A educação de alto desempenho no contexto dos concursos públicos, exame da OAB e ENEM

Existe um tipo de cenário educacional que exige do estudante uma grande quantidade de conhecimentos acumulados a serem avaliados em um curtíssimo espaço de tempo; veja quais são.

Existe um tipo de cenário educacional que exige do estudante brasileiro uma grande quantidade de conhecimentos acumulados a serem avaliados em um curtíssimo espaço de tempo.

É assim que ocorre nos vestibulares e no ENEM – Ensino Nacional do Ensino Médio, da mesma forma acontece no exame de ordem para aqueles que pretendem atuar como advogados, bem como nos concursos públicos para os interessados em ocupar cargos e empregos públicos e até mesmo no caso do revalida que é o conjunto de provas obrigatórias para médicos formados fora do país que pretendem exercer a profissão em território brasileiro.

Esse conceito de educação de alto desempenho encontra um comparativo perfeito no mundo dos esportes, no qual existem os atletas comuns, que encaram a atividade esportiva como amadores, e os atletas de alta performance, que reconhecidamente atuam no cenário esportivo como verdadeiros profissionais.

Para análise desse fenômeno educacional, primeiramente, é necessário compreender os dois principais modelos de ensino-aprendizagem, recorrentes no mundo da educação brasileira, e seus sistemas de avaliação.

Foto: Divulgação

O primeiro modelo, que ocorre tradicionalmente na educação formal, e o segundo, que exige alto rendimento dos estudantes em provas e seleções.

Nas escolas e faculdades, pode-se dizer que o trinômio ensino-aprendizagem-avaliação está no nível da normalidade.

Ressalte-se que é a partir dessas instituições que a maior parte do conhecimento e das tecnologias utilizados pela sociedade contemporânea são produzidos. Então não há o que se desmerecer nessa aparente normalidade do ensino formal. É ele que garante o avanço das ciências, pois até mesmo aqueles mega empreendedores superfamosos como Steve Jobs e Bill Gates, que por muitos são considerados notáveis por terem largado a faculdade antes da conclusão de seus cursos, cercaram-se de profissionais e conteúdo produzidos por essas instituições de ensino formal para garantir o sucesso de seus negócios.

Mas é outro o foco das presentes considerações.

Nesse contexto da educação formal-normal, o estudante apreende apenas uma pequena fatia do conteúdo geral – em um bimestre ou trimestre – e é avaliado com base exclusivamente nos conteúdos abordados nesse pequeno intervalo de tempo.

Dizendo com outras palavras, no sistema educacional escolar-universitário é apenas uma partícula de conteúdo de uma única disciplina, se considerarmos as matérias em sua totalidade, que será avaliada em um único momento. Em uma escala de médio ou longo prazo, trata-se de um modelo de avaliação extremamente facilitado, pois cada prova se ocupa de avaliar, praticamente, um único conteúdo. A avaliação geral, de cada ano ou curso completo, fica pulverizada em um considerável número de avaliações.

De outro lado, ainda que haja uma relação visceral entre os conteúdos abordados em certos processos seletivos de alta performance – como os vestibulares, o ENEM, os concursos públicos, o revalida para os médicos e o exame de ordem dos advogados – e aqueles que se aprende na escola ou faculdade, a sistemática de avaliação é absolutamente diferente.

Veja que, nesse segundo caso, o candidato é avaliado em uma imensa gama de conteúdo, matérias e disciplinas totalmente diferentes por meio de uma única prova, ou ainda, de um pequeno conjunto de provas concentradas em pequenos intervalos de tempo.

De fato, os sistemas de avaliação são totalmente opostos, pois no primeiro há pouco conteúdo e muitas avaliações, já no segundo há muito conteúdo e poucas avaliações.

Mas não é só isso. Perceba que nesse novo contexto tudo mudou, pois agora, no caso dos concursos públicos, por exemplo, será boa parte do conteúdo do nível médio, como as matérias de língua portuguesa e matemática, que serão avaliados, associados, ainda, a várias disciplinas de vários cursos superiores diferentes, como, por exemplo, os cursos de direito, administração e matemática, nesse último caso, sobretudo no que diz respeito ao raciocínio lógico-matemático.

É evidente, portanto, que não é prudente utilizar as mesmas práticas de ensino-aprendizagem utilizadas na educação formal nessa outra forma de avaliação que exige um alto desempenho de seus interessados, pois a tendência, nesses casos, é que, se forem mantidas as mesmas práticas não se obtenha os melhores resultados.

Uma comprovação desse fato são os conteúdos exigidos em provas para cargos públicos de nível médio nos concursos públicos.

Nesses casos, é muito comum que os editais exijam noções de disciplinas do curso de direito e, também, do curso de administração, do curso de matemática e, ainda, algumas boas noções de informática, ou seja, matérias específicas de diferentes cursos da educação superior, que na prática podem até se tratar, inclusive, de legislações bastante complexas que são objeto de estudo tanto da graduação quanto da pós-graduação acadêmica e nada tem a ver com simples noções.

Foto: Divulgação

Perceba que não existe nenhum tipo de curso ou iniciativa pública formal que prepare o candidato para esse tipo de avaliação de alto rendimento, pois o cargo é de nível médio, mas boa parte dos conhecimentos exigidos é de nível superior.

A partir desses pressupostos fica até um pouco mais fácil compreender por que dificilmente será possível, por exemplo, avaliar a qualidade dos cursos superiores de direito a partir da simples análise do número de aprovações no exame da ordem dos advogados do Brasil, pois, para processos avaliatórios diferentes, as metodologias de ensino-aprendizagem obrigatoriamente devem ser diferentes. Em síntese, as reprovações no exame de ordem da OAB pouco têm a ver com o nível acadêmico dos cursos jurídicos brasileiros. Mas, isso também é outra discussão.

O processo seletivo do ENEM também retrata muito bem essa realidade da educação de alto desempenho, pois concentra em dois dias de prova todo o conteúdo do ensino fundamental e do nível médio a serem avaliados por meio da resolução de 180 questões interdisciplinares, mais a produção de um texto de um tema bastante aleatório, tudo isso em apenas dois dias de prova.

Trata-se de verdadeira maratona, extremamente cansativa, que exige alto nível de preparo, sobretudo para concorrer às vagas dos cursos mais prestigiados, como medicina, por exemplo, exigindo, inclusive, uma boa disposição física de cada candidato.

Outro ponto importante a ser observado é que em todos esses processos seletivos é imenso o número de interessados e mínimo o número de vagas disponíveis, sendo, portanto, altíssimo o índice de reprovação. Isso faz parte da própria sistemática do modelo de avaliação de alto desempenho.

Para se ter uma noção prática dessa realidade, no último concurso da Assembleia Legislativa do Estado do Amapá foram 39.163 (trinta e nove mil, cento e sessenta e três) inscritos para apenas 129 (cento e vinte e nove) vagas, exigindo-se dos candidatos altíssimo grau de precisão na resolução das provas objetivas e discursivas.

Por todos esses motivos, é evidente a necessidade da utilização de mecanismos de ensino-aprendizagem diferenciados para essas avaliações de alta performance que proporcionem alto grau de rendimento na realização das provas em razão do elevadíssimo índice de desempenho que é exigido para ser aprovado em todos esses processos seletivos.

Nesse contexto, surge a necessidade real não só de se estudar e dominar o conteúdo programático para cada prova, mas também de estudar as metodologias, as técnicas e as estratégias mais adequadas a cada processo seletivo, a fim de se alcançar os melhores resultados possíveis.

É importante, por exemplo, dominar temas relacionados à organização do tempo, ao desenvolvimento da memória, incluindo aí as melhores técnicas de assimilação dos conteúdos estudados.

É essencial entender como funciona o mapeamento dos assuntos mais prestigiados por cada banca examinadora, a partir da análise das questões de provas aplicadas anteriormente.

Também é fundamental fazer uso dos vários modelos de simulados utilizados em cada mercado específico, sobretudo no que diz respeito a simulados temáticos e sequenciais e, no caso do ENEM, simulados cuja correção siga o modelo da TRI – Teoria de Resposta ao Item que é o modelo oficial de correção utilizado pelo INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.

No final das contas, você deve estudar não só os conteúdos do processo seletivo como também o próprio processo seletivo em si.

Isso quer dizer que a postura do estudante, que almeja vaga nesses processos seletivos de alto desempenho, precisa ser ajustada para essa nova realidade que exige uma postura totalmente diferenciada em relação àquela exigida para ser aprovado em cada ano do ensino regular ou para concluir um curso superior. Esse estudante não foi treinado para isso ao longo de sua vida acadêmica.

O nível de disciplina e profissionalismo precisa ser altíssimo ou não será possível obter a aprovação, pois as circunstâncias relacionadas às matérias, às disciplinas, aos conteúdos, à concorrência, ao nível dos concorrentes, ao tempo de prova, tudo isso concorre como fatores dificultadores da aprovação.

Mas não se desespere, pois a partir de agora, a presente coluna irá compartilhar, periodicamente, com você todas essas ferramentas de ensino-aprendizagem de alta performance com detalhes.

Tudo isso a partir da experiência de quem já foi aprovado em nove concursos públicos de níveis médio e superior, nomeado sete vezes para cargos públicos federais, aprovado duas vezes em primeiro lugar, uma vez em segundo lugar para cargos do judiciário federal e com pelo menos sete desses resultados obtidos em sequência.

Nas palavras do educador Paulo Freire “Se eu não posso, de um lado estimular os sonhos impossíveis, não devo de outro, negar a quem sonha o direito de sonhar. Lido com gente, e não com coisas“.

Um abraço. Deus te abençoe. Tudo de bom. 

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