Senador de Rondônia defende licitação da Ferrovia Binacional de 300 em 300 km

PORTO VELHO – Uma empresa chinesa mobiliza 200 mil trabalhadores e dois mil engenheiros para construir uma ferrovia em três anos, a exemplo da Xangai-Pequim. No Brasil, o tempo gasto é de 30 anos. A diferença foi destacada pelo senador Valdir Raupp (PMDB-RO) durante o 2º Encontro do Comitê integrador Ferrovia Binacional, no auditório da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (Fiero). O trecho de 3,5 mil quilômetros dessa projetada ferrovia ligará o Rio de Janeiro a Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Rondônia, Acre e Peru. Dentro de Rondônia, ela terá 760 quilômetros. Raupp defende a licitação de 300 em 300 quilômetros, atendendo a diferentes polos de produção de grãos, calcário, madeira e outros produtos.Segundo Raupp, autoridades e empresários chineses avaliaram as obras em US$ 53 bilhões. “Senti que o interesse é verdadeiro, ao constatar dois fatos: 120 empresários e autoridades da China estiveram em Brasília, e o embaixador percorreu cidades de Rondônia e Mato Grosso, de ônibus”, disse. Os secretários da Agricultura e de  Planejamento, Evandro Padovani e George Braga; o vice-governador Daniel Pereira; e o superintendente da Suder, Rubens Nascimento, participaram do encontro.Nova rota para empresáriosAutoridades estaduais, empresários e representantes comerciais e diplomáticos da Bolívia, Peru e do Panamá Ferrovia Bioceânica [ou Transcontinental] comemoraram o início do funcionamento da nova rota de escoamento de produtos de Rondônia e da Amazônia pela Mediterrânea Shipping do Brasil Ltda. (MSC), considerada a segunda maior empresa de navegação do mundo.Desde o mês passado, as cargas exportadas por Rondônia chegam em menos de 40 dias ao destino. “Não há mais passeio da carga, depois da chegada ao porto de Manaus (AM)”, disse o empresário Gilberto Maciel, diretor da empresa SC, operadora da MSC.A MSC tem 17 serviços semanais entre Manaus e o porto Cristobal-Balboa, na Cidade do Panamá, movimenta 470 navios, tem mais de dois mil funcionários e atua em Rondônia desde 2010, informou seu presidente, Elber Alves Justo. “As mercadorias rondonienses são embarcadas imediatamente, passando pelo porto de Belém e dali, rumam para o Panamá, originando essa economia de tempo para chegar aos grandes portos mundiais”, explicou.“Rondônia tem matéria-prima e investidores, mas ainda depende do bom funcionamento da logística; ela é fundamental para dar competitividade aos nossos produtos”, afirmou o presidente da Federação da Fiero, Marcelo Thomé.Thomé reivindicou paradas do trem, além de Porto Velho e Vilhena, extremos da ferrovia. “O êxito competitivo da nossa região com o mercado mundial também depende delas, e essa defesa deve ser feita em bloco”, sugeriu.Hidrovia
“Na crise é que se cresce. A solução está em nós mesmos, nessa união de potencialidades regionais [referindo-se aos estados do Acre, Amazonas e Mato Grosso]”, proclamou o chefe da Casa Civil Emerson Castro.
Ele lembrou o funcionamento de câmaras temáticas que já cuidam da área tributária e da produção agrícola, entretanto, espera que o governo estadual possa antecipar-se aos gargalos da hidrovia. Mencionou, por exemplo, a existência de sítios arqueológicos e meio ambiente.O custo médio de um quilômetro da hidrovia está avaliado em US$ 34 mil, enquanto o da ferrovia sobe para US$ 1,4 milhão. Já o custo de uma rodovia é de US$ 440 mil, estima a Fiero. Outros números fornecidos pela entidade: a vida útil de uma embarcação pode chegar a 50 anos, enquanto o trem dura 30 anos, e o caminhão, apenas dez.Ainda conforme a Fiero, na hidrovia é de R$ 9 o valor do frete por quilômetro, para o transporte do volume de mil toneladas; na hidrovia ele custa R$ 16, e na rodovia, R$ 56 – o mais alto e não recomendado para distâncias superiores a 300 quilômetros. “Com toda essa importância, a sinalização do rio Madeira ainda é artesanal e a dragagem não pode mais ser adiada; tem que acontecer na hora certa”, apelou o deputado Marcos Rogério (PDT-RO).O vice-governador Daniel Pereira propôs urgência na integração comercial entre Rondônia e Bolívia. “Já testamos a rodovia até Guajará-Mirim, a nossa parte está pronta, agora temos que deixar o isolamento”. Ele informou no encontro que esteve em Trinidad [Departamento do Beni, Amazônia Boliviana] e constatou a existência de um mercado consumidor de aproximadamente 4 milhões de pessoas. “Somando-se aos nosso, que chega a 1,7 milhão, o que estamos fazendo para deixar o isolamento?”, questionou. Pereira retornará em outubro à cidade boliviana, para participar de uma feira de negócios.A hidrovia transportará grãos, pescado, carne bovina, madeira, entre outros produtos, rumo aos portos europeus e asiáticos. “Nosso dever de casa vem sendo feito, do alfandegamento do aeroporto internacional à perspectiva de duplicação da rodovia BR-364”, disse o titular Superintendência de Desenvolvimento de Rondônia (Suder), Rubens Nascimento.Lembrou a possível ampliação dos incentivos fiscais do estado, que já subiu de dez para 15 anos, e voltou a defender o asfaltamento de um trecho de 400 quilômetros da BR-319 [Porto Velho-Manaus]. “Precisamos desse trecho para completar os modais de transporte na região”, justificou.
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