23ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes começa neste sábado, em Belém

“No momento em que a Amazônia está no centro das atenções mundiais por conta de uma forte crise climática e ambiental, é fundamental que os amazônidas, sejam eles homens, mulheres, ribeirinhos, indígenas, jovens, LGBTI’s ou afro-brasileiros, tenham as suas vozes escutadas”. Foi dessa maneira que a secretária de Estado de Cultura, Úrsula Vidal, definiu a importância da 23ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, que terá início em Belém, no Hangar – Centro de Convenções da Amazônia, neste sábado (24), prosseguindo até o próximo dia 1° de setembro.

Foto:Divulgação/Agência Pará

O evento, considerado como o mais importante do segmento na região, chega à 23ª edição com um conceito novo, apresentado à imprensa na manhã desta sexta-feira (23), véspera, portanto, da abertura oficial. A ideia é abrir espaço não só para a literatura, mas também para a oralidade como importante instrumento de luta e resistência.

Uma outra novidade é a escolha de dois escritores homenageados, que, nesta edição, são os professores e pesquisadores João de Jesus Paes Loureiro e Zélia Amador de Deus, importantes ícones da cultura local, que também representam, cada um deles, a multiplicidade de vozes que se pretende dar ao evento.

“Demorei um pouco a me acostumar com a ideia da homenagem pela Feira, porque nunca me considerei uma escritora, mas, sim uma ‘faladeira’. Depois, entendi que o objetivo do evento é justamente abrir espaço para as ‘vozes’, para as diferentes leituras de mundo, o que muito me traz alegria”, destacou a professora doutora Zélia Amador de Deus, também reconhecida ativista do movimento negro.

Da mesma forma, o professor doutor, escritor e poeta João de Jesus Paes Loureiro – o outro homenageado pelo evento – festejou a renovação da Feira Pan-Amazônica do Livro, cuja existência ultrapassa as duas décadas. “A grande mudança conceitual da Feira é justamente a de se abrir para as multivozes, para a literatura e para a dimensão social que a arte tem, sem a qual a humanidade não poderia existir”, enfatizou.

Foto:Divulgação/Agência Pará

Recortes

Segundo um dos organizadores gerais da Feira, Júnior Soares, foram escolhidos recortes curatoriais sobre os quais toda a programação estará centrada. As questões referentes às mulheres, aos negros, aos indígenas, aos LBGTI’s, entre outras, terão prioridade em cada um dos nove dias de duração da Feira. No domingo (25), por exemplo, a maior parte da programação estará voltada para os dois escritores homenageados. Já na segunda-feira (26), a temática será LGBTI e assim sucessivamente.

Toda essa programação será desenvolvida em espaços como a “Arena Multivozes”, onde ocorrerão as palestras, debates e rodas de conversas com autores locais e nacionais, e a “Arena Walcyr Monteiro”, mais voltada para às atividades infanto-juvenis, como contação de histórias e apresentações de peças de teatro. “Além disso, também teremos uma feira de artesanato permanente; o espaço geek, destinado ao pessoal dos quadrinhos; o palco do lado de fora do Hangar, onde ocorrerão os shows musicais, entre outros”, detalhou Soares.

Acessibilidade

O coordenador também destacou o fato de que a Feira vai dar um tratamento diferenciado para as pessoas com deficiência. Surdos e mudos, por exemplo, contarão com o apoio do projeto “Lamparina Acesa – Literatura Acessível”, vinculado à Universidade do Estado do Pará (Uepa), que dará suporte a essas pessoas por meio da linguagem de sinais e de audiodescrição. “A ideia é que esta seja a edição da Feira mais acessível de todos os tempos”, reforçou.

Grandiosidade

Segundo o representante da Associação Nacional das Livrarias (ANL), Robério Silva, a Feira Pan-Amazônica do Livro é uma das mais esperadas pelo mercado editorial e livreiro do País. Neste ano, o evento contará com 400 editoras direta ou indiretamente representadas; 120 editoras universitárias; cerca de 90 mil títulos disponíveis, incluindo os últimos lançamentos do mercado e, ao todo, mais de 200 toneladas de livros.

Todo esse material estará exposto nos 197 estandes espalhados em uma área de cerca de 10 mil metros quadrados, totalmente climatizada. “Também teremos a participação de livrarias de outros países, como Peru, Argentina, Espanha, México, Venezuela, Equador, França e Alemanha”, informou, acrescentando que os exemplares custarão a partir de R$ 5.

Foto:Fernando Sette/Agência Pará

Credlivro

A representante da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Arileide Piedade, ressaltou o fato de, neste ano, o governo do Estado está disponibilizando cerca de R$ 3,8 milhões por meio da política do Credlivro, o qual vai beneficiar 19 mil servidores da área da educação.

Interiorização

De acordo com a secretária de Estado de Cultura, Úrsula Vidal, além de eventos em Belém, Marabá e Santarém, como já vinha ocorrendo ao longo das edições, a Feira Pan-Amazônica do Livro, também vai chegar, neste ano, aos municípios de Parauapebas, no sudeste do Estado, e Bragança, no nordeste paraense, com festas literárias. “Queremos fazer um evento à altura da expectativa dos paraenses e, ao mesmo tempo, chegar ao máximo de municípios que pudermos, levando arte e cultura para todo o Pará”, declarou.

Abertura

A abertura oficial da Feira Pan-Amazônica do Livro será neste sábado (24), com a presença do governador do Estado, Helder Barbalho, a partir das 18 horas. Na ocasião, o chefe do Executivo estadual assinará o decreto que institui a Política Pública de Edições e Publicações de Livros, Revistas, Cartilhas, Jornais e E-books do Estado do Pará, que ficará sob a gerência da Imprensa Oficial do Estado (IOE).

A programação da Feira do Livro se dará, todos os dias, de 24 de agosto a 1° de setembro, das 10 às 22h, com entrada franca.

Clique aqui baixar a programação completa.

Mais informações sobre a feira, acesse:  www.feirapanamazonica.com.br.

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