Para aumentar a renda, motoqueiros de Manaus enfrentam uma dupla jornada de trabalho e o perigo de assaltos constantes em suas corridas. É que entre uma corrida ou outra, eles trabalham como mototaxistas, transportando pessoas de um lado a outro da cidade, e como motoboy, em corridas deliveries para supermercados, restaurantes, lojas e drogarias.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Profissionais Mototaxistas de Manaus, Anderson Souza, há poucos mototaxistas sindicalizados em Manaus, porém atuando na área, são aproximadamente quase 3 mil legalizados, e ainda há 400 vagas em aberto, que estão em análise pelo sindicato para serem entregues aos licitantes ou para entrar em nova análise licitatória.
Atualmente, 95% dos mototaxistas de Manaus, segundo Anderson, são do sexo masculino com idade entre 30 e 40 anos.
Anderson afirma que há muitos mototaxistas que procuram aumentar sua renda atuando como motoboy, porém acredita que esse tipo de trabalho, que aumenta a carga horária, sendo prejudicial ao profissional. “Quando o mototaxista exerce uma função fora da área de atuação dele, isso o prejudica, porque está excedendo suas horas de trabalho. E também ele acaba ocupando uma vaga que poderia ser de um clandestino, que está trabalhando como mototaxista ilegalmente. Isso é complicado”, lamenta ele.
O presidente informa que o mototaxista investe mais de R$ 25 para ser legalizado na área, para ganhar uma média de R$150 a R$200, trabalhando 15h por dia. “Mas por conta do crescimento de clandestinos atuando na área, nós não estamos mais chegando a ganhar nem mais da metade dessa média. E, muitas vezes, esse profissional precisa pagar pensão, aluguel, custos muito alto com a família, o que os leva a fazer “bico” como motoboy”, salienta.
Para Anderson, se a fiscalização do poder público fosse correta contra a atuação de mototaxistas clandestinos, os “jacarés”, os legalizados não precisariam trabalhar fazendo extra como motoboy. “Se tivesse uma fiscalização, sobraria emprego para as pessoas que queiram trabalhar legalmente”, finaliza ele.
Mototaxista
E quem exerce as duas profissões, de dia mototaxista, e à noite, faz freelas como motoboy, é o motoqueiro Wildomar Lopes, 38 anos.
Lopes trabalha pilotando moto profissionalmente há dois anos e disse que a falta de segurança, com assaltos a mão amarda, é o que mais o deixa triste com a profissão. “Já fui assaltado cinco vezes. A falta de segurança é muito grande pois, como trabalho também como motoboy, na entrega de joias e produtos para lanchonetes e farmácias, a empresa acaba sofrendo o impacto também. Uma vez que os assaltantes, além de levar o dinheiro, ainda levam a entrega do cliente”, disse ele, ao temer pela própria vida, pois é casado e precisa sustentar dois filhos menores.
Ex-mototaxista
Já para o motoboy Anderson Santos, a falta de segurança, devido assaltos e a distância da família, o fizeram largar o trabalho de mototaxista. “Também não era legalizado. E vivia fugindo das blitze. Por isso, deixei a área. Muito inseguro, porque você não conhece a pessoas que está transportando.
Não me sentia seguro. Prefiro trabalhar como motorista e motoboy de empresas, porque o risco é menor”, salienta ele.
Motoboy e mototaxista
Na área de motoboy há 8 anos, Makline Peterson disse que nunca pretendeu trabalhar como mototaxitas, pois gosta de trabalhar de dia e nunca sentiu a necessidade de duplicar a sua carga horária de trabalho. “Nunca trabalhei como mototaxista, sempre de delivery nas pizzarias, restaurantes, e, atualmente, na drogaria Santo Remédio do Coroado, onde trabalho 8 horas por dia e estou realizado”, disse ele.
Ele explica ainda que não existe nenhuma divergência entre as classes de motoboys e mototaxistas, porém os problemas externos, como assaltos e acidentes, os igualam na necessidade de uma representação mais eficaz.
“O profissional Delivery chega a ganhar R$ 2 mil por mês. E isso é associado ao salário e a comissão que recebemos por entrega que, geralmente, varia de empresa para empressa, recebemos a comissão na mesma hora da entrega. E cada taxa de entrega varia de R$ 8 a R$ 10, dependendo da entrega. Por isso, numa noite, a gente chega a pegar R$ 100 até R$ 120. E acredito que seja muito bom que tenho uma família para sustentar”, finaliza ele.
De acordo com a gerente comercial das empresas Santo Remédios, Rebeca Tomé, a empresa atua em Manuas com mais de 53 lojas e 30 motoboys, que também possui motoboys que trabalham, no período livre, como mototaxistas. “Como a gente trabalha com Call Center, os nossos motoboys podem trabalhar sim, como mototaxistas. Basta que eles cumpram com as nossas entregas e sejam legalizados, sindicalizados e tenham feito o curso de direção defensiva pelo Detram. Assim, sem problema deles atuarem fora das nossas lojas”, disse ela.