também funkeiro, Jonathan conhece Catra desde pequeno. Ele fez questão de reforçar a importância do carioca para além do gênero que o consagrou:

— Catra não foi só importante para o funk, foi para a música. O primeiro funkeiro que rodou todos os ritmos musicais, respeitado da MPB ao rock. Nunca deixou de ser quem ele é. Catra é único e vai continuar sendo único mesmo depois da morte, porque ele se eternizou com suas palavras, seus feitos e sua música.

Perto da meia-noite de terça-feira, os presentes que ainda permaneciam no João Caetano se direcionaram para o Largo São Francisco de Paula, vizinho ao teatro, onde foi organizado um baile funk com os clássicos de Catra. Batizada de “Baile do Negão”, a festa teve estrutura de som montada pela equipe que trabalhava com o funkeiro e cerveja.

Um dos presentes ao baile era o DJ e produtor Dennis, parceiro de Catra em diversos hits, incluindo “Adultério” e “Soltinha”. Para ele, um velório que termina ao som de tamborzão era exatamente o que o amigo iria querer se pudesse escolher:

— Isso é o que ele mais amava fazer. Meu sentimento é de gratidão. No funk, vai ser difícil ter um cara como ele. Teve uma chavinha que foi virada: antes e depois do Catra. 

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