
Recentemente o grupo Comércio, Indústria e Exportação (Ciex) amargou a perda de uma exportação à Letônia em decorrência da demora na saída da carga de Manaus. O diretor do grupo, Davis Benzecry, conta que os contêineres abastecidos por castanhas estão retidos pela Receita Federal há dois meses e aguardam a liberação da autarquia para o retorno à fábrica.
Exportação da Castanha-do-Brasil sofre com a burocracia. Foto: Divulgação
“A Letônia é um cliente novo para o Amazonas e o Pará. Enviamos dois contêineres para lá, mas deixamos de embarcar uma quantidade bem superior devido à dificuldade dos trâmites para a exportação. O cliente desistiu da compra. O Ministério da Agricultura, a Receita Federal e demais órgãos complicam o processo. Fizemos um grande trabalho para conseguir abrir mercados com o comércio estrangeiro, mas esses entraves barram o desenvolvimento”, reclamou.
Benzecry ainda relatou o caso de um amigo empresário que tem uma fábrica instalada no município paraense de Oriximiná. O empresário exportava castanhas a partir de Manaus, mas devido os entraves burocráticos, o fabricante decidiu embarcar os produtos a partir de Belém (PA). “Esse empresário disse que os órgãos como Ministério da Agricultura e a Receita Federal, no Pará, são mais conscientes da importância da indústria e agem de forma mais sensata do que os órgãos em Manaus. Teoricamente a burocracia deveria ser a mesma lá também, mas não é. O problema é a burocracia noAmazonas”, disse.
Neste ano, o grupo Ciex exportou castanhas aos Estados Unidos, à Austrália, Israel e à Letônia. Segundo o diretor, no último ano mais de 50% das vendas de castanha aos Estados Unidos foi feita pelo Ciex. Para Benzecry, o aumento crescente nas exportações é reflexo do câmbio brasileiro que é favorável aos demais países, um incentivo às importações. 
Em 2014 a safra de castanha foi de 12,9 mil toneladas. Foto: Divulgação

Em 2014 a safra de castanha foi de 12,9 mil toneladas. Foto: Divulgação
O empresário conta que a Ciex ainda registra um crescimento de 10% nas vendas ao mercado interno, em relação a 2014. “Hoje, mais de 70% da produção de castanha é proveniente do Amazonas e do Acre. O Pará tem uma parcela pequena produção”, comenta.
Do total de castanhas processadas em 2015 pela indústria local, 8% foi adquirida a partir do Acre, o equivalente a seis mil hectolitros ou 300 toneladas. No Amazonas as principais regiões produtoras de castanhas são dos rios Purus, Madeira e Solimões.
Produção
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2014 a safra de castanha foi de 12,9 mil toneladas; em 2013 esse número foi de 11,7 mil toneladas; enquanto em 2012 a safra registrou 10,4 mil toneladas. Os maiores picos de coleta aconteceram em 2011 com 14,6 mil toneladas e em 2010, quando 16 mil toneladas foram processadas.
A fábrica do Grupo Ciex, beneficiadora das castanhas, funciona no mesmo período da safra, entre os meses de fevereiro e outubro. A empresa conta com média de 130 funcionários que atuam no controle de qualidade vistoriando o resultado do processamento mecanizado. Nos meses em que as linhas de produção estão paradas, a fábrica entra em processo de manutenção.
A reportagem tentou contato com a assessoria de comunicação da Receita Federal por meio do telefone 981xx-xx08, mas até o fechamento da edição não obteve retorno. Segundo a assessoria de comunicação da Sefaz o assunto é de responsabilidade da Receita Federal.