Com mais de 40 anos, Bloco das Piranhas conquista foliões com pioneirismo e criatividade

Além da diversão, o evento ajuda a fomentar a cadeia produtiva de eventos na capital amazonense.

Considerado um dos blocos mais antigos da cidade de Manaus (AM), o Bloco das Piranhas chega à sua 44ª edição em 2024. Criado no início da década de 80 no bairro Parque 10 de Novembro por um grupo de rapazes sem grandes pretensões, o bloco tem sua marca registrada: homens vestidos de mulher.

Um dos fundadores e membro da Associação Bloco das Piranhas, Marcos Botelho, lembra que este é o Bloco das Piranhas mais antigo do Brasil e detentor da marca e patente em todo território nacional.

Foto: Divulgação

Com o passar dos anos, o evento conquistou cada vez mais público e espaço, tornando-se um dos maiores carnavais de rua de Manaus. Jovens e adultos de todas as classes sociais participam da folia, que, segundo Botelho, “resgatou o antigo espírito da folia manauara, quando o centro urbano servia de salão e passarela para os mais debochados foliões da cidade”.

Devido ao aumento do número de brincantes, o Bloco das Piranhas saiu das ruas do Parque Dez e ganhou espaços como Manaus Show Clube, Aeroclube de Manaus, o estacionamento do antigo Estádio Vivaldo Lima, o Sambódromo até chegar ao Podium da Arena da Amazônia.

Situações inusitadas 

Marcos Botelho enumera algumas situações curiosas, engraçadas e até emocionantes. Segundo ele, alguns grupos de pessoas se reuniam em seus bairros, que eram mais afastados do Parque 10, para irem juntos ao Bloco. Com o passar dos anos, esses grupos criaram suas próprias bandas e blocos carnavalescos.

Ele lembra também que, no início – e até hoje – a proposta do Bloco fez com que vários homens pedissem emprestadas as peças de roupas de suas mães, irmãs, esposas e namoradas para criarem suas próprias fantasias: vestidos, mini saias, colãs, tubinhos, tomaras que caia, lingeries, biquínis, maiôs, saltos altos e rasteirinhas. O que não faltava era criatividade para montar o “look” final.

O fundador se recorda de uma situação, envolvendo o primeiro carro de som do bloco.

“O nosso primeiro carro som era uma Veraneio do amigo chamado Lourenço, que prestava serviço de carro de som para os comerciantes da rua do comércio do Parque 10. Quando chegávamos na metade do percurso o combustível acabava. Para podermos continuar, tínhamos que sair pedindo dinheiro aos brincantes para comprarmos mais combustível e assim, continuarmos o percurso e consequentemente a folia”,

lembra.

Botelho lembra com carinho de diversos momentos e, entre eles, conta que muitos casais se conheceram no Bloco das Piranhas e posteriormente chegaram a namorar e casar. 

Fomento da economia 

Além da diversão, o evento ajuda a fomentar a cadeia produtiva de eventos na capital amazonense.

“O Bloco é o grande responsável por mudar o Carnaval de rua do nosso Estado. Ajudou a impulsionar a economia com geração de emprego, diretos e indiretos, socializou e integrou pessoas, promoveu e promove cultura, proporcionando diversão e alegria popular com responsabilidade”,

destaca Marcos.

“Antigamente, os blocos desciam nas escolas de samba. Somos a mãe do Carnaval de rua de Manaus e inspiramos outros grupos. Com 44 anos de história, o Bloco das Piranhas continua sendo um marco na tradição do Carnaval de Manaus, trazendo alegria e irreverência para as ruas da cidade”, avalia o diretor do bloco, Elizeu Bacelar. 

Carnaval Amazônico 

O Carnaval Amazônico é um projeto realizado pela Fundação Rede Amazônica, correalizado pelo Grupo Rede Amazônica, com o apoio do Governo do Estado do Amazonas, através da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Amazonas. Ele visa resgatar a importância histórica das tradicionais bandas e blocos de Carnaval de Manaus.

Flashs ao vivo, clipes das bandas, campanhas educativas (conscientização contra direção perigosa, combate à exploração sexual de mulheres e crianças e infecções sexualmente transmissíveis) e campanhas ambientais (plantio de mudas de árvores em área pré-selecionada, programa de coleta de resíduo e compensação da emissão de carbono) também fazem parte do projeto.

O Carnaval Amazônico busca unir tradição, cultura e entretenimento, levando um pedaço da Amazônia para o público de toda a Região Norte. 

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