Rondônia está ‘de olho’ no mercado de alimentos do Amazonas


Comitiva percorreu da BR-319 entre Porto Velho e Manaus. Foto: Hugo Bronzere/CedidaMANAUSRondônia está ‘de olho’ no mercado consumidor amazonense, especialmente na capital. O motivo é a reabertura da BR-319 –que liga o Estado ao Amazonas- e a facilidade no comércio de alimentos. O vice-presidente da Federação das Indústrias de Rondônia (Fiero), Adélio Barofaldi, destacou que Rondônia, Amazonas, Roraima e Acre só têm a ganhar com a via. Mesmo desapontado com a ausência de representantes da Federação das Indústrias do Amazonas (Fieam), na audiência pública sobre a BR-319 realizada em Manaus, Barofaldi demonstra otimismo sobre o intercâmbio comercial com os amazonenses. “[A ausência da Fieam] É lamentável, mas não é nada que não possa ser consertado, pois o interesse comercial e empresarial é importante para consolidar essa rodovia”, declarou.


Foto: Divulgação/Agência RondôniaO principal interesse de Rondônia é no mercado consumidor de alimentos. De acordo com Barofaldi, o estado produz 48 tipos de laticínios, é responsável por 20% da exportação de carne do Brasil, além de se destacar na produção de arroz, feijão e cacau. “Nossa população é pequena, somos 1,7 milhão de habitantes em todo o Estado. Não consumimos tudo o que produzimos”, acrescenta.Ganhos comerciais

O vice-presidente da Fiero também participou da comitiva de mais de 100 pessoas que realizou uma diligência na rodovia. Eles partiram da capital rondoniense na segunda-feira (26) à tarde e chegaram e Manaus na noite de terça-feira (27). “Vejo ainda pouco interesse do empresariado do Amazonas na BR-319. Mas na hora que entenderem como ela é importante para todos nós eles vão se engajar”, completou. Ele aposta que com a reabertura da rodovia, o preço dos alimentos vindos de Rondônia vão baixar. O combustível que faz o caminho inverso também deve ficar mais barato durante o ‘inverno amazônico’.
De acordo com Adélio, 100% do combustível consumido hoje em Rondônia vem de Manaus. Durante o período chuvoso, o produto precisa ser transportado de Paulínea, no interior de São Paulo, o que encarece de 10% a 12%.

Foto: Divulgação/Agência Rondônia

Rondônia também tem potencial no setor pesqueiro. Hoje o Estado produz 80 mil toneladas de peixe/ano essa quantidade deve aumentar para 200 mil toneladas em 2017. “Nós não somos grandes consumidores de peixe, mas somos grandes exportadores de peixe para o resto do Brasil. Para se ter uma ideia, mais da metade da nossa produção piscicultora é consumida em Manaus. Com a abertura da rodovia, o preço desse pescado vai cair muito”, diz.

O preço do pescado que vem de Rondônia é influenciado principalmente pela quantidade de gelo usada para conservar a carga. “Mais da metade da carga é de gelo, para conservar o pescado, e isso é um custo que o amazonense paga. O mesmo acontece com o leite, que é influenciado pelo frete e envolve uma logística muito complicada com carga e descarga”, explica.Sobre a ausência das representantes do comércio e indústria, o Portal Amazônia procurou a Fieam, a Federação do Comércio do Amazonas (Fecomercio-AM), Câmara dos Dirigentes Logistas de Manaus (CDL-Manaus) e Centro das Indústrias do Amazonas (Cieam). A Fieam informou que não mandou representante porque não foi convidada oficialmente sobre o evento. Já a Fecomercio-AM destacou que o assessor da presidência da Fecomercio-RO, Osvino Juraszeq, representou a entidade. A CDL-Manaus comunicou que não enviou representantes para o evento. O Cieam não respondeu à reportagem até o fechamento da matéria.
Adélio Barofaldi em discurso na ALE-AM. Foto: Divulgação/ALE-AM
Experiências
A troca de experiências em economia também pode ser benéfica para os dois Estados. As atividades econômicas em alta no mercado rondoniense têm se desenvolvido baseadas no agronegócio.“Nós já aprendemos que a economia de Rondônia é cíclica: primeiro foi o ciclo ouro, depois do gado e agora estamos vivendo o das usinas hidrelétricas”, explica Adélio. Segundo ele, toda vez que um ciclo se encerra o Estado tem que se reinventar e isso traz prejuízos. “Por isso estamos investindo no agronegócio há alguns anos”, diz explicando essa é a vocação de Rondônia.
“Hoje nós estamos passando por um momento econômico difícil ocasionado pela instabilidade política. O comércio é o setor que mais está sofrendo. Mas o agronegócio, que produz alimentos, está bem. Porque, independente de crise, as pessoas não vão deixar de consumir alimentos”, opina. Ainda segundo Barufaldi, 40% do Produto interno Bruto de Rondônia vem do agronegócio.
Sobre os problemas ambientais ocasionados pela atividade, ele admite que são uma realidade e que precisam ser enfrentados. “O impacto ambiental existe, mas pode ser minimizado com investimento em tecnologia. Antes a nossa pecuária era extensiva, hoje é intensiva. Com o gado confinado temos mas controle sobre a qualidade da nossa produção”, exemplifica.
“O Amazonas tem que entender que Rondônia não é um concorrente. Vocês produzem indústria de ponta e Rondônia tem o agronegócio. Nós compramos televisores, bicicletas, telefones, geladeiras e vocês alimento”, conclui.
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