Iranduba: segundo que já foi o primeiro

A escola Segundo Ebling, em Iranduba, é um exemplo de como deveriam ser (em parte) as escolas brasileiras: um prédio pequeno, com poucos alunos (24 por sala) e onde tudo, dentro das devidas proporções, funciona como, por exemplo, a sala que acomoda a biblioteca, abarrotada de bons e novos livros, e onde também estão guardados os instrumentos da fanfarra e os brinquedos para as aulas lúdicas. Livros, instrumentos e brinquedos estão arrumados e são utilizados, “quando solicitados”. 

João Victor de Souza, 11. Foto: Evaldo Ferreira/Jornal do Commercio

Os pontos negativos da Segundo Ebling são exatamente que, pelo pequeno tamanho do prédio, não há espaço exclusivo para setores essenciais como a sala dos professores, onde também fica a pedagoga e a gestora, e a sala de informática, que não existe. “A escola foi fundada em 2010 com o nome de Professora Rosicler Guaraldi Ebling em homenagem à pedagoga, professora, ex-secretária de educação e ex-vice-prefeita de Iranduba.

Hoje a professora é coordenadora regional da Seduc. A escola foi construída na casa dela, onde ela dava aulas, por isso tinha o seu nome, mas depois que foi transformada em escola municipal, em 2012, não poderia mais ser assim, então passou a se chamar Segundo Ebling, o pai de Rosicler, que já havia falecido e poderia ser homenageado”, contou Francineide dos Santos Reis, gestora da Segundo Ebling desde 2013.

Pais, os grandes parceiros

Francineide está eufórica até agora, afinal de contas sua escola conseguiu a pontuação de 5.7, no Ideb 2015, indo bem além da meta que era 5.0 e atingindo o índice mais alto entre as escolas do município. “Credito esse resultado ao nosso esforço, do pedagogo, dos professores, mas principalmente ao interesse dos pais. A Associação de Pais e Mestres é bem atuante e são nossos grandes parceiros na educação dos alunos”, falou.

A Segundo Ebling possui apenas cinco salas de aula, tem 240 alunos, do 1o ao 5o ano, distribuídos em dois turnos, com 24 alunos por sala. Um dos seus principais projetos, implantado pela gestora quando assumiu a função em 2013, é o “Cultivando a Leitura”. “Nossa biblioteca é pequena, mas tem um acervo bem rico. Pelo projeto o professor pega os livros que desejar e leva para a sala de aula, para discutir o assunto dos livros com os alunos. Agora iremos ampliá-lo com o aluno podendo levar o livro para casa, ler durante o final de semana, e depois devolver na segunda-feira, ou quando acabar de ler”, adiantou.

Também organizado pela gestora é a escolha do “Melhor Estudante do Ano”. No ano passado o escolhido foi João Victor Martins de Souza, 11, d 5o ano, filho do metalúrgico Francisco Oliveira e da doméstica Cristiane Martins. “Minha mãe me coloca pra estudar todo dia, das 7h às 9h. Tenho um computador, mas está quebrado. Quando crescer quero ser advogado”, disse o menino.

Exemplo de pedagogo

Mas são profissionais como o pedagogo Odiel Brindeiro que fazem a diferença no Segundo Ebling. Odiel se formou em pedagogia, em 2008, e desde 2012 trabalha no Segundo. Desde aquele ano ele acorda às 4h e pouco antes das 5h já está na parada de ônibus aguardando o veículo da linha 680. Odiel mora no Jorge Teixeira, em Manaus. “Mas já foi pior quando eu morava na barreira (na Torquato Tapajós)”, riu.

Se perder o ônibus das 5h, aí só o das 5h30, “mas aí ele (o ônibus) pega um ‘senhor’ engarrafamento no Distrito Industrial, e eu chego atrasado ao Iranduba”, falou. Às 6h o 680, já lotado, chega ao antigo T2. Lá, Odiel salta e espera o 013, que já vem lotado. “Aí não tem jeito. Vou em pé numa viagem de uns 15 minutos até o começo da ponte Rio Negro, em Manaus. Por volta das 6h30 pego outro ônibus, que vai direto ao Iranduba. 7h já estou no Segundo”, detalhou.

Mas a epopéia de Odiel não acaba aí. Às 11h15 ele sai do Segundo; ao meio-dia, já em Manaus, entra no 119 rumo ao mini shopping da Compensa onde salta e pega o 542 seguindo para a escola Reinaldo Thompson, no Coroado, onde é professor de alunos especiais das 13h às 17h. “E à noite ainda dou aula numa faculdade”, riu novamente.

Iranduba

Fundação: 1981 (desmembrado dos municípios de Manaus e Manacapuru)
Distância de Manaus: 19,89 km (em linha reta, do outro lado da ponte Rio Negro)
População em 2016: 46.703 pessoas (estimada)
Quem nasce lá é: Irandubense
Secretária de Educação: Francisco Belém Arruda Filho
Escolas: 11 na sede e 66 no município
Alunos: 15.522
Ideb 2015: 3,9 (Ideb da escola Segundo Ebling: 5,7)

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