Tropical: Manaus já teve o hotel mais cobiçado do mundo

 

Concretiza-se a célebre profecia amazonense: Manaus já teve o hotel mais cobiçado por turistas do mundo todo. Fechou as portas, sem nem dizer até logo, mas, para quem conheceu os bons tempos desse templo icônico no meio da floresta amazônica (antes era, sim, agora, um pouco mais urbano, por causa da modernidade), percebia que esse momento foi anunciado há tempos. Há tempos, mesmo. Expectorando com a derrocada da Varig, o Tropical decaia a olhos vistos. Todo mundo via, percebia, mas ninguém acreditava. Aliás, mais um hábito caboclo: é melhor fazer de conta que nada está acontecendo.

 

Foto: Divulgação

Claro, não vou exaltar que lá passei os melhores bailes do Hawaii do mundo, os mais abastecidos cafés da manhã das galáxias, o melhor restaurante com chef de cozinha, serviço à francesa, e o piano sob a batuta de Mozart Tavares. Não vou falar do maravilhoso aviário, com diversas aves amazônicas, em pleno lobby do hotel. Que a primeira piscina de ondas do Brasil, ora, mais não vou falar, mesmo, da feijoada, servida no salão climatizado – imagina isso, nos anos 1980 – contíguo à piscina. Porque falar das lojas chiques de joias com pedras brasileiras, tinha até uma ‘drugstore’. E o zoológico? E o concierge? Elegante. Um lord. Os laguinhos com tartarugas altaneiras que olhavam os turistas de soslaio … está faltando mais coisas que não quero falar, perdoe, leitor assíduo.

 

Porque, querida leitora, eu quero contar do fechamento anunciado. Ou seja, da época que os elevadores não funcionavam mais, os quartos passaram a ter um aroma arraigado de mofo, as toalhas deixaram de ser macias e bem lavadas, o café da manhã de uma pobreza franciscana, os lençóis tão finos e transparentes que o hóspede conseguia ver, através do pano gasto, o rio Negro ou a mata, ou sabe-se lá mais o quê. Passei a perceber uma piscina mal cuidada, a falta de funcionários para atender aos hóspedes, os banheiros coletivos, algumas vezes sem papel, sem água, descarga quebrada.

 

 

Aí, como geralmente fazemos, fazemos (repetição é proposital) ‘vista grossa’. “Vou lá me meter em briga de cachorro grande?” Deu no que deu e todo amazonense lamenta como se uma bruxa, com a sua vara da maldade, decreta: “acaba Tropical Hotel.” Ora, ora. Isso aconteceu com a Santa Casa de Misericórdia, só para lembrar. Portanto, gente, a verdade é que gostamos, mesmo, é de chorar sobre o leite derramado. Há tempos.

 

PS – A Fábrica de Eventos vai, sim, fazer a festa, no dia 9 de junho, com todas as pompas e circunstâncias, na emblemática piscina do Tropical Hotel com todos os geradores necessários para que tudo seja feito maravilhosamente bem, como é de praxe da empresa de entretenimento. Parabéns.

 

Foto: Divulgação

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