Nariz torto, olhos desalinhados, imperfeições na pele. Essas eram algumas das percepções que uma mulher percebia em si ao olhar-se no espelho. Segundo o cirurgião plástico Lucho Montellano, os problemas que a paciente em questão alegava simplesmente não existiam.Para Montellano o corpo dela estava ótimo e não precisava de nenhuma intervenção. Mesmo depois de argumentar, ela continuava com a ideia de que haviam problemas perceptíveis em partes específicas do corpo.
De acordo com o cirurgião, o caso podia ser um transtorno psicológico. Montellano informou ao Portal Amazônia que poucas pessoas sabem, mas existem transtornos que podem afetar a percepção que alguém tem da própria imagem corporal. “Não é incomum encontrar pacientes com esse tipo de problema. Faz parte do trabalho do cirurgião identificar esses casos e indicar para um psicólogo que possa fazer o tratamento adequado”, contou.
Uma publicação feita pela Revista Brasileira de Psiquiatria aponta que entre 1% a 2% da população mundial sofre de um distúrbio chamado dismorfia corporal, caracterizado pela aversão à aparência. As pessoas que sofrem com este distúrbio percebem o próprio corpo de maneira diferente do que realmente é, ou seja, gera uma imagem negativa de si mesmo.
Pesquisas internacionais revelam ainda que a forma como o cérebro dos portadores do distúrbio processa as imagens segue um padrão anormal, principalmente quando eles se deparam com a própria aparência. Dessa maneira é muito comum encontrar pessoas com dismorfia corporal em busca de cirurgias plásticas ou grandes resultados em academias.
A revista da Associação Médica Americana (JAMA, em inglês), publicou um estudo onde explica que transtorno dismórfico corporal é uma condição relativamente comum em cirurgias plásticas faciais, além disso cirurgiões têm uma fraca capacidade de rastreio para pacientes com o transtorno
Montellano informou que uma das formas de assegurar que o paciente não sofra é aplicando o ‘Questionário de Transtorno Dismórfico Corporal’. Dessa forma é possível identificar pequenos sinais da doença. “A cura não será encontrada em cirurgias plásticas. Somente o tratamento adequado pode ajudar o paciente a restabelecer o pleno julgamento das suas condições físicas”, finaliza o cirurgião-médico.
Homens
Em 1993, o cientista Pope Jr. analisou 108 fisiculturistas e descreveu o que foi considerado na época “anorexia reversa”. Mais de 8% dos fisiculturistas analisados se descreviam como muito fracos e pequenos, quando na verdade eram extremamente fortes e musculosos. Foi a primeira pesquisa a analisar um comportamento compulsivo em relação a prática de exercícios e uma percepção corporal anormal em homens.
Atualmente cada vez mais homens procuram cirurgiões plásticos para melhorar a auto-estima. Segundo um levantamento da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), de 2009 a 2015, o número de homens que se submetem a cirurgias estéticas no Brasil aumentou em quatro vezes. Dados da pesquisa mostram que 22,5% de todas as cirurgias plásticas no país são feita em homens.