Conheça 3 livros em braille de autores amazônidas que promovem leitura inclusiva

O Dia Mundial do Braille é celebrado em 4 de janeiro e a data foi oficializada pela ONU como uma forma de conscientizar sobre a importância da inclusão das pessoas com deficiência visual, possibilitando a criação de metodologias didáticas que permitam adaptação a todos.

O Dia Mundial do Braille é celebrado em 4 de janeiro, data oficializada em 2018 pela Organização das Nações Unidas (ONU) como forma de homenagear o aniversário do francês Louis Braille, idealizador do sistema de escrita e leitura tátil para pessoas com deficiência visual.

A educação em braille é um método de alfabetização composto por sinais gravados em relevos, uma metodologia que permite o registro de letras, números e símbolos para facilitar a comunicação. Milhões de brasileiros apresentam traços de deficiência visual e com esse cenário surge a necessidade do desenvolvimento de métodos de inclusão, assim como o braille.

Com o intuito de promover uma leitura inclusiva, autores regionais se dedicaram à produção de livros com diversas temáticas e acessibilidade a todo tipo de público. O Portal Amazônia apresenta três livros de autores amazônidas que possuem esse método de inclusão, indicados pela Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SEC).

Foto: Ilya Naymushin

Relicário de crônicas, memórias e reflexões 

O livro ‘Relicários de crônicas, memórias e reflexões’ foi escrito pelo amazonense Dalmir Pacheco e faz parte de uma coletânea de escrituras que manifestam amor e gratidão, em especial o vínculo afetivo entre o autor e os familiares que marcaram a trajetória do escritor. 

Com tom de ironia diante das adversidades da vida, o autor aborda temáticas como preconceito e discriminação, algo que ele vivenciou em ambientes sociais, como escola e trabalho. Na sua trajetória, o autor defende a ideia da potencialidade ao invés da incapacidade.

Sociólogo e doutor em Educação pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Dalmir Pacheco nasceu em Novo Airão, interior do Amazonas. Sua trajetória acadêmica é marcada por projetos voltados à Educação Inclusiva e Tecnologia, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (Ifam). O escritor também é ativo em projetos sociais voltados a crianças e adolescentes.

“Eu coordeno um projeto de inclusão no Ifam [Instituto Federal do Amazonas] desde 2002, lá trabalhamos diferentes aspectos, sendo deles a produção de livros adaptados. Dentro dessa iniciativa nós oferecemos os livros adaptados em braille, sendo em áudio, em libras, ou impresso para quem não possui deficiência. Tendo em vista que a maioria das crianças cegas ou baixa visão tem dificuldade em acessar a literatura que possa ajudá-las em sala de aula, e assim nasceu a ideia de produzir material literário, didáticos e paradidáticos com essas adaptações”,

 revelou Dalmir ao Portal Amazônia.

Foto: Dalimir Pacheco/ Cedida

Dois Irmãos 

A dramaturgia já produziu adaptações e recebeu premiações pela história de ‘Dois Irmãos’, escrita por Milton Hatoum. Por meio de uma narrativa poética, retrata as relações familiares de uma família que vivia em Manaus e, claro, o livro possui uma adaptação em braille.

O enredo conta a relação de ódio entre irmãos gêmeos, Yaqub e Omar, que nasceram em uma família libanesa que vive em Manaus. A história é narrada pelo personagem Nael, que tenta descobrir de qual dos gêmeos ele é filho. O ambiente trata de imigrantes que se dedicam ao comércio, após o período de crise econômica e cultural vividos no início do século XX.

Milton Hatoum nasceu em agosto de 1952, na cidade de Manaus, apesar da formação em arquitetura, a paixão de Milton sempre foi os livros, levando o escritor a ministrar aulas de literatura na Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e na Universidade da Califórnia, em Berkeley (EUA).

Além de já ter ganhado até versão em quadrinhos, a história foi adaptada pela Rede Globo como minissérie:

Sol de Feira 

O livro ‘Sol de Feira’ também possui uma adaptação em braille. Com poesias, o escritor Luiz Bacellar faz uma alusão entre as frutas regionais do Amazonas e a vida, criando um enredo poético-didático, enaltecendo os frutos presentes na Amazônia. O escritor Luiz Franco de Sá Bacellar nasceu em Manaus no dia 4 de setembro de 1928, com suas inúmeras escritas passou a ser considerado um dos maiores poetas do Brasil. Aos 84 anos, Luiz faleceu vítima de câncer no pulmão. 

Foto: Reprodução/ História dos Amantes

Educação Braille no Amazonas 

Conforme dados disponibilizados pela a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), o Amazonas conta com 109 estudantes cegos e 414 com baixa visão somente na rede estadual de ensino.

A assistência estudantil a crianças e adolescentes com deficiência visual é ofertada na Escola Estadual Joana Rodrigues Vieira, na zona Oeste de Manaus, e também na Escola de Atendimento Educacional Específico Mayara Redman Abdel Aziz, na zona Centro-Sul. 

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Oficina de cinema em Manaus promove integração cultural e dá voz a jovens migrantes e amazonenses

O projeto contou com 44 alunos, que aprenderam desde a concepção de ideias e roteiros até a produção, captação e edição de vídeos, utilizando apenas celulares.

Leia também

Publicidade