Manaus passou por vários processos de transformações no espaço urbano, um deles foi o aterramento de vários igarapés para a construção das principais avenidas históricas da capital amazonense.
Quando se fala na história de Manaus, logo se pensa no Ciclo da Borracha, na Belle Époque e no período áureo de desenvolvimento econômico e social que a cidade viveu no início do século XX. Porém, antes mesmo da borracha, Manaus passou por grandes transformações que proporcionaram o surgimento do espaço urbano que conhecemos hoje.
Um fato que poucos sabem é que as grandes avenidas de Manaus, como a Av. Eduardo Ribeiro e a Av. Getúlio Vargas já foram igarapés que precisaram ser aterrados e canalizados para modernização da capital. Confira a seguir:
Entre os anos de 1892 e 1900, a cidade de Manaus passou por um processo chamado “fase da instalação” sob o governo de Eduardo Ribeiro com o intuito de transformar a capital em um modelo de referência europeia de arquitetura e urbanismo.
Foi nesse período que ocorreram vários melhoramentos urbanos, construção de monumentos, palácios, pontes e edifícios hoje históricos. Com esse intuito, viu-se a necessidade de aterrar igarapés que passavam pela cidade. Uma das ideias era ter uma avenida principal que se tornasse um cartão postal da cidade na época e que houvesse conexão com outras avenidas.
Um dos igarapés que foi aterrado foi o Igarapé do Espírito Santo, localizado nas margens do Teatro Amazonas e onde hoje está localizada a conhecida Avenida Eduardo Ribeiro.
Apesar do projeto ter sido iniciado no governo de Eduardo Ribeiro, foi no governo de Fileto Pires Ferreira que o então Igarapé Espírito Santo, que era um dos “braços” do Rio Negro, começou a ser efetivado. Além da preocupação com a arquitetura, inspirada no Barão Haussmann (responsável pela reforma urbana de Paris) havia uma preocupação sanitária, pois os igarapés irradiavam muitos mosquitos agentes transmissores de doenças.
Já a atual Avenida Getúlio Vargas, que era chamada na época de rua 13 de Maio, era tomada por um igarapé que se estendia até os arredores da Igreja dos Remédios. O seu aterramento ocorreu em meados da década de 20 e 30.
Como dito anteriormente, um dos objetivos dessa urbanização era se adequar aos moldes modernos de urbanismo que vinham da Europa. No século XX, a capital amazonense vivia um período muito próspero financeiramente e um dos principais motivos foi devido à exportação da borracha.
Mesmo com a modernização, ainda havia uma forte influência indígena e cabocla na região. Não se observava com a intensidade de hoje a circulação de automóveis. Por outro lado, havia a presença de carroças e carruagens. Aos poucos, Manaus se desenvolveu mais e se tornou a metrópole onde hoje habitam mais de 2 milhões e 200 mil pessoas.