Tenho um pouco de ódio’, diz Mariana Xavier sobre ser chamada de Marcelina

Foto:Reprodução/iBahia

Mariana Xavier diz que Marcelina, a filha de Dona Hermínia, personagem de Paulo Gustavo em “Minha Mãe É Uma Peça“, marcou sua vida e é seu “carma eterno”. Até hoje ela é chamada pelo nome da personagem nas ruas e conta que, dependendo da situação, fica irritada.

“Às vezes eu tenho um pouco de ódio, falo ‘não veio’. Se estou só tentando ter minha vidinha normal, no mercado, na fila do banco e alguém berra uma frase do filme, me sinto nua. É desesperador porque se eu tiver num lugar cheio, por exemplo, um negócio que ia demorar 10 minutos para fazer, levo 30, porque junta um monte de gente”, contou ela no “Prêmio de Humor”, nesta terça (13), no Jockey Clube da Gávea, zona sul do Rio.

A atriz diz que aprendeu a dar o troco quando é pega de surpresa em uma situação como essa.

“Falo que têm situações que são de sobrevivência porque ou você fica constrangido ou você constrange o outro. Hoje em dia estou preferindo constranger o outro também. Já dou uma resposta atravessada e pronto”.

Ela ressalta que considera gratificante quando é abordada na rua por fãs que conhecem seu trabalho e seu empoderamento nas redes sociais e critica a tietagem sem motivo. “Outro dia, acho que foi o melhor elogio que ouvi na vida. Uma pessoa chegou pra mim e falou: ‘Deixa eu te dar um abraço?’. Ela falou ‘foi visitando o seu corpo que descobri o meu’. Fiquei com vontade de chorar. Porque isso pra mim vale muito mais do que essa tietagem vazia, da foto que o povo quer ostentar na rede social. Não sabe nem seu nome, não sabe nem se o que você fala presta ou não presta, se o que você faz artisticamente tem relevância ou não. Sou muito contra esse endeusamento das celebridades. Isso é uma coisa que me tira um pouco do sério”, conclui.

Aos 37 anos, a atriz publica fotos em suas redes sociais de biquíni e lingerie e comemora por ser um estímulo para que várias mulheres passem a se aceitar como são. No dia 5 de março, ela postou uma foto de calcinha e sutiã e escreveu. “Aquela dose de ousadia e alegria passando na sua timeline. Muitos perguntarão: ‘Como ela tem coragem?’ Não é coragem, é liberdade. Livrar-se das pressões que nos fazem adoecer física e mentalmente e reconstruir o amor-próprio é uma jornada e tanto…”

A atriz explica que nem sempre teve essa aceitação com seu corpo e já sofreu no passado por causa disso. “Sou vítima dessa pressão estética total. Tem um vídeo no meu canal que o título dele é ‘A história de como tentando ser magra, me tornei gorda’. Me envenenei com remédios para emagrecer. Dos 18 aos 26 anos, eu tomei muito remédio. Sou aquele típico exemplo do efeito sanfona”, contou.

“Sei o que não fazer para emagrecer. Por isso eu falo com tanta propriedade, passei por tudo isso e posso dizer ‘não faça isso com o seu corpo’. Entenda que seu valor vai muito além da sua casca. O que você tem de mais precioso vai continuar com você independentemente de que peso você tem”, completa. Mariana faz questão de frisar que o que importa é que cada um seja feliz e se aceite do jeito que se sinta melhor.

“A minha essência não está no meu corpo. empoderamento é liberdade de escolha, é você poder fazer a escolha que te faz mais feliz. Se amanhã eu entrar numa paranoia e falar ‘não estou mais gostando do que vejo no espelho ou minha saúde pifar e eu quiser virar uma Panicat ou musa fitness, é meu direito. Isso não vai mudar meu valor como ser humano”, opina. A atriz se incomoda quando lê comentários de pessoas pedindo para ela não emagrecer, pois se ficar magra ficará sem graça para fazer humor.

“Isso é um pensamento preconceituoso que as pessoas ficam achando, se você não está num padrão de beleza, tem que ficar indenizando os outros, sendo gente boa, sendo engraçado. ‘Já que você não tem um corpo incrível, você tem que ser engraçado’. Você não tem que nada… Você tem que ser o que te faz feliz, agir de acordo com os seus valores. Essa coisa de quererem enfiar padrão na gente, seja de comportamento ou estético, não está com nada… Nada que chame ditadura pode ser bom.”

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