Quem diria que a cerveja que você bebe nos bares da cidade com sabor peculiar pode ser produzida em casa mesmo, de maneira artesanal, do jeito que preferir. E atualmente fazer cerveja artesanalmente é um fenômeno que cresce em Manaus, principalmente porque pode-se ganhar um extra com a atividade.
Aproveitando o embalo do mercado, desde janeiro, o biomédico e micro empresário João Fernando Vieira, investiu na fabricação da cerveja artesanal, a Queen Amazon. Dentre as vantagens da profissão escolhida pelo carioca, é saber manipular substâncias e microrganismos para a industrialização de alimentos, exatamente o que Vieira faz no preparo do produto, ou seja, ele é o próprio químico da incipiente Queen Amazon.
“Qualquer pessoa pode fazer sua própria cerveja em casa. Basta aprender o passo a passo do processo e ter os equipamentos básicos, que não são tão caros. Eu gastei menos de R$100 para comprar um barril, um fermentador, duas panelas e a serpentina. À medida que você vai se aperfeiçoando, vai comprando equipamentos melhores”, orientou.
De acordo com ele, toda produção pode ser feita na comodidade de casa ou mesmo do apartamento. “Essa é uma coisa que a maioria das pessoas não sabe. Que se pode produzir cerveja num espaço reduzido, e cerveja de ótima qualidade, dependendo de quem a prepare, tão boa ou melhor que essas que encontramos nos bares”, assegurou.
Vieira comenta que uma das características das cervejas artesanais feitas em Manaus é o acréscimo de frutas ou especiarias para destacar o sabor local. “Eu produzo três sabores distintos da Queen Amazon: a extra dark chocolate stout, a strong blonde ale e a wit bier, todas ale (pronuncia-se eil), que são as cervejas com alta fermentação”, explicou. Nas ales são usadas uma levedura conhecida como levedura de alta fermentação que fermenta a cerveja rapidamente, proporcionando um sabor frutado. “E o teor alcoólico das minhas cervejas é de 5,5%”, completou.
Ele defende ainda que a cerveja artesanal não é para embebedar, mas para ser apreciada, saboreada, degustada. “Até porque é mais cara que a cerveja comum, industrializada, porém, passa por todo um processo pelo qual a industrializada não passa. Por isso é mais gostosa”, afirmou.
Como todo empreendedor no Brasil, o micro empresário conta que encontra muitas dificuldades para levar sua empresa adiante. De acordo com Vieira, dos insumos para se produzir a bebida até a garrafa são caros no país. Ele começou envasando a Queen em garrafas de 500 ml, mas logo reduziu para as de 330 ml. “O imposto sobre a cerveja é altíssimo, então reduzi o tamanho da garrafa e consequentemente o preço, depois, a menor é ideal para quem apenas gosta de degustar uma boa cerveja”, disse.
Toda divulgação das cervejas é feita através das redes sociais ressalta o biomédico. “Faço questão de trazer os interessados aqui, para conversar e ver como são preparadas. Atualmente comercializo uma média de 50, 60 garrafas/mês, mas minha pretensão é criar uma empresa, porém, sem nunca deixar de ser uma cervejaria artesanal porque existe todo um charme por trás da artesanal, que a industrializada jamais terá”, finalizou.
Concluindo, cerveja artesanal é aquela produzida não necessariamente em casa, com produção restrita, mesmo sem ser pequena, e ainda que sejam utilizados equipamentos modernos tanto na fabricação quanto no engarrafamento, o que conta é o cuidado que se tem com a produção, dos ingredientes básicos, passando pela receita de preparo até os conservantes finais que devem ser naturais e jamais, químicos. O resultado final de uma cerveja artesanal é muito interessante e sempre diversificado.
Velas e sabonetes aromatizados e decorativos
Quando a energia ‘vai embora’ e ficamos às escuras em casa, ou em qualquer outro ambiente, o primeiro objeto que nos vem à mente é uma vela. Para a artesã Cylis Fernandes não é bem assim. Ela começou a fabricar velas decorativas há 17 anos e hoje, nos mais variados formatos, são a sua grande paixão.
“Sempre gostei de fazer artesanato e comecei com caixas para embalagens. Vendia, principalmente, para minhas amigas, no trabalho. Depois de uns cinco anos naquela atividade, adquiri uma LER (Lesão por Esforço Repetitivo) tanto era a quantidade de papelão que eu cortava para fazer as caixas. Sem poder mais continuar naquele trabalho, comecei a procurar outro até que um amigo deu a sugestão de eu fazer velas. Fui a uma loja e comprei uma revista que ensinava a fazê-las, e na mesma loja vendia todo o material necessário”, lembrou.
Em 2000, quando foi inaugurada a Feira de Artesanatos da Eduardo Ribeiro, Cylis estava lá com suas velas. “Também participava de uma feira que acontecia na Ponta Negra. Nos dois lugares eu vendia muito bem e ganhava mais do que com as caixas. Quando se aproximava a época do Natal, eu chegava a derreter 500 kg de parafina num mês”, recordou.
Mas nada que é bom dura para sempre. A parafina é um subproduto do petróleo e acompanha o preço deste. “No começo a parafina era barata e dava pra vender as velas bem em conta, mas o preço do petróleo aumentou, da parafina também, e acabou nas velas. Hoje derreto uma média de 50 kg de parafina/mês e faço velas pequenas, com preços populares, para vender na feira, mas continuam vendendo bem”, garantiu.
Segundo a artesã, pouquíssimas pessoas fabricam velas em Manaus. “Minhas velas não são para iluminar. Elas são aromatizadas e decorativas. E posso fazê-las nos formatos mais inimagináveis possíveis”, frisou.
Numa parceria com o artista Márcio dos Anjos, por exemplo, que trabalha com arames, Cylis faz velas no formato de flores e Márcio, castiçais, nos quais as velas são colocadas. “Teve uma época que uma promoter encomendava umas velas gigantes, de 25 kg cada, para decorar os seus eventos. Depois trazia as velas aqui para eu refazer a parte danificada pelo fogo, e novamente as utilizava”, falou. “Até hoje se alguém quiser alguma vela desse tamanho, eu faço. Atendo muito a encomendas de pessoas que querem velas exclusivas”, contou.
É tanta a variedade de modelos de velas produzidas por Cylis, que nem ela sabe quantos são. São colocadas dentro de taças, ou em suportes para ficarem flutuando, ou no formato de bolas com rosas decorativas, ou sobre um santuário (também de parafina), ou em suportes para flutuar em piscinas, e ainda no formato de vitórias régias.
“Também decoro com fotografias e qualquer imagem que o cliente queira. Uma criação minha é desidratar folhas e colocá-las no corpo da vela, ideal para quem ganha um buquê e quer eternizá-lo junto com a pessoa amada”, disse. Além das velas, a barraca da artesã na Feira da Eduardo Ribeiro também vende difusores de aromas regionais e tradicionais, águas perfumadas para tecidos e sabonetes à base de plantas e óleos regionais, tudo preparado artesanalmente por ela.
“Depois das velas, os sabonetes são minha outra paixão. Produzo dez tipos diferentes (crajiru, andiroba, copaíba, banha de tartaruga, mulateiro, mulateiro com argila, argila branca, argila verde, lama negra e própolis com enxofre). Os dois que mais vendem são o mulateiro, porque tira manchas da pele; e o própolis com enxofre, porque cura a acne, coceiras e micoses”, explicou. Cylis também usa as redes sociais e um site para atingir um maior número de clientes interessados em seus produtos.