Desde 2005, a escola Waldir Garcia vem mudando sua metodologia, e há 4 anos chegou à nota 7,4 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), dando o título de uma das melhores escolas de Manaus, além de prêmios nacionais e municipais, que a reconhecem pela transformação realizada, como o Prêmio Itaú-Unicef “Educação Integral 2017:parcerias em construção” e em 2019, o prêmio “Plantando Saberes e Sabores”, da Prefeitura de Manaus.
Sobre o ensino inovador, a gestora da escola, Lúcia Cristina Cortez ressalta que é um trabalho onde todos são tutores e fazem parte do processo de ensino-aprendizagem.
“Nossa escola é reconhecida como transformadora, porque ela trabalha com as competências da empatia, protagonismo, criatividade e trabalho em equipe. A gente decide trabalhar educação integral onde se respeita, valoriza e escuta o aluno em todas as suas dimensões integrada. E promovemos a inclusão, que tem nos dado reconhecimento com vários prêmios”, ressalta.
Segundo ela, a inclusão e o trabalho colaborativo são peças fundamentais no processo de transformação que escola realiza.
“Conseguimos ter um maior número de alunos estrangeiros na escola, um bom número com necessidades especiais, e todo esses alunos no ensino regular, com inclusão e trabalho colaborativo, eles conseguem aprender a escola consegue ter uma boa nota nos indicadores. Aqui ninguém fica pra trás, garantimos o direito de aprendizagem de todos”, ressalta.
Lúcia também ressalta como fundamental o papel que as famílias tem desenvolvido no processo de transformação proporcionado pela escola.
“Envolvemos a família no processo pedagógico, e esse é um dos desafios da escola atual, ou seja, a inclusão e participação da família. E nós conseguimos resolver os dois desafios, e ter a família não só em reuniões e festas, mas na formação, como tutores”, ressalta.
Inclusão
Em 2010, o Haiti, um dos países mais pobres da América, sofreu uma devastação após ser atingido por um terremoto, que deixou mais de 1,5 milhão de habitantes desabrigados, cerca de 250 mil feridos e, pelo menos, 200 mil mortos. Com o agravamento da situação, muitos haitianos deixam o país, e Manaus foi uma das rotas escolhidas.
Mais recente, devido a crise político-economica da Venezuela, muitos moradores tem deixado o país vizinho em direção ao Brasil, em busca de oportunidades de trabalho. Muitos dos imigrantes trazem as famílias, e as crianças estão sendo inseridas nas escolas para que deem continuidade na formação educacional.
Entre os 206 alunos da Escola Waldir Garcia, matriculados entre o 1º e 5º ano do Ensino Fundamental, 33 são estrangeiros, principalmente do Haiti e Venezuela, e 16 são autistas. A venezuelana Caterine Valéria tem 9 anos, é aluna do 3º ano, e ressalta que a escola é diferente.
“Eu estudo aqui há 3 anos, e estudar aqui é diferente das outras escolas. Eu gosto da qui, pois eles trabalham bastante nossa criatividade, e nos dão liberdade para falarmos, e isso é importante pra mim”, conta.
O pequeno Sidney também tem 9 anos, é autista e está no 4ª ano. Perguntando sobre o que mais gosta de fazer na escola, além de jogar bola, ele foi enfático, “tarefa de Português e Matemática”.
No processo de inclusão, as professoras responsáveis pela Sala de Recursos Daniele Coelho e Vera Aguiar lembram que trabalhar na escola é ter liberdade e apoio no exercício da profissão.
“Trabalhar aqui é diferente, pois temos uma realidade que nos beneficia enquanto profissional. Temos liberdade para trabalhar e participamos de uma equipe que nos fortalece, apoia e nos ajuda, tanto gestão, quanto os colegas professores”, ressalta Daniele.
Para Vera, a atuação de todos no processo transformador realizado pela escola é fundamental para inclusão.
“Minha participação é de contribuir com os professores na educação inclusiva. Sabemos que é muito difícil, e as pessoas não compreendem o conceito de educação inclusiva, que é uma preocupação de todos, ou seja, atuamos de forma colaborativa, onde todos, independente de cor, raça e religião, são participantes da escola”, disse Vera.
Raquel Canto Farias é a secretaria da escola, e com a participação da comunidade estão vencendo as barreiras do idioma.
“Todos nós, professores, servidores e funcionários estamos tendo aulas de criolo e francês oferecidas pelos próprios pais dos alunos haitianos e venezuelanos. E esse momento é maravilhoso pra gente, para aprendermos e melhorarmos nossa relação com eles”, disse.
A escola funciona em tempo integral, no período da manhã com ensino regular e a tarde com as oficinas de Teatro, Iniciação Científica, Desporto, Filosofia, Língua Inglesa, Literatura, Mídia, Matemática Lúdica, Literatura, Dança e outros.
Canal Futura
O canal Futura é parceiro do Amazon Sat e esteve ao longo da semana, em uma série da atividades da escola Waldir Garcia, e vai mostrar, através do programa ‘Nem 1 Pra Trás‘ da Fundação Roberto Marinho, as ações que transformaram a escola.
O gravação faz parte da programação especial pelo Dia do Professor, e entre os convidados, a professora doutora Nayana Cristina Gomes Teles, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), que ressaltou o papel do professor na sociedade.
“O professor é um elemento fundamental no sucesso da escola. Ele não é u único fator necessário para um educação de qualidade, mas sem dúvidas, ele é o mais importante. Então quando você investe no professor, na carreira, na formação, você está caminhando para conseguir bons resultados na educação pública”, conta.
Ainda sobre a função do professor, Nayana ressalta que no Amazonas há particularidades e ainda há muita necessidade de investimentos.
“Em Manaus, temos um cenário mais favorável, tanto na formação, quanto na valorização da carreira e condições de trabalho. Tenho algumas experiências em municípios do Alto Amazonas e Médio Solimões, e lá ainda temos uma realidade em que se precisa investir, inclusive na formação inicial do professor, temos comunidades em que quem atua são professores leigos, e precisamos avançar nisso”, conta Nayana.
O ‘Nem 1 Pra Trás’ vai ao ar no dia 15 de outubro, no Canal Futura.