O pedido foi feitos durante reunião da governadora com o ministro Moreira Franco para tratar da situação do estado, após a Venezuela cogitar suspender o fornecimento de energia a Roraima, em razão da falta de pagamento pelo suprimento de eletricidade.
“O que está se passando com Guri é a falta de manutenção de toda a rede elétrica que vai para Roraima. Sugerimos [ao ministro] se a Eletrobras poderia, com a permissão do governo da Venezuela, fazer a manutenção de toda a linha de transmissão para que possamos ter novamente a qualidade no fornecimento de energia para o nosso estado”, disse Suely.
Roraima é o único estado que não está interligado ao sistema elétrico nacional. A Eletronorte, subsidiária da Eletrobras responsável pelo fornecimento de energia na Região Norte acumula uma dívida de mais de US$ 30 milhões com a Corpoelec, empresa venezuelana encarregada do setor elétrico no país vizinho.
A governadora diz que enviou ofícios ao presidente Michel Temer, aos ministérios de Relações Exteriores e Minas e Energia e ao Banco Central, além de Eletrobras e Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), para ter explicações sobre o cenário de suprimento local, mas sem retornos conclusivos até o momento.
De acordo com o MME, a Eletrobras não conseguiu efetivar a transação financeira para o pagamento da dívida em razão de problemas no sistema bancário do país vizinho. O motivo se deve ao bloqueio realizado pelos Estados Unidos que tem impedido o pagamento.
“[O ministro] me disse que estão sendo feitas tratativas para o pagamento dessa conta de energia, porque os bancos foram bloqueados para fazer operações internacionais pelo governo norte-americano. O governo está fazendo essa tratativa para quitar essa conta”, informou a governadora após a reunião.
De acordo com Suely, a solicitação de usar a Eletrobras para fazer a manutenção do linhão recebeu indicação positiva por parte do ministério. No total são 211 quilômetros de Santa Elena na Venezuela até Boa Vista, em Roraima.
“O ministro acha viável a Eletrobras fazer essa manutenção desde que o governo venezuelano aceite essa possibilidade”, disse a governadora. “Teria que ser feita uma pactuação; um convênio com o governo venezuelano para dar sequência à iniciativa, afinal de contas essa energia serve ao Brasil”, disse Suely.
Segundo a governadora ainda não há a possibilidade de corte no fornecimento de energia por parte da Venezuela. “Surgiu uma notícia de que isso iria acontecer, mas isso não é verdade. O MME não foi comunicado de nada da Venezuela”, afirmou.
Para a governadora, a manutenção do linhão de transmissão de Guri seria uma medida a ser tomada enquanto o estado não é ligado ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Suely defendeu a retomada da construção do linhão de Tucuruí, ligando Boa Vista a Manaus, como solução para a questão.
“Então seria interessante para nós de Roraima manter a energia de Guri enquanto não resolvemos a questão de Tucuruí, que já vem há muito tempo”, disse. “Não podemos prescindir dessa energia, se houver mesmo uma dificuldade em continuar com a a energia de Guri, vamos voltar no tempo e ficar somente com termelétricas, na contramão da história?!”, questionou Suely.
A situação do linhão de Tucuruí foi tratada no mês passado em reunião no Palácio do Planalto. Na ocasião o governo informou que a primeira parte da licença ambiental para a construção do linhão seria concedida até o fim de setembro.
“Essa é nossa luta permanente, questionei sobre o andamento do início da obra e o ministro me disse que esta tratando disso com as empresas do consórcio e a Eletrobras e que o processo está tramitando”, disse a governadora.