O novo reajuste nos preços do diesel e da gasolina anunciado pela Petrobras preocupa os segmentos dos transportes de cargas rodoviário e fluvial do Estado. Conforme a Federação das Empresas de Logística, Transportes e Agenciamento de Cargas da Amazônia (Fetramaz), a cada aumento, o valor do diesel é repassado diretamente à empresa que contrata o serviço de deslocamento das cargas.
O acréscimo, que poderá chegar à 2,31% sobre o valor da tarifa, deverá atingir o bolso do consumidor. A elevação dos preços somados a outros fatores motivou o fechamento de pelo menos 20 empresas de transportes de cargas nos últimos dois anos.
Segundo o representante da Fetramaz e primeiro secretário do Sindicato das Empresas de Agenciamento, Logística e Transportes Aéreos e Rodoviários de Cargas do Amazonas (Setcam), Raimundo Augusto Araújo, o diesel é um dos componentes mais essenciais do transporte de cargas. O produto representa uma média de 33% dos custos operacionais do setor no Estado e esse percentual será somado ao novo reajuste, que no caso do diesel será de +0,1% e +3,3% para a gasolina, com limite de variação de mais ou menos 7%.
Araújo comenta que a situação é preocupante porque o fator reajuste dos combustíveis somado a outras situações como o aumento no custo da mão de obra, complexidade nos processos da Justiça do Trabalho, os custos operacionais com equipamentos e peças e ainda a falta de segurança e de infraestrutura na preservação das estradas, fecham um pacote que resulta no fechamento de empresas de transportes de cargas. Somente nos últimos dois anos cerca de 20 empresas fecharam as portas.
“O diesel é o componente mais cruel em relação aos custos operacionais do transporte de cargas e representa uma média de 33% dos custos operacionais. A partir de hoje precisaremos conversar com os contratantes dos serviços de cargas para mostrar a necessidade do aumento no valor do frete. É feito um acordo comercial entre o tomador e o prestador de serviço. É necessário negociar, ter argumentação para que o contratante entenda”, explicou.
De acordo com o empresário, devido à crise econômica e mais os reajustes constantes nos valores do combustível, as empresas enfrentam dificuldades para manter a operação.Ele destaca que o aumento no preço do diesel atinge a toda a cadeia envolvida. “É um momento de dificuldades. As empresas estão tendo baixos lucros e estão trabalhando apenas para manter o funcionamento. O tomador de serviço rejeita qualquer tipo de aumento nos custos, mas estamos dentro de uma engrenagem que afeta a todos, inclusive ao consumidor final”, relatou.
Conforme o segundo vice-presidente do Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas (Sindarma), Claudomiro Carvalho Filho, o reajuste definido pela Petrobras pode preocupar o setor caso perdure pelos próximos meses, mas caso seja estabelecido a curto prazo, ele afirma que o reajuste não deverá afetar o preço do frete.
“Vamos esperar para ver se o novo preço chegará até à bomba. Se for um reajuste temporário o preço não será alterado, mas se for algo consolidado e perdurar até ao final do ano poderá sim haver impacto na tarifa”, comentou o empresário. Filho disse que o diesel representa em torno de 40% a 45% e caso o reajuste do combustível que passou a vigorar hoje atinja o percentual de 5%, poderá haver maior impacto por parte das empresas e o consequente repasse ao cliente.
“Se o aumento chegar a 5% é provável que as empresas sintam, mas vamos aguardar. Às vezes a refinaria faz o anúncio mas absorve os valores e não repassa às empresas”.
Por meio de nota a Petrobras informou que o Grupo Executivo de Mercado e Preços (GEMP) decidiu autorizar reajustes de mais 0,1% no diesel e mais 3,3% na gasolina, uma vez que o limite de variação de mais ou menos 7% fixado pela política de preços da companhia para decisões da área técnica foi atingido.
A Petrobras também alegou que o furacão Harvey gerou impactos na operação das refinarias, oleodutos, e terminais de petróleo e derivados no Golfo do México, os mercados de derivados sofreram variações intensas de preços.
A avaliação dos representantes do GEMP é que a política de preços definida pela Petrobras tem sido capaz de garantir a aderência dos preços praticados pela companhia às volatilidades dos mercados de derivados e ao câmbio.
Com os ajustes definidos hoje, a área de marketing e comercialização da Petrobras volta a contar com uma faixa de menos 7% a mais 7% para operar os movimentos de preços necessários ao longo do mês. Caso este limite seja novamente ultrapassado, o GEMP realizará novas reuniões ao longo do período. As reuniões de avaliação do GEMP são realizadas, no mínimo, uma vez por mês.