Escritoras indígenas do Amapá são premiadas na categoria incentivo à literatura do prêmio Jabuti

Bruna Karipuna, Cláudia Flor de D’Maria e Lucia Tucuju foram anunciadas na cerimônia que ocorreu na terça-feira (5), no Teatro Municipal de São Paulo.

As escritoras indígenas residentes no extremo norte do Amapá, no município de Oiapoque, Bruna Karipuna, Cláudia Flor de D’Maria e Lucia Tucuju foram premiadas na categoria incentivo à literatura na 65ª edição do prêmio Jabuti, na última terça-feira (5), em São Paulo.

O álbum intitulado ‘Guerreiras da Ancestralidade’ conta em versos poéticos as narrativas dos povos tradicionais do Estado. A obra bibliográfica foi escrita em 2022 e traz relatos da vida das escritoras em suas aldeias. No total, o álbum conta com 75 textos, sendo 63 deles em estilo poético.

O livro foi escrito dentro do projeto Mulherio das Letras indígenas, responsável por colher trabalhos de diferentes autoras indígenas pelo Brasil. Eva Potiguara, fundadora do projeto, foi quem subiu ao palco para receber o prêmio.

Foto: Reprodução/Youtube – Câmara Brasileira do Livro CBL

Cláudia, uma das escritoras, é a mistura das diferentes faces da Amazônia brasileira. Ela é descendente do povo Itaquera com filiação com uma comunidade ribeirinha do interior do Pará. Essas raízes contribuíram para seus versos amazônidas.

“Aqui você vai encontrar sobre os nossos saberes e costumes, um verdadeiro marco para literatura brasileira. Não estamos falando somente sobre nossas terras, mas sobre a retomada de um território [cultura] que é do nosso povo”, detalhou a escritora.

Flor D’Maria descreve o livro como um ato de “revolução”, pois ele foi escrito por mulheres, algo que para ela é inovador para cultura indígena.

“Diferentes de outros livros que a história não é contada por nós, esse traz a nossa narrativa. Nunca no Brasil houve isso e ainda teve a oportunidade de ganhar um prêmio”, 

disse Cláudia orgulhosa.

A premiação é organizada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e é considerada uma das mais tradicionais do Brasil, sendo premiados autores, editores, ilustradores, gráficos e livreiros. “O indígena está presente não somente nas aldeias, mas também dentro das grandes cidades. Nós somos professores, artistas, atrizes […] nos estamos aqui e esse livro é uma forma de promover a visibilidade”.

O próximo desafio do trio é implantar a obra dentro da grande curricular de ensino nas escolas, sendo essa uma forma dos estudantes aprenderem sobre os costumes da Amazônia através das vivências de quem vive nesse espaço.

*Por Mariana Ferreira, do g1 Amapá

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