Transporte de cargas no Amazonas amarga queda de 45% no faturamento

Os segmentos de transporte de cargas fluvial e rodoviário no Amazonas amargaram redução de até 45% no faturamento entre os meses de janeiro a outubro deste ano em relação a igual período de 2015. Juntos, os setores ainda registraram perda de pelo menos quatro mil trabalhadores. Os fatores negativos foram decorrentes da desaceleração econômica instalada no país. Segundo os empresários das categorias, a menor produtividade industrial seguida da queda no consumo afetou diretamente o transporte de cargas. Há expectativas de melhores resultados a partir do segundo semestre de 2017.

De acordo com o representante de hidrovias da Federação Nacional das Empresas de Navegação Aquaviária (Fenavega), Claudomiro Carvalho Filho, tanto o transporte por navegação no interior como por meio de cabotagem sentiram os efeitos negativos da retração no consumo e da queda na produção industrial. O empresário relata que a modalidade cabotagem registrou de janeiro a outubro deste ano perdas de 30% no faturamento; enquanto o transporte feito por carretas sobre balsas (roll-on/roll-off) teve redução de 40% na receita bruta. Em comparação aos últimos dois anos, o transporte de cargas fluvial contabilizou perdas de 50% no faturamento. “São fatores que mexem com o planejamento das empresas e inviabilizam projetos para novos investimentos e melhorias técnicas. As empresas precisaram se readequar ao novo momento”, comenta Filho. 

Foto: Carla Lima/Porto Chibatão
Segundo Filho, anualmente o segmento gera em média dez mil novos postos de trabalho, de forma rotativa. Porém, nos últimos dois anos o índice de contratações tem diminuído progressivamente. Até outubro deste ano cerca de três mil pessoas perderam o emprego (prestadores de serviços, estaleiros, construção e reparos naval não estão inclusos neste número). “O setor, assim como as demais atividades econômicas do Amazonas, está diretamente ligado à produção industrial. Se não há fabricação e nem vendas, consequentemente sofremos o impacto”, relata. “Acreditamos em uma possível melhora nos números a partir do segundo semestre de 2017 conforme as previsões dos economistas e dos meios de comunicação”, completa.

O primeiro secretário do Sindicato das Empresas de Agenciamento, Logística e Transportes Aéreos e Rodoviários de Cargas do Estado do Amazonas (Setcam), Raimundo Augusto Araújo, afirma que o transporte rodoviário de cargas também sofre os efeitos negativos decorrentes da crise econômica. Ele informa que o setor registrou perdas estimadas em 45% do faturamento contabilizado entre maio e outubro deste ano, em comparação a igual período de 2015.

O setor também precisou enxugar o quadro funcional. Mais de mil postos de trabalho foram fechados, atividades que envolveram as diversas funções como motoristas, ajudantes, conferentes, atividades administrativas, entre outros. “Logo, registramos menos viagens (transportes), redução de veículos em operação, carretas vazias estacionadas nos pátios das transportadoras, menor quantidade de cargas chegando a Manaus, o que ainda é agravado pela morosidade no processo de fiscalização pelos auditores da Receita Federal. Esperamos que no próximo ano a economia reaja e nos permita elaborar novos planos de trabalho”, cita.

Até o final de 2015 o setor de transporte de cargas rodoviário contava com cinco mil colaboradores. Atualmente, esse número chega a 3,1 mil pessoas.

CNT aponta resultados negativos nacionais

A pesquisa Sondagem Expectativas Econômicas do Transportador 2016, realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) mostra que a crise na economia brasileira gerou forte impacto ao setor de transporte. A maioria das empresas (60,1%) teve diminuição de receita bruta em 2016, e 58,8% precisaram reduzir o número total de viagens. Para 74,6%, houve aumento do custo operacional. Foram entrevistados 795 transportadores de todo o país que atuam nos diferentes modais (rodoviário, ferroviário de cargas, metro ferroviário, urbano de passageiros por ônibus, aquaviário e aéreo).

A maioria dos transportadores (90,7%) considera que a crise política também os afetou negativamente. Pelo menos 37,4% das empresas do setor reduziram o número de veículos em operação em 2016. Esse cenário refletiu na retenção de mão de obra. De dezembro de 2015 a setembro de 2016, foram demitidos 52.444 trabalhadores no setor. Somente nos últimos seis meses, 58,1% das empresas brasileiras de transporte tiveram que reduzir o quadro de funcionários devido à situação econômica do país.

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