Turismo religioso: romarias, procissões e bons negócios no Amazonas


Foto: Pascom/Divulgação

MANAUS – A fé, além das montanhas do dito popular, move multidões. O turismo religioso vem há tempos ganhando força mundial. Dos roteiros mais tradicionais, como Vaticano e Jerusalém, as agências de turismo e viagens brasileiras vêm se adequando a promoção da modalidade em território nacional, focando em cidades como Aparecida (SP), Belém (PA), Salvador (BA) e a capital paulista com o recém-construído Templo de Salomão. No Amazonas, as “festas de santo” deslocam levas de turistas e devotos em datas já distintas do calendário amazonense para Parintins, Borba e Itapiranga, entre outras cidades.Visitando Nossa Senhora No interior do Amazonas, o cristianismo em sua denominação dominante no Brasil, o catolicismo, as festas de santos padroeiros são tradição e nem as distâncias impedem o fluxo de devotos que atravessa rios e corta estradas e céus para louvar seus padroeiros e ter alguns dias de diversão.

O destino religioso mais novo do Amazonas, Itapiranga, fica a 226 Km de Manaus via AM-010 e 281 Km via fluvial. Na rota fluvial, os barcos atraem o público que não tem pressa de chegar, afirma o comandante do navio motor Novo de Deus, Neto Júnior. “Saímos uma vez por semana para Urucará, o destino final da viagem, e em algumas horas de Manaus, estamos em Itapiranga que se tornou polo de peregrinação depois da aparição da Rainha do Rosário e da Paz em 1994”, disse o comandante que faz o trajeto há mais de 10 anos.
De acordo com Neto Júnior, a abertura da AM-010 tirou um pouco do movimento, mas sem abalos para a atividade dos barcos regionais. “A viagem foi encurtada, pela estrada se chega em três horas, muitas a menos do que o trajeto fluvial, mas quem nos procura quer descansar e para os turistas é uma boa pedida para conhecer as belezas da região”, conta.As peregrinações e procissões ocorrem todos os dias 1 e 2 de cada mês, exceto agosto e novembro, quando estas ocorrem em datas diferentes. Na cidade o turista ou devoto, pode se hospedar em quatro hotéis e sete pousadas e a cidade conta com vários bares, restaurantes e lanchonetes.
Parintins além dos bois
Outras datas religiosas da  região já são mais tradicionais e nem tão voltadas à adoração, fazendo das cidades um centro de diversão. Em Parintins distante 420 km de Manaus (via fluvial), todo mês de julho acontece a festa da Virgem do Carmelo, ou Nossa Senhora do Carmo, a maior do Amazonas e a segunda maior do Norte do País, sendo a principal a do Círio de Nazaré, em Belém.
A proximidade com o festival folclórico faz dos dias dedicados à Virgem do Carmo, motivos para se esticar a diversão. “Durante as festas dos bois, Nossa Senhora já é reverenciada, dando o destaque de que a padroeira precisa nos dias dedicados a ela. A cidade se enfeita de novo. Eu não sou devota, nem católica, mas é uma época para se comemorar pelo trabalho conseguido”, disse Elizabeth Gomes, que costuma ir a Parintins para trabalhar com alimentação.
Relíquias de Santo Antônio Outra grande festatradicional é a de Santo Antônio comemorada no município de Borba (a 150 km em linha reta e 215 km via fluvial) no mês de junho (1 ao dia 13, trezena de Santo Antônio). A comemoração atrai devotos de várias cidades amazonenses e do resto do Brasil, sendo as relíquias do santo o atrativo principal. E a cidade aproveitar para lucrar com o turismo religioso, explica o administrador da página Borba: Turismo, História, Gastronomia e Meio Ambiente, Toinho Cidade. “No período festivo, a cidade é invadida por marreteiros (camelôs), que fazem suas barracas no quadrilátero da basílica, a única no Amazonas, vendendo de tudo, de roupas até imagens e terços. O comércio também lucra bastante. Além dos restaurantes existentes, outros são abertos neste período.
Fora do circuito religioso, as atrações são o complexo do balneário do Lira e os balneários do Puxurizal e Mapiá” comenta Cidade. Um dos grandes entraves para a maior visibilidade da festa e do município fica por conta da rede hoteleira deficitária, conta Cidade. “Infelizmente, como a maioria das cidades hinterlandinas, os hotéis são restritos. Borba possui sete e claro que não comporta os cerca de 30 mil visitantes e romeiros que ficam, na sua maioria, nos barcos ou nas residências de conhecidos” ressalta.
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