Norte lidera negativação de empresas no Brasil

Com o cenário econômico ainda difícil em 2016, o Norte foi a região que mais aumentou o número de empresas inadimplentes em novembro, com avanço de 8,97% na comparação com igual período de 2015. Os dados são do Indicador de Inadimplência de Pessoas Jurídicas do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da  Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Em seguida aparece o Nordeste, que registrou avanço de 8,60%, o Sudeste (6,15%), o Centro-Oeste (6,11%) e a região o Sul (5,31%). O setor credor que concentra a maior parte das dívidas de pessoas jurídicas, ou seja, para quem as empresas estão devendo, é o comércio, em todas as regiões analisadas.

Segundo o economista, Francisco Mourão Júnior, o movimento de inadimplência teve influência drástica de vários fatores econômicos. Ele explica que, no caso do Amazonas nem mesmo as datas comemorativas tiveram os efeitos esperados. “Com a recessão econômica, teve o recuo do consumo e atividades com os juros altos, além da própria inflação em torno de 8% e o aumento do desemprego que contribuíram para o consumidor recuar e, as empresas com altos estoques apostaram em datas, como Dia das Mães que não tiveram retorno satisfatório. E isso afetou a capacidade de pagamento das dívidas, quebrou muitos negócios e os números são resultado disso”, avalia.

Na avaliação do vice-presidente da Federação do Comércio do Amazonas (Fecomércio-AM), Aderson Frota, o crescimento dessas taxas neste ano projeta o quanto a recessão afetou as empresas. “O nível de negócios caiu muito, prejudicando o setor e só no Amazonas perdemos R$ 1 bilhão em ICMS, se comparado ao ano passado. As pequenas empresas foram as mais atingidas em função dos custos de seus negócios, porque se uma empresa, por exemplo, vendia R$ 10 mil e tinha um custo fixo de 20% desse valor, quando cai para R$ 8 mil os 2 mil comprometidos refletirão como 40%. Esse aumento come o lucro da empresa e assim claro, vai ficar com dificuldades de cumprir sua agenda de pagamentos”, explica.

Foto: Reprodução/Shutterstock
Para Frota, 2016 foi muito pior que 2015 em termo de investimentos, vendas e empregos, principalmente para o comércio. Segundo o representante, a grande massa das empresas do Amazonas é de pequenos e micro negócios, que são frágeis a qualquer instabilidade econômica.

“Elas não têm grande resistência às dificuldades, acabam murchando e fechando o negócio. Em 2016, por exemplo, a estimativa é que pelo menos 12 empresas do setor de material de construção tenham fechado e esse número é muito alto, comprovando mais uma vez que este ano a crise foi mais intensa”, afirma.

Cenário nacional com crescimento em novembro

De acordo com o estudo, o número de empresas inadimplentes em todo o país segue crescendo na comparação anual, porém a taxas menores do que aquelas observadas no início do ano. A alta foi de 6,80% na comparação entre novembro e o mesmo mês do ano anterior, em outubro a variação anual havia sido de 7,27%. Além do aumento no número de empresas inadimplentes, houve também um crescimento de 6,40% da quantidade de dívidas em atraso em nome de pessoas jurídicas, frente ao mesmo mês de 2015.

Ainda segundo o indicador, em novembro o crescimento do número de dívidas de pessoas jurídicas pelo setor credor, ou seja, para quem as empresas estão devendo, teve o comércio aparecendo com a maior alta com 11,34%. Em seguida aparece a indústria, que registrou aumento de 7,38% e o segmento de serviços, que engloba bancos e financeiras (5,57%).

Para Mourão Júnior, o endividamento generalizado é reflexo da situação econômica e política do país e a grande aposta é para o segundo semestre de 2017. “A alta da inadimplência entre as empresas e pessoas físicas, é resultado do cenário que limita o crédito. A expectativa é que a partir do segundo semestre, as medidas: cortes dos gastos, flexibilização da CLT, mudanças do cartão de crédito entre outras, anunciadas pelo governo reflitam positivamente nos Estados”, projeta o economista.

Ainda segundo o estudo, já em termos de participação no total das dívidas, o setor de serviços é o que mais se destaca, com um total de 69,11% das dívidas. O comércio aparece em seguida com 17,29% e a indústria em terceiro lugar, registrando avanço de 12,03%.

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