Ciclo de águas afeta produção rural na calha do Juruá

A cheia dos rios afeta a produção rural dos municípios localizados na calha do rio Juruá. Segundo o  Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), somente as cidades de Ipixuna e Guajará amargam o prejuízo contabilizado em pouco mais de R$2 milhões. A subida das águas atinge também a cidade de Carauari, que perdeu nos últimos dias, 24 hectares de terras produtivas. O instituto aguarda o envio de informações dos demais municípios das áreas atingidas pelas águas. Culturas de banana e mandioca são as mais prejudicadas até o momento. Os municípios de Guajará e Ipixuna já declararam situação de emergência.

O gerente de apoio às organizações de produtores do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), Lázaro Reis, conta que até o momento o instituto registra perdas de R$2.090.620,00, com o total de 209 agricultores afetados nos municípios de Ipixuna e Guajará. Somente em Ipixuna o prejuízo chega a R$1.247.490,00, com 174 agricultores atingidos. Enquanto em Guajará 35 trabalhadores foram afetados com perdas de R$843.130,00.

Segundo Reis, o instituto aguarda o envio de informações por parte dos demais municípios que integram a calha do Juruá.”Até o momento só recebemos informações de Ipixuna e Guajará, além de Carauari que teve perdas de 19 hectares de plantio de mandioca e mais cinco hectares do plantio de banana. A subida das águas deverá ser mais forte a partir de agora na região do alto Solimões. Monitoramos essa situação junto à Defesa Civil do Estado e as secretarias de produção dos municípios. Assim que recebermos informações dos demais locais atingidos fecharemos um relatório com o saldo total das perdas, atualizado”, informou.

cheia causa vários tipos de transtornos. Foto: Diego Oliveira/Portal Amazônia
De acordo com o presidente da  Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (Faea), Muni Lourenço, municípios localizados na calha do Purus, como Boca do Acre, Pauiní, Lábrea, Itamarati e Canutama, também sentem os efeitos da enchente com perdas na produção agrícola. Ele afirma que os produtores recebem orientação para tentar acelerar a colheita, caso haja possibilidade com o intuito de reduzir o volume de perdas. 

“Estamos preocupados porque o ritmo de subida das águas é acelerado. Ainda não há prejuízos consideráveis, mas se o ritmo da cheia tiver continuidade há possibilidades de grandes prejuízos. A alternativa, neste momento, é tentar acelerar a colheita de possíveis culturas que estejam em risco, caso elas estejam, também, em condições de comercialização”, explicou.

Lourenço explica que o movimento anual de subida e logo após, descida das águas dos rios afetam o volume produtivo dos municípios e também no setor da pecuária, devido à necessidade de transferir o gado para áreas de terra firme. 

“As cheias afetam as culturas agrícolas e também a pecuária porque com a subida das águas o criador precisa transferir os rebanhos para a terra firme, procedimento que demanda custos”, disse.

Conforme a assessoria de comunicação do  Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a previsão é de que a cheia dos rios deste ano atinja um nível recorde em relação à cheia dos anos anteriores. A assessoria também informou que o primeiro alerta e previsão de cheia será divulgado no próximo dia 31 de março.

Foto: Walter Mendes/Jornal do Commercio

Alerta para o Alto Solimões

Na última semana a Defesa Civil do Amazonas declarou estado de alerta para a região do Alto Solimões e situação de atenção para o Baixo Amazonas. 

Conforme a Defesa Civil, a ‘Situação de Alerta’ é a fase que antecede a Situação de Emergência. Na região do Alto Solimões sete municípios entraram nessa condição, que são: Tabatinga, Benjamin Constant, São Paulo de Olivença, Amaturá, Santo Antônio do Iça, Tonantins e Atalaia do Norte.

Monitoramento

De acordo com o  Centro de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil do Estado (Cemoa), a previsão para o próximo semestre no Alto Solimões, com base nas informações do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), é de chuva acima dos padrões climatológicos.

No campo hidrológico, com base em dados do  Serviço Geológico do Brasil (CPRM), o rio Solimões segue com cotas acima da média. Municípios em situação de emergência: Guajará, Ipixuna, Eirunepé e Itamarati. Todos fazem parte da calha do Juruá. Total de famílias afetadas: 5.970 

Municípios em situação de alerta: Juruá (calha do Juruá), Carauari (calha do Juruá), Envira(calha do Juruá), Tabatinga (calha do Solimões), Benjamin Contant (calha do Solimões), São Paulo de Olivença (calha do Solimões), Amaturá (calha do Solimões), Santo Antônio do Iça (calha do Solimões), Tonantins (calha do Solimões)e Atalaia do Norte (calha do Solimões).

Cidades em situação de atenção: Parintins (calha do Baixo Amazonas), Barreirinha (calha do Baixo Amazonas), São Sebastião do Uatumã (calha do Baixo Amazonas), Nhamundá (calha do Baixo Amazonas), Urucará (calha do Baixo Amazonas), Boa Vista do Ramos (calha do Baixo Amazonas), Maués (calha do Baixo Amazonas).

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