Grupo de Pesquisa da Ufam reúne reflexões de alunos indígenas durante a pandemia de coronavírus; ouça os áudios

Além dos relatos em áudio, há uma série de textos produzido pelos alunos indígenas com relatos sobre as suas vivências em um contexto que a vida coletiva está vulnerável.

O Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena (NEAI), ligado ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Amazonas (PPGAS/Ufam), disponibiliza textos referentes às reflexões ameríndias em tempos de pandemia. O material foi produzido pelos alunos indígenas do Núcleo e traz uma série de relatos sobre as suas vivências em um contexto que a vida coletiva está vulnerável.

Doutorando Justino Rezende Tuyuka. (Foto:Divulgação/Associação Rumos)

Em um dos textos, assinado pelo doutorando da etnia Tuyuka, Justino Rezende, é possível, por meio da memória afetiva do discente, entender a relação dos indígenas com aqueles que vinham antes, os avós são considerados sábios. Outra reflexão feita por Justino aborda a singularidade dos rituais fúnebres dos povos do noroeste amazônico e do povo Yanomami.

Há ainda as experiências da mestranda Jonilda Gouveia, indígena Tariano, que relata o isolamento social como uma prática comum do seu povo para fugir das doenças dos ‘brancos’. Já o doutorando Silvio Barreto, da etnia Bará, apresenta rituais de cura em torno do leite e espuma de Buiuiu.

O doutorando João Paulo Barreto aborda a relevância dos valores fundamentais do seu povo, como a solidariedade e o cuidado com as pessoas, no atual modelo de vida social, político e econômico. No texto do doutorando Dagoberto Lima Azevedo, indígena Tukano, há uma reflexão sobre a união da esterilização tradicional yepamahsà e as orientações das autoridades sanitárias dos não indígenas. Por último, a mestre Liliane Lizardo, egressa do PPGAS, traz o impacto da covid-19 entre o povo hupd’äh.

Segundo o coordenador do NEAI, professor Gilton Mendes dos Santos, a ideia do material foi analisar, a partir da lógica indígena, os riscos e perigos da covid-19. 

“As reflexões, curtas e diretas, nos possibilitam um ponto de vista diferente sobre a pandemia. Nos momentos em que a vida coletiva é colocada em questão, as práticas indígenas nos trazem ensinamentos históricos. O isolamento social, há anos, é uma das estratégias utilizadas pelos povos tradicionais em momentos de vulnerabilidade. As doenças sempre tiveram um impacto violento nessas comunidades e o fato de termos alunos indígenas na Ufam nos permite ter contato direto com esses saberes e essas perspectivas outras”, explica.

Além dos textos, o NEAI disponibiliza também áudios com relatos locais dos alunos de diferentes etnias durante a pandemia.

Ouça os relatos:

Jonilda Gouveia


Indígena Tariano

Familiares residem no Parque das Tribos – Manaus

Mestranda em Antropologia Social pelo PPGAS/UFAM

Pesquisadora do NEAI

Clarinda Ramos


Indígena Sateré

Reside na Cidade Nova – Manaus

Mestranda em Antropologia Social pelo PPGAS/UFAM

Pesquisadora do NEAI

Justino Rezende


Indígena Tuyuka

Reside em Santa Isabel do Rio Negro – AM

Doutorando em Antropologia Social pelo PPGAS/UFAM

Pesquisador do NEAI

Liliane Salgado


Indígena Baré

Reside em São Gabriel da Cachoeira – AM

Mestre em Antropologia Social pelo PPGAS/UFAM

Funcionária do DSEI

Dagoberto Azevedo

Indígena Tukano

Reside no Centro de Manaus

Doutorando em Antropologia Social pelo PPGAS/UFAM

Pesquisador do NEAI

Ana Mary Azevedo


Indígena Mura

Reside em Autazes – AM

Mestranda em Antropologia Social pelo PPGAS/UFAM

Pesquisador do NEAI

Silvio Barreto


Indígena Bará

Reside na Comunidade São João, BR174 – Manaus

Doutorando em Antropologia Social pelo PPGAS/UFAM

Pesquisador do NEAI

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