Enquanto espero por cinco horas uma conexão, começo a ter intimidade com essa coisa que se chama aeroporto (adoro tudo que funciona 24 horas, olha aí mais um traço no questionário) e percebo algumas coisas que acontecem comigo, rotineiramente, quando espero o meu voo e que, certamente, estou naqueles quadros estatísticos de satisfação, ou não, que existe em todo aeroporto.
Primeiramente, o número do meu voo nunca está no painel. Never! Sou capaz, como estou agora, de ficar olhando fixamente a televisão de partidas e o dito cujo não aparece. O rapaz chama, mas não adianta, não aparece no painel.
Outra estatística: sou eira e viseira em chegar perto de um viajante e perguntar: “Moço, qual o seu voo?”. Claro que hoje fiz essa pergunta, e a resposta foi curta e grossa: “Por que devo lhe responder isso?”. Pedi desculpas e retornei mais timidamente: “O seu é o 3686?”. A tréplica: “Estou aguardando o 3668. A senhora ainda fala o número errado”. Batata. Na estatística das pessoas que trocam os números.
No banheiro, com certeza, sou campeã. Nunca encontro um boxe desocupado, a fechadura sempre está quebrada e a descarga também. E quem monitora a câmera fala: “Lá vem aquela mulher que não consegue tirar duas, apenas duas, toalhas de papel para enxugar as mãos. Ela sempre que puxa do depósito jorram três, quatro folhas”. Saio voada de lá. Com vergonha do desperdício.
Mas, a minha melhor estatística, da qual devo estar em primeiro lugar, são as compras aleatórias. Vou do imã de geladeira a revista importada, passando pelos travesseiros em formato de U e que me dão uma dor de cabeça sem tamanho, até malas de mão que já não tenho mais onde colocar. As vendedoras me amam!
E essa invenção de não despachar mala? Na ida até me comporto, mas na volta, entro legal para a estatística das pessoas que não sabem de jeito nenhum viajar com uma malinha de mão. Até.