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Terça, 23 Abril 2024

Portal Amazônia responde: qual a importância histórica do Hospital da Candelária?

O Estado de Rondônia ganhou destaque em uma das questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2022. Uma das perguntas foi sobre a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré e o Hospital da Candelária. Mas qual a importância deste local para o crescimento de Rondônia?

O Hospital da Candelária foi uma unidade de saúde criada para atender os trabalhadores que atuaram na construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré. No início, o Hospital possuía seis grandes enfermarias e uma sala cirúrgica. Além disso, a estrutura contava com 250 leitos.

Foi montado entre os municípios de Santo Antônio e Porto Velho e, nesta época, morria-se, principalmente, por disenteria, malária e outras doenças tropicais.

Instalações do Hospital da Candelária no ano de 1909, em Porto Velho. Foto: Dana Merrill/ Acervo Antônio Cândido

O hospital foi comandado primeiramente pelo médico americano H.P. Belt, que retornou para os Estados Unidos em abril de 1908. Outro estadunidense, Carl Lovelace, assumiu a administração. Em 1910, o hospital recebeu a visita de Oswaldo Cruz e Belisário Penna, que lá ficaram por 28 dias.

Oswaldo Cruz descreveu em detalhes sua visita à região no artigo 'Madeira-Mamoré Railway Company'. Ele descreve que o complexo hospitalar possuía 15 edificações básicas, incluindo enfermarias de primeira classe (para doentes de elite) e enfermarias menores, além das residências médicas. As enfermarias tinham capacidade de 28 leitos.

Entre outras coisas, Oswaldo Cruz destacou a capacidade de diagnóstico do hospital:

"Os diagnósticos são sempre secundados pelos recursos de laboratório e, em Candelária, o microscópio tem, nas enfermarias o mesmo curso que a escuta e percussão. Fazem-se exames quase sistemáticos de sangue, urinas e fezes nos entrados, de acordo com as indicações fornecidas pela clínica. Nos casos em que se suspeita a existência de supurações o estudo da forma leucocitária do sangre entra como elemento constante na balança do diagnóstico e nas indicações e na determinação da oportunidade das intervenções cirúrgicas. Na verificação da malária não se limitam ao diagnóstico da entidade mórbida, ao até ao diagnóstico da espécie do parasita. O diagnóstico de tuberculose é sempre verificado ao microscópio".

Por Oswaldo Cruz
Esquema de localização do Hospital e Cemitério da Candelária em 1909. Foto: Mara Centeno/Acervo pessoal

Oswaldo Cruz ainda menciona que a equipe do hospital contava com 8 enfermeiros "diplomados e bem conhecedores de seus misteres", além de um farmacêutico que administrava a farmácia do hospital. As drogas eram provenientes da companhia estadunidense Schieffelin & Co, companhia que na época existia há pelo menos 100 anos.

A crise econômica acarretada pela queda do preço da borracha marcou o fim do primeiro ciclo da borracha em 1912. Com a baixa economia da região, as condições do hospital se deterioraram ao longo dos anos e sua operação se encerrou oficialmente em 12 de agosto de 1930. 

Outro ponto que chamava atenção é a proximidade do hospital com um cemitério, que também levava o nome de Candelária. A distância era de aproximadamente 500 metros.

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