Andiroba, Babaçu, Buriti, Castanhal do Pará, Cupuaçu e Ucuuba são apenas alguns dos produtos encontrado na flora amazônica que estão disponíveis, em formato de óleo, e são usados há muitos anos pelos povos tradicionais e ganham o mundo a partir de empresas multinacionais, como Natura e O Boticário, além das regionais que estão ganhando cada vez mais espaço no mercado, como A Moreninha, a AmazonOil e a Biozer da Amazônia, que nasceu como uma startup.
Segundo Danniel Pinheiro, co-founder da Biozer da Amazônia, a startup dá visibilidade ao trabalho desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
“A Biozer nasceu em 2008, com meu pai como pesquisador do Inpa, com o objetivo de colocar produto da pesquisa no mercado, de 2008 a 2016 ficou empresa como P&D, não colocou produto no mercado, mas desenvolveu vários produtos”, conta.
Ainda segundo Danniel, em 2016, quando ele entra no projeto, a primeira ação foi trabalhar na perspectiva de tirar as pesquisas de um laboratório e levar para o mercado.
“Entro na empresa e começo a perceber porque todo aquele potencial científico e tecnológico não entrava no mercado. Então, refundamos a Biozer como startup de cosméticos fitoterápicos e alimentos funcionais no ano de 2017, agora pra colocar os produtos oriundos da pesquisa, no mercado, encurtando o caminho da academia e iniciativa privada”, ressalta.
Para o especialista e colunista de empreendedorismo no Portal Amazônia, André Torbey, investir na biodiversidade amazônica é ter diferencial no produto a ser entregue ao mercado.
“O diferencial, sem dúvidas, está ligado à diversidade e ao potencial gerado pela quantidade, ainda desconhecida, do retorno possível através da cultura e desenvolvimento de novos produtos, independente do setor”, conta.
Nesse sentido, Torbey ressalta que a biopirataria é um problema nesse campo, e é preciso reforço no desenvolvimento sustentável da região.
“Nos últimos anos vimos o quanto a biopirataria tirou daqui inúmeros produtos e gerou vários contratempos. Isso reforça a necessidade e urgência em criar ambientes mais propensos ao empreendedorismo sustentável. Sabemos o quanto o setores alimentício, de cosméticos e vestuários crescem no nosso país. E aqui temos “ingredientes” em abundâncias e, vários deles, só são encontrados na nossa região”, pontua.
Para empreender na Amazônia, Torbey lembra que é preciso conscientização quanto à floresta.
“Precisamos ainda dar mais prestígio às iniciativas locais enquanto elas estão começando. A parte mais essencial e que deve estar na matriz de todos que querem empreender por aqui é a conscientização e execução das demandas de forma sustentável. É preciso cuidar e desenvolver técnicas e ferramentas para que nossa floresta continue de pé. Gerando emprego, renda e trazendo retornos sem destruir”, disse.
Essa é uma das preocupações da Biozer da Amazônia, que, em parceria com o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável (IDESAM) e com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE-AM), trabalham a biodiversidade da região, tem todas as pontas da cadeia produtiva.
“Trabalhar com ingredientes da floresta, de onde tiramos, do interior do Amazonas, é dificultoso, e com isso precisamos ser mais sensível com os extrativistas e cooperativas, que nos fornecem os ingredientes. Buscamos um trabalho na ponta, e buscamos nas parcerias formadas, a melhorar a questão do insumo, pois entendemos que esse trabalho de desenvolvimento é inicial, mas precisa ser feito”, conta Danniel.
Novos produtos no mercado
O anuário 2019 da Associação Brasileira das Indústrias de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) aponta que em 2018, foram lançados mais de sete mil produtos no setor, o que representa uma alta de 4,3% na comparação com 2017, mesmo em período de crise. E de janeiro a julho deste ano, a indústria de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos obteve alta de 1,5%, comparando com o resultado registrado no mesmo período do ano passado.
Em parceria com o IDESAM, a Biozer da Amazônia, vai lançar nesta quinta-feira (12), a partir da marca de cosméticos, Simbioze Amazônica, uma nova linha de produtos naturais, amazônicos e veganos, à base de açaí e copaíba.
“Quando utilizamos a biodiversidade amazônica, estamos levando as características da região, de uma forma premmium, mostrando as peculiaridades. A linha Energetic Face, foi executada com recurso do programa de bioeconomia do IDESAM, onde a proposta era desenvolver três produtos, um gel de limpeza facial, uma espuma e um gel esfoliante com ativos amazônicos, o açaí, pelo potencial antioxidante, e a copaíba, pela atividade antiseptica”, disse Danniel.
Os insumos da Simbioze Amazônica são oriundos de três miniusinas instaladas no interior do Amazonas, em Lábra, Silves e Carauari, e fomenta a cadeia de produção e gera renda para comunidades ribeirinhas desses municípios. Tem os insumos rastreáveis, com qualidade, oriundo diretamente dos extrativista, sem atravessadores.