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MANAUS – Laticínios, carne e couro são alguns dos produtos derivados de búfalos na Amazônia. Por sua força, o animal também é usado para tração e meio de transporte. Os estados com maiores rebanhos são respectivamente Pará, Amapá e Amazonas. A Região Norte é a que tem maior potencial de lucro, pois detém mais de 60% do plantel brasileiro.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Búfalos (ABCB), Cláudio Bruna, o mercado de criação e derivados de búfalo movimenta quase R$ 2 bilhões por ano. “Os produtos são bem aceitos em quase todos os segmentos do mercado de laticínios, especialmente nas classes A e B”, avalia.
A cifra bilionária corresponde à criação e comercialização de produtos derivados do rebanho nacional, de 1,332 milhão de cabeças. Pará e Amapá detém 58,3% de todo o efetivo, com 507.882 e 268 903, respectivamente. O Amazonas aparece em seguida, com 85.532 cabeças, o que representa 6,4% de participação nacional.
O paraense João Rocha herdou a criação de seu pai e hoje administra uma criação de 2 mil cabeças na região de Abaetetuba e na Ilha do Marajó. O criador diz que não tem do que reclamar e aposta no crescimento do mercado. “A produção feita na Ilha do Marajó não está atendendo a demanda do local”, conta.
A explicação para o crescimento do mercado pode estar no perfil versátil do animal. Ele se adapta fácil a vários ecossistemas e têm bom temperamento. Os búfalos se reproduzem em praticamente todas as circunstâncias e, quando bem adestrados, são dóceis. Além disso, são animais fortes que podem carregar em suas costas o equivalente ao seu peso e tracionar mais que o dobro disso.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas (Faea), Muni Lourenço, também aposta no potencial da bubalinocultura. “O Amazonas tem todas as condições necessárias para avançar na produção de búfalos. O nosso Estado já tem a terceira maior criação do Brasil. Esta seria mais uma alternativa econômica”, diz.
Meio ambiente
O fantasma do impacto ambiental ainda paira sobre as criações de búfalo. No Amapá, a prática pode ter levado a extinção do fenômeno da pororoca por causa do trânsito de animais no rio Araguari. Outro dano que pode ser causado pela presença do animal é a esterelidade do solo devido ao seu peso.
No entanto, o professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Fábio Jacob, explica que as técnicas de manejo têm avançado e diminuído os danos. Os benefícios vão desde a redução na área usada para a criação do animal até a preservação da pastagem.
“Se o pecuarista dividir a pastagem e limitar a circulação do búfalo, ele não apenas ganha por preservar a pastagem, como também diminui o impacto ambiental na área abrangida pelo rebanho”, pontua.