Agora, não, foram mais de mil, sei lá, duas mil mensagens escritas. Lindas, emocionantes, mas silenciosas. Quando em vez, uma voz gravada: “Mazé, parabéns, muita paz, saúde, dinheiro, boys, tudo!”. Ou chegaram as mensagens bonitas, que se movimentam, flores que se abrem, borboletas voando, estrelas brilhando, boquinhas jogando beijos, gif mandando apagar a vela. Mas, quase, eu disse quase, todas silenciosas.
Sou de uma época que as pessoas ficavam esperando meia-noite para serem as primeiras a dar parabéns, lembro das alvoradas que faziam para o meu pai, professor Fueth Mourão, as que o Tiba Caminha fazia para a Tatinha, quando ainda namoravam, mas, as mais memoráveis eram as feitas para o doutor Aluísio Brasil. Essas eram chibatas.
Eu, a bem dizer uma menina, com Leila e Marli Brasil, Malu Mourão, ficávamos na cama, a espreita dos primeiros acordes. Eita ferro! Era uma correria, um tal de tirar a camisola, colocar a roupa preparada para aquele momento e ficar ouvindo a cantoria, comer o prato feito: vatapá, arroz, maionese, galinha desfiada e uma empadinha de camarão para dar o toque. Barulho dos bons.
Contudo, constatei que também entrei na ‘vibe’ da mensagem escrita. Quem faz aniversario hoje, opa! Deixa logo passar a mensagem. Ou, no fim do dia, penso: “Puxa, ainda dá tempo de mandar os parabéns para a pessoa”. E quando esquece, mesmo, no dia seguinte, vem o pensamento: “Ah, vou escrever que ainda está valendo”. Ou seja, as redes sociais fizeram com que o ser humano perdesse o brilho no olhar ao dar os parabéns. O toque de mãos desejando saúde, o abraço apertando pedindo que a amizade seja eterna e o ‘triiiimmm’ do telefone. É. Sei que alguma coisa, no meu aniversário, de parabéns silencioso, me incomodou. Vida que segue. Até.