Arraiá do Povo contou com diversas ações além da promoção cultural. Foto: Israel Cardoso/GEA
Mais do que uma celebração das tradições juninas, o Arraiá do Povo 2025, realizado na Zona Norte de Macapá, no Amapá, consolidou-se como um espaço de inclusão social, valorização cultural e cidadania. Com apresentações de mais de 60 grupos de quadrilhas, o evento promovido pelo Governo do Amapá não apenas resgatou elementos da cultura popular, como também abriu espaço para ações voltadas a públicos historicamente marginalizados.
A proposta de inclusão foi materializada em diferentes frentes do evento, desde o acesso gratuito ao espaço até a integração de projetos sociais e ações educativas. Um dos destaques é o projeto Arraiá Amazônico, realizado pela Fundação Rede Amazônica (FRAM), que contou com a presença da Central Única das Favelas (CUFA) e de instituições como o Lar Betânia e a Casa da Hospitalidade – Acolhendo a Vida, para participarem ativamente da programação, garantindo a inclusão de crianças, adolescentes e famílias em situação de vulnerabilidade social.
Cultura e cidadania na mesma arena
A programação especial do Arraial da Inclusão, braço social do evento, também garantiu que moradores de favelas da capital tivessem acesso gratuito à Cidade Junina, montada no quartel do Corpo de Bombeiros Militar (CBM). O espaço recebeu decoração temática, estrutura de acessibilidade, segurança reforçada e transporte organizado para acolher os participantes.
Durante as atividades, o público participou de brincadeiras juninas, apresentações de quadrilhas e rodas de conversa sobre meio ambiente e cidadania, em parceria com a Fundação Rede Amazônica (FRAM) e empresas como a Tratalyx Serviços Ambientais. A ação reforçou o papel da cultura como ferramenta de transformação social e inclusão, especialmente para comunidades periféricas.
“Ao unir manifestações populares a ações de sustentabilidade, como a coleta seletiva e a educação ambiental, mostramos que é possível celebrar nossas raízes cuidando do nosso território e das pessoas que fazem parte dele”, destacou Matheus Aquino, especialista da FRAM.
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Quadrilhas com temáticas sociais
Na terceira noite do evento, durante a final do 7º Forrozão do Primo Sebastian, duas apresentações emocionaram o público pela abordagem de temáticas de impacto social. A quadrilha Simpatia da Juventude, de Macapá, levou ao palco o tema “Autismo, o Mundo Azul da Fera”, destacando a importância da inclusão e respeito às pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Com figurinos nas cores azul e rosa — referências aos dados estatísticos de diagnósticos de TEA e à sensibilidade no cuidado —, a coreografia abordou comportamentos como hiperfoco e repetição, chamando atenção para o cotidiano de crianças e adultos com autismo.
Já o grupo Encanto Junino, de Laranjal do Jari, apresentou um espetáculo voltado ao empoderamento feminino, com narrativas que exaltaram a luta das mulheres por autonomia e respeito. A proposta foi além da performance estética, provocando reflexão e empatia no público presente.
Ações nas escolas e sustentabilidade
Outro eixo de atuação da Fundação Rede Amazônica integrou seis grandes ações voltadas à educação e inclusão social. Entre elas, o ‘Arraiá Amazônico nas Escolas’, que levou oficinas e apresentações culturais a instituições públicas de ensino, conectando estudantes com as tradições juninas e seus significados sociais e históricos.
As atividades também abrangeram a campanha ‘Cultura Transforma’, que defendeu a cultura como vetor de desenvolvimento e inclusão. A coleta de resíduos e a educação ambiental foram promovidas durante os eventos, reforçando o compromisso com práticas sustentáveis.

Territórios integrados à cultura
A presença de jovens da CUFA Amapá nas atividades de conscientização ambiental, realizadas na Cidade Junina, simbolizou o esforço do projeto em levar a cultura para além do centro urbano, atingindo territórios vulneráveis e promovendo o pertencimento social. A participação desses grupos reforçou o papel do Arraiá do Povo como uma política pública de cultura plural, acessível e democrática.
“Estamos muito felizes por participar da festa junina. Realmente, a gente tem que valorizar a cultura brasileira e, com toda certeza, as nossas acolhidas vão guardar esse momento com muito carinho”, disse Hermelinda Maria Buí, responsável por uma das instituições participantes.
Arraiá Amazônico
O Arraiá Amazônico é uma realização da Fundação Rede Amazônica (FRAM) em parceria com a Central Única das Favelas (CUFA-Amapá), Associação Casa da Hospitalidade, Lar Betânia – Casa da acolhida Marcello Candia; e apoio da Secretaria de Cultura do Estado do Amapá (Secult), Governo do Amapá e Tratalix Serviços Ambientais.