Mesmo considerada a data mais importante para o varejo, a projeção é que as vendas neste Natal amargaram queda nominal de 3% no Amazonas, segundo a Associação Comercial do Amazonas (ACA). O resultado é diferente da anunciada por entidades de classe, que apostavam em uma demanda melhor para o setor em relação a 2015. Apesar do resultado negativo, a expectativa é que a procura por presentes se estenda até o ano novo e influencie o faturamento final do comércio no mês de dezembro. As medidas anunciadas pela equipe econômica de Temer são apostas para alavancar a economia do país em 2017.
O presidente da Assembleia Geral e Conselho Superior da ACA, Ismael Bicharra, reafirma que este ano foi muito difícil para economia do país e consequentemente não teria uma retomada forte neste Natal. “Podemos dizer que 2016 não foi bem em relação a faturamento e o levantamento apontou queda nominal de 3%. Mas se levar em consideração a inflação, o recuo chega a 10%, número muito alto e preocupante já que 2015 foi ruim em relação a 2014 e aquele ano também foi ruim se comparado a 2013”, disse. “Mas é claro que estávamos confiantes no período e a esperança é que registrasse um faturamento similar a 2015 ou mesmo um crescimento pequeno, o que seria um ganho e tanto depois de um período tão longo de retração nas vendas, o que não aconteceu”, completou o empresário.
Na avaliação de Bicharra, todos os segmentos econômicos foram afetados com a retração nas vendas e prevê uma possível melhora de faturamento final no último mês do ano. “Tradicionalmente depois do Natal o fluxo de pessoas é baixo, mas em 2016 o Ano Novo também será celebrado em um fim de semana, a expectativa é que a movimentação no comércio se estenda até a data. E isso pode reverter as vendas em dezembro”, projeta.
O representante da ACA comenta que, com o aumento de 50% na inadimplência do consumidor brasileiro neste ano, os lojistas têm buscado se adaptar à realidade de desemprego em alta e queda dos rendimentos das famílias. Ele acredita que no mês das liquidações pós fim de ano, realizadas em janeiro, haverá apenas promoções isoladas. “Mesmo com um cenário incomum para o varejo, o empresário já está embasado e investiu com muito cuidado em produtos para fazer o Natal dentro da atual realidade e metas. Não consigo enxergar grandes estoques no fim de ano devido à escassez do mercado. O Black Friday foi um sucesso e nesse primeiro momento as promoções serão mais isoladas”, analisa Bicharra.
Para o empresário, as medidas anunciadas por Temer devem influenciar positivamente o cenário nacional em 2017. “O governo está empenhado e medidas como a trabalhista, juros por cartão de crédito e cheque especial estão dando uma boa visão e incentivo aos empresários”, avalia.
Shopping em queda
As vendas em shoppings caíram 3% neste Natal, segundo pesquisa divulgada nesta segunda-feira (26) pela Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop). Em 2015, a queda havia sido de 2,8%. Segundo a Alshop, a evolução das vendas em 2016 foi afetada pela dificuldade de obtenção de crédito, elevação do desemprego, carga tributária alta, fim de incentivos fiscais e insegurança em relação ao quadro político e econômico do país.
Ao longo de 2016, a redução nominal no setor foi de 3,2%, o correspondente a R$ 140,5 bilhões. Em relação aos segmentos de produtos, as maiores quedas em relação a 2015 foram registradas por móveis e artigos do lar (- 9%), tecnologia e comunicação (- 6,5%) e eletrodomésticos (- 4,5%). As principais altas foram registradas pelos segmentos de perfumaria e cosméticos (7,3%), joias e relógios (3,5%) e calçados (3%).Entre os meios de pagamento escolhidos pelos consumidores neste Natal, 55% optaram pelos cartões de crédito e débito, 25% pelo cartão próprio ou carnê da loja, 10% cheques e 10% dinheiro.
Outro lado
Já na avaliação do vice-presidente da Federação do Comércio do Amazonas (Fecomércio) Aderson Frota, a percepção da entidade é que as vendas foram aquecidas nos últimos dois dias antes do Natal e se mantém otimista com o resultado nas vendas do período. “Nessa época de compras de presentes, a nossa percepção é que teve mais procura com a proximidade do dia. Vimos as lojas lotadas, sentimos um clima de prazer e mesmo sem dados, acreditamos que, houve sim uma pequena melhora nas vendas”, afirma. Para Frota, todos os segmentos do comércio tiveram demanda no período natalino e também acredita que, a movimentação de pessoas atrás de produtos se estenda até o Ano Novo.
Segundo Frota, estamos vivenciando uma data natalina que ainda não significa a retomada da economia, mas evidencia que as melhorias devem acontecer ano que vem. Ele explica que, a crise era originalmente política e acabou paralisando todos os segmentos, mas vê nas medidas anunciadas pelo governo, a estabilidade da economia. “A tendência é nós melhorarmos com essas medidas, porque acaba com o clima de insegurança que gera freio de mão e afeta primeiro o trabalhador nesse processo. Mas o governo é ciente e sensível a esses custos e, as pequenas medidas vão levar grandes vantagens ao consumidor”, disse.