Indústria do Amazonas compensa folga durante o Carnaval

Parada programada no período de carnaval é mais viável para a indústria. Dependendo do segmento, uma boa estratégia é paralisar a semana inteira e compensar com banco de horas, para necessidade futura. Outra opção é dar férias coletivas, porém não é a saída mais adequada para este período. Segundo especialistas, neste caso a área produtiva deverá paralisar suas atividades no mínimo em 10 dias, mediante acordo com a categoria laboral e Delegacia Regional do Trabalho (DRT).

Contudo, vale a pena analisar a realidade de cada segmento econômico, e tomar a decisão mais adequada. Afinal de contas, para muitos brasileiros, o ano começa só depois do carnaval.

De acordo com o presidente do Conselho Regional de Economia do Amazonas (Corecon-AM), Nelson Azevedo, as empresas deverão paralisar a produção neste período de Carnaval, adotando o regime de compensação de horas. “Eu acredito que o ritmo natural da grande maioria das empresas é de parar na sexta-feira (24) e retornar só na quinta-feira (2), ou seja, segunda-feira (27) e a metade da quarta-feira (1º) já devem ter sido compensadas. E para quem ainda não compensou, com certeza será feito compensação. Isso é o que está em acordo de modo geral”, explicou.

Segundo Nelson Azevedo, a Indústria é movida pela demanda do consumidor que já foi atendida em dezembro e janeiro, período de férias coletivas adotado na maioria das empresas. “A indústria é uma consequência do cliente e do consumidor. Nós temos as festas de fim de ano com grande parte do setor de férias coletivas. Depois começa a retornar a produção em janeiro, um período em que esses ajustes acontecem de forma mais lenta e, em seguida, já é carnaval”, observou.

Na opinião do economista, é a indústria que movimenta a economia, que só começa a andar depois do Carnaval. “Todo mundo sabe que nessa época o brasileiro é muito envolvido. Culturalmente é contaminado por esse período de Momo, que já se tornou uma tradição no país. É por isso que as coisas começam a acontecer em termos de produção da indústria e serviços de modo geral, só depois do carnaval. Na verdade, a indústria é que começa a movimentar tudo e o país só começa, realmente, a se movimentar depois do Carnaval”, disse Azevedo.

Foto: Walter Mendes/Jornal do Commercio
Na avaliação do presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Antonio Silva, para interromper a produção no  Polo Industrial de Manaus (PIM) no Carnaval depende da demanda e do estoque. “Se a empresa estiver com pouca demanda o melhor é parar no feriado, mas se a demanda for muito grande, vale mais pagar pelas horas extras dos funcionários, do que parar no feriado”, destacou.

Lembrando que no ano passado,a produção industrial do Amazonas ajustada sazonalmente apontou recuo de 4,7% em fevereiro na comparação com janeiro, segundo dados do  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Neste ano, a expectativa é de manter o mesmo patamar de 2016. “Porque além de fevereiro ser o menor mês do ano em número de dias, vai ficar ainda menor em dias úteis com o feriado de carnaval caindo no dia 28”, alertou Antonio Silva.

Na visão do diretor-executivo da Springer Plásticos da Amazônia S/A, Orlem Pinheiro, com o país tentando sair da maior crise político-econômica da história, a melhor opção para o período carnavalesco é parar as máquinas e movimentar o comércio e serviços. “No Brasil temos muitos feriados e causa grande prejuízo para a nação. No momento atual é mais vantagem fazer uma parada programada aproveitando o viés de baixa”, disse.

Segundo Pinheiro, dar folga a partir da sexta-feira (24) com retorno na quarta-feira de cinzas depois do meio dia (1º de março) é uma opção clássica na indústria. “E dependendo do segmento, uma boa opção é paralisar toda a semana e compensar com banco de horas em uma necessidade futura”, afirma.

Sobre férias coletivas, Pinheiro não vê uma saída viável para este período. “Não é a mais adequada, haja vista, para que, no mínimo, seja configurada as férias coletivas, a área produtiva deverá paralisar suas atividades em 10 dias mediante acordo com a categoria laboral e DTR. Contudo, vale a pena analisar a realidade do segmento econômico”, explica.

O executivo da Springer lamenta que no Brasil, há quem diga que, o ano só começa depois do Carnaval. “Infelizmente é quase isso, pois, somente a partir de março se começa a ter um mês completo para a realização da produção”, conclui.

Antecipação da folha de pagamento

No PIM  há uma grande expectativa de antecipação do pagamento da folha para o dia 24 de fevereiro, segundo Nelson Azevedo. Tudo porque, neste ano, o feriado de carnaval cai no dia 28 de fevereiro, último dia do mês. “Por um lado vai ser bom, porque a maioria das empresas, quase a totalidade não espera até o 5º dia útil para efetuar o pagamento do pessoal. E neste ano, a proximidade do dia 20 (reservado para a antecipação salarial) do último dia do mês, eu acredito que, quem puder vai pagar a folha de fevereiro toda de uma vez no dia 24, que seria o último dia útil deste mês que, por si só, já é curto”, analisou o economista.

E, como o Carnaval é a tradicional festa do povo brasileiro, que aproveita para se divertir ou para descansar em lugares paradisíacos espalhados pelo país, a tendência é mesmo de diminuir o ritmo da indústria e esquentar o turismo. “Isso tudo faz com que realmente pare a produção industrial. Inclusive já tem muita gente planejando passar essa semana do carnaval fora da cidade, nos municípios do interior do Estado. Eu, por exemplo, estou me programando para ir até o meu sítio em Rio Preto da Eva”, revelou o presidente do Corecon-AM.

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