Negócios de impacto geram renda e inclusão; entenda

Negócios de impacto são um novo tipo de empreendimento, que une propósito e inovação para resolver problemas sociais e ambientais no mundo atual. Muita gente empreende e cria novos negócios para ganhar dinheiro, seja por necessidade ou por oportunidade. Mas o empreendedorismo pode ir além e trazer impacto social e ambiental em setores críticos da nossa economia.

Segundo O 1º Mapa de Negócios de Impacto Socioambiental, realizado e divulgado pela Pipe Social, em 2017, o Brasil conta com 579 negócios de impacto, nas áreas de finanças sociais, saúde, educação cidades, tecnologias verdes e cidadania. Nova edição do mapa será divulgada em 2019, e a expectativa é que o número de negócios tenha dobrado.

Em nível global, os negócios de impacto social têm movimentado cerca de US$ 60 bilhões, com aumento de 7% ao ano. Os dados são da Ande Brasil (Aspen Network of Development Entrepreneurs), rede de empreendedores de países em desenvolvimento.

Foto: Divulgação/FIINSA
Outra pesquisa realizada também pela Ande Brasil, em parceria com a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP), revela que foram alocados US$ 1,3 bilhão em investimentos de impacto na América Latina em 2014 e 2015. O Brasil foi o segundo maior mercado da região.

Esse tipo de negócio já chegou à Amazônia. Uma chamada realizada pela Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA) mapeou 81 negócios de impacto na região, atuando em diversos setores, em área de floresta e urbana. Entre as atividades estão produção de borracha natural em seringais nativos por comunidades indígenas e tradicionais, chocolates produzidos a partir cacau nativo, beneficiamento de frutos e especiarias da floresta, criação de abelhas e mel, ecopainéis de fibra de açaí, conexão de agricultores familiares com consumidores, sistema de agricultora de precisão, apoio a comunidades tradicionais pela valorização do artesanato amazônico, valorização gastronômica de ingredientes locais, transformação de resíduos de alimentos em proteína para a criação de peixes e biofertilizante com insetos amazônicos.

O potencial para o desenvolvimento desses negócios a partir dos ativos da floresta, envolvendo comunidades locais, gerando trabalho e renda, é imenso. E confirma a tendência de ampliação dos negócios de impacto por todo o país, em todas as regiões. 

Foto: Divulgação/FIINSA
Confira aqui cinco pontos que mostram que esse modelo de negócio é mais do que adequado para um novo ciclo de desenvolvimento amazônico, gerando oportunidades, renda e cuidado com o meio ambiente. E como a região já vem se preparando para isso.

1. Este ano está sendo realizado o 1º Fórum de Investimento de Impacto e Negócios Sustentáveis na Amazônia (FIINSA)

O FIINSA, que acontece nos dias 13 e 14 de novembro, vai reunir, além de startups e negócios de impacto em desenvolvimento na região, especialistas nacionais, investidores e instituições que podem ajudar na formação e na estruturação dos negócios, além de possibilitar conexões e fechamento de negócios entre os atores desse ecossistema. É o primeiro evento do tipo, e promete inspirar a construção de uma agenda permanente de eventos e encontros que possam ajudar a desenvolver ainda mais esse campo na região Amazônia.

2. A nova geração de negócios enxerga valor na conservação da Amazônia

Muitos dos negócios mapeados pela chamada da PPA que já se estruturaram na região Amazônia, ou estão em processo de estruturação, trabalham com ativos da floresta, explorando de maneira sustentável especiarias, frutos e outras matérias primas envolvendo comunidades tradicionais. É um novo modelo que se desenvolve, apostando na valorização da sociobiodiversidade para gerar renda e inclusão.

3. Surgimento de organizações e projetos que oferecem formações para empreendedorismo de impacto 

O Impact Hub Manaus é uma dessas organizações, que tem como missão empoderar pessoas e organizações por meio do empreendedorismo e inovação social gerando impacto sustentável. Oferece cursos e eventos, além de ser um ponto de encontro para quem trabalha com esse modelo de negócio.

O Idesam é outra dessas instituições, que envolve nove organizações sociais dos municípios de Apuí, Caruari, Itapiranga, São Sebastião do Uatumã, Silves, Lábrea e Boa Vista do Ramos em um plano estratégico para promoção do uso múltiplo da floresta por meio do fomento ao manejo florestal em pequena escala e produção de óleos vegetais de origem familiar e comunitária, iniciado em março de 2018.

Outro projeto orientado pelo Idesam é a produção de café em sistema agroflorestal no município de Apuí, um dos grandes responsáveis pelo desmatamento no estado do Amazonas. A estratégia adotada promoveu o fortalecimento da cadeia cafeeira na região, com profissionalização e geração de renda. Hoje, mais de 50 agricultores cultivam o café. O número de sacas de café produzido por hectare no local passou de 9 por hectare para 24 por hectare. A marca Café Apuí foi lançada em 2015 e vendeu 18 mil pacotes de 250 gramas de café torrado e moído já no primeiro ano de divulgação. A renda média das famílias cresceu em mais de 200% com o projeto.

4. As empresas estão empenhadas em entender esse novo modelo

A Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA) foi criada como objetivo de engajar empresas e setor privado na busca por soluções concretas e abordagens de negócio para promover o desenvolvimento social e econômico, aliado à conservação ambiental na Amazônia. Atua em investimentos de impacto e finanças sociais, com apoio a startups e promoção de negócios sustentáveis que contribuam com a conservação da floresta, desenvolvimento de comunidades e produção sustentável de alimentos. A PPA é coordenada pelo Idesam, com apoio da Usaid e Ciat, fundada e governada pelas empresas que compõem o comitê gestor inaugural: Ambev, Bemol, Coca-cola, DD&L, Dow, KPMG, Grupo Nova Era, Natura, Sinoreg, Whirlpool e 3M.

5. Negócios de impacto que já estão estruturados mostram que o modelo é viável e traz oportunidades

Os negócios de impacto na Amazônia encontram-se hoje em diversos estágios de desenvolvimento, mas há aqueles que já se mostram estruturados e viáveis. É o caso da Manioca Brasil, indústria gastronômica que trabalha com ingredientes amazônicos e produtos 100% naturais para promover o comércio justo, num relacionamento com produtores, comunidades, cozinheiros e todos que são a base da receita de sucesso da culinária Paraense.

Hoje o Manioca trabalha com 24 fornecedores ativos de insumos amazônicos, dos quais 15 são agricultores familiares. Os produtos comercializados incluem doces, geleias, temperos, farinhas, grãos e congelados como o tucupi e o jambu. Desde 2014, o faturamento tem crescido em média 150% ao ano.

Outro exemplo é a Pecuária Sustentável da Amazônia (PECSA), que atua na gestão de fazendas sustentáveis no norte do Mato Grosso. O trabalho da empresa vem mostrando que é possível aumentar a produtividade em 5 a 9 vezes gerindo bem os recursos disponíveis, sem desmatar a floresta, tornando a pecuária na Amazônia sustentável.

Saiba mais sobre o FIINSA e como participar e construir esse movimento: forum.ppa.org.br.

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