A banda iniciou sua tradição com a participação de tímidos 150 foliões, mas conquistou público no decorrer dos anos e passou a se tornar popular entre os brincantes de Carnaval.
É fato de que a Região Nordeste brasileira tem influências em vários aspectos na região amazônica, como na cultura, culinária e música. E essa mistura cultural também pode ser percebida nas bandas e blocos do Carnaval em Manaus (AM).
Fundada por pernambucanos residentes na capital amazonense, a Banda Oficial do Galo de Manaus surgiu em 2004 e apresenta elementos do Carnaval nordestino, com influência do famoso Galo da Madrugada de Recife (PE).
O Galo de Manaus iniciou sua tradição pelas ruas de Manaus com a participação de tímidos 150 foliões, mas conquistou público no decorrer dos anos e passou a se tornar popular entre os brincantes de Carnaval.
Em 20 anos de existência, o Galo de Manaus tomou proporções gigantescas e estima-se a participação de mais de 100 mil foliões no bloco, com saída no Sábado de Carnaval, nos moldes do que acontece em Recife, cidade natal do frevo e do Galo da Madrugada.
História
Tudo começou quando dois dos quatro fundadores do Galo de Manaus, Marcos Maximiano e João Cysneiros, desembarcaram na capital amazonense, em 1º abril de 2003, transferidos de Recife para trabalhar em uma empresa do Distrito Industrial.
Em Manaus encontraram mais dois amigos, também de Recife e, frequentemente se encontravam, junto com suas famílias, para confraternizarem, relembrar momentos e falar da saudade que sentiam da capital pernambucana.
Antes do carnaval de 2004, em um desses encontros, os quatro amigos – Marcos Maximiano, João Cysneiros, Silvino e Pedro Coronel – idealizaram o que viria a ser a Banda Oficial do Galo de Manaus. Assim, trouxeram algumas alegorias e, paralelo a isso, abriram um bar com especialidade em frutos do mar, o ‘Arsenal do Mar’.
Já no Carnaval, um dos amigos sugeriu que fizessem uma “passeata” de Carnaval da Praça do Eldorado, no bairro Parque 10 de Novembro, até o bar, que ficava no bairro Dom Pedro.
“A gente alugou baratinho, montamos o barzinho e em janeiro já estava funcionando. Em uma das conversas que tivemos lá propomos um percurso”, comenta Marcos Maximiano. Segundo ele, com a ajuda das famílias e conhecidos foi se desenhando o que seria a primeira edição da banda.
O assunto se espalhou até que uma equipe de reportagem da TV Amazonas, atual Rede Amazônica, divulgasse o evento e, a partir daí, “choveu” de ligações para saber mais sobre o evento, como conta Maximiano.
“No dia anterior, um amigo conhecia um pessoal da TV Amazonas e conseguiu uma entrevista sobre a ornamentação do Galo. Essa entrevista foi ao ar na sexta antes do Carnaval. Tínhamos mandado confeccionar umas 100 camisas pra distribuir pro pessoal de Recife. Fizemos um estandarte do Galo e na entrevista todo mundo se divertiu. Como a gente tinha colocado o telefone para contato, muita gente de Recife que morava aqui começou a ligar querendo saber como ia ser. Esse foi o início do Galo”,
relembrou Maximiano, um dos fundadores da banda.
Crescimento do Galo
Assim foi realizada a primeira edição do Galo de Manaus. De 2004 à 2007, os idealizadores continuaram na organização, contudo, como eram diretores de fábrica no Distrito Industrial e não tinham a expertise com a produção de eventos, contataram o produtor cultural Theo Alves, que começou a organizar o Galo a partir de 2008, quando o evento contava com uma média de dois mil foliões.
Poucos anos depois, em 2011, o Galo já contava com 20 mil pessoas e, em 2012, esse número mais que dobrou, passando de 50 mil foliões. Depois disso, ocorreram algumas mudanças de lugar, para a Avenida do Turismo e, posteriormente para a Avenida das Torres.
Particularidades
Uma característica específica do Galo de Manaus é o uso do ‘frevolê’. Apesar de diferente, o nome remete à algo muito comum na época de Carnaval: o abadá.
O nome da vestimenta tem uma variação regional, frequentemente utilizada para se referir aos bois-bumbás no Amazonas, o tururi.
Outro ponto importante na evolução do Galo é a criação da banda formada por músicos de vários estilos que se reuniram com o
propósito de tocar o frevo pernambucano. Em 2010, o cantor e compositor Nelson Reis assumiu os vocais da banda e, em 2016, a coordenação.
A ‘Frevião’ tem origem na união da palavra FRIVIÃO – que significa pessoa inquieta, agitada – e FREVO, ritmo que não deixa ninguém parado. Atualmente ela é composta por músicos da banda de rock Coverset e o trio de metais Virgulino Lampião.
Na bateria: Jorge Araújo; no baixo, Rock Marques; teclados, Breno Fragata; na guitarra, David Saboia; no trombone, Maestro Dudu; no trompete, Geovany Lírio; no sax, Ryan Paz; e nos vocais, Nelson Reis.
Carnaval Amazônico
O Carnaval Amazônico é um projeto realizado pela Fundação Rede Amazônica, correalizado pelo Grupo Rede Amazônica, com o apoio do Governo do Estado do Amazonas, através da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Amazonas. Ele visa resgatar a importância histórica das tradicionais bandas e blocos de Carnaval de Manaus.
Flashs ao vivo, clipes das bandas, campanhas educativas (conscientização contra direção perigosa, combate à exploração sexual de mulheres e crianças e infecções sexualmente transmissíveis) e campanhas ambientais (plantio de mudas de árvores em área pré-selecionada, programa de coleta de resíduo e compensação da emissão de carbono) também fazem parte do projeto.
O Carnaval Amazônico busca unir tradição, cultura e entretenimento, levando um pedaço da Amazônia para o público de toda a Região Norte.