Um terço dos estudantes da rede pública na região Norte não tinha acesso à internet em 2019

Celular é o principal meio para navegar na internet, mas somente 47,5% dos estudantes de escolas públicas tinham o aparelho

Cerca de um terço dos estudantes (31,6%) da rede pública de ensino nos estados da região Norte do país não tinha acesso à internet em 2019, ano anterior à pandemia da Covid-19. Entre os alunos da rede privada esse índice era de apenas 3,6%.

Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (Pnad) Contínua, que investigou no último trimestre de 2019 o acesso à Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). As informações foram divulgadas hoje (14) pelo IBGE.

Esse é o menor índice em todo o país. No Nordeste, o percentual de estudantes da rede pública que utilizaram a internet foi de 77,0%. Nas demais regiões esse percentual variou de 88,6% a 91,3%.

Já na rede de ensino privada, o percentual de uso da internet ficou acima de 95,0% em todas as grandes regiões, alcançando praticamente a totalidade dos estudantes no Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

“Isso está relacionado à renda. 26,1% dos estudantes não utilizaram a internet por considerar o serviço caro e 19,3% devido ao custo do equipamento eletrônico para navegar na rede. Essas diferenças são ainda maiores entre os estudantes da rede pública e da rede privada, revelando um traço de desigualdade que ficou ainda mais evidente na pandemia, quando o ensino presencial foi suspenso e as famílias tiveram que se adaptar às aulas remotas”, afirma a analista da pesquisa, Alessandra Scalioni Brito. 

Foto: Divulgação/MCTIC

Somente 47,5% dos estudantes de escolas públicas têm celular

Em 2019, o uso do celular para acessar à internet avançou ainda mais entre os estudantes, chegando a 97,4%. A pesquisa mostra, contudo, que somente 47,5% dos alunos de escolas públicas do Norte tinham o aparelho para uso pessoal e nem todos eles tinham acesso à rede. No ensino privado, 89,3% dos estudantes tinham um telefone móvel.

Dos estudantes da rede pública que não tinham celular em 2019, 41,2% alegaram o alto custo do aparelho. Outros 28,7% disseram que não tinham celular porque usavam o aparelho de outra pessoa. Esses dois motivos também foram os mais comuns entre os estudantes da rede privada, contudo o uso de aparelho de outra pessoa tem peso maior (40,3%) que a questão do aparelho telefônico ser caro (20,0%).

“Esses dados mostram que estudantes da rede pública tinham menos acesso a telefone próprio e a questão financeira tinha um peso maior. E como o celular é o principal meio de acesso à internet, num contexto de ensino remoto, provavelmente, esses estudantes terão mais dificuldades do que os da rede privada”, diz a analista da pesquisa

Se o uso do celular por estudantes para acessar à internet vem crescendo, ano após ano, o do microcomputador, por outro lado, vem reduzindo. Em 2016, início da pesquisa, 70,6% dos estudantes usavam computador para navegar na internet, frente a 56,0% em 2019. Já o uso da televisão para navegar na internet cresceu, de 11,9% para 35,0%. O tablet era usado somente por 13,4% dos estudantes, a maioria da rede privada.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Pesquisa de professora paraense recebe Prêmio ‘Ciência pela Primeira Infância’

O estudo teve o propósito de pautar discussões acerca da garantia dos direitos à população infantil quilombola na Amazônia.

Leia também

Publicidade