Os biólogos Philip Fearnside e William Magnusson estão no grupo seleto dos pesquisadores de destaque do mundo.
Os pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) Philip Fearnside e William Magnusson estão na lista dos 100 mil cientistas mais influentes do mundo, segundo levantamento que usou a base Scopus (a maior base de dados de resumos e citações de literatura científica revisada por pares) e considera citações de trabalhos científicos ao longo da carreira e em um único ano (2019). O estudo foi realizado por pesquisadores do Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública da Universidade de Stanford (Estados Unidos), liderados por John Ioannidis.
Os biólogos Fearnside e Magnusson iniciaram suas publicações científicas ainda na década de 1970 e possuem vasta trajetória nos estudos sobre serviços ambientais e biodiversidade da Amazônia, respectivamente. Ambos são pesquisadores 1 A do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), nível mais alto de produtividade dos cientistas brasileiros, e membros da Academia Brasileira de Ciências (ABC).
“É gratificante ter esta honra, sobretudo porque pode ajudar trazer mais atenção à importância da Amazônia e dos seus serviços ambientais”, contou Fearnside, identificado como o quarto mais influente no Brasil em todas as áreas em termos de citações aos trabalhos e o mais influente na área de ecologia. Os estudos do pesquisador focam em serviços ambientais da Amazônia, como a manutenção da estabilidade climática, da biodiversidade e da função da floresta em reciclar água.
O estudo foi publicado em um artigo do Journal Plos Biology, de outubro de 2020, e considerou os 100 mil cientistas de maior impacto do mundo, com dois rankings, um com citações ao longo da carreira (Tabela-S6-career-2019) e o outro somente com impactos das citações do pesquisador em único ano, no caso 2019 (Tabela-S7-singleyr-2019). São fornecidos dados detalhados de métricas, como com e sem citações e proporções de citações para os artigos. Os pesquisadores foram classificados em 22 áreas científicas e 176 subáreas.
“Este resultado mostra a importância da pesquisa desenvolvida pelo Inpa”, destacou Magnusson que desde 1979 trabalha no Inpa e possui mais de 250 artigos publicados sobre uma ampla variedade de grupos taxonômicos.
Lista Ampliada
O estudo elaborou ainda uma lista ampliada com 159.683 cientistas de ponta no mundo, ou seja, quase 60 mil nomes além dos 100 mil iniciais. Ainda assim todos esses pesquisadores estão entre os 2% mais importantes do mundo em seus subcampos de pesquisa.
Na lista expandida entram outros pesquisadores do Inpa e o Instituto alcança o total de seis cientistas no ranking, quatro homens e duas mulheres, e mostra diferentes gerações de cientistas do Instituto. Charles Clement e Albertina Lima são incluídos entre os cientistas com maior impacto no decorrer da carreira, e Jochen Schöngart e Fernanda Werneck somam-se aos outros quatro quando se avalia apenas as citações de 2019.
“É um prazer estar nesta lista”, disse Clement que tem estudado junto com seus alunos a ecologia histórica, na qual faz análises de paisagens e dos seus componentes para identificar as interações entre humanos do passado e do presente com as plantas que existem na paisagem.
“Nossos estudos contribuem para demonstrar que as florestas amazônicas são em parte culturais e não exclusivamente naturais, como foram entendidas até o fim do milênio passado. Os castanhais e açaizais existem porque pessoas no passado os acharam interessantes e ainda hoje contribuem para o bem-estar da população amazônida, principalmente do interior”, afirmou Clement, lembrando que ele, Fearnside e Magnusson foram contratados pelo mesmo diretor do Inpa, o entomologista e geneticista Warwick Kerr (faleceu em 2018 com 96 anos).
A pesquisadora Albertina Lima mostrou-se surpresa e ao mesmo tempo feliz com o resultado. “O Inpa está de Parabéns. Sou grata a todos que nos ajudaram ao longo de 30 anos de Inpa. Foram muitos que contribuíram para esse reconhecimento”, agradeceu Lima, uma referência no Brasil nas pesquisas com anuros (sapos, rãs e pererecas).
Para Schöngart, somente citação não é critério para reconhecer os pesquisadores mais influentes. “Precisa levar em consideração também como as pesquisas realizadas penetram a sociedade e influenciam as políticas públicas”, pontua o pesquisador que tem experiência na área de ecologia e manejo florestal, com foco em áreas úmidas, em particular distúrbios causados por eventos climáticos e ações antrópicas e definições de critérios para manejo de recursos madeireiros, além de atuar no desenvolvimento de modelos de previsão de níveis das cheias na Amazônia Central.