Eles são figuras típicas desde o período colonial, por isso são importantes na cultura maranhense.
Pelas ruas de São Luís (MA) há uma figura particular característica: o pregoeiro. Eles são um tipo de vendedores ambulantes que comercializam alimentos e utensílios do dia a dia, mas sua principal atratividade é a forma de vender: cantando rimas e bordões inusitados.
Eles são figuras típicas desde o período colonial, por isso são importantes na cultura maranhense. A venda era de frutas a itens de cozinha, de doces e salgados a tudo que fosse necessário no cotidiano. Cestas de palha, grandes latas reaproveitadas, tabuleiros e carrinhos de mão eram as formas mais comuns de transporte dos produtos.
De acordo com Marize Barros Rocha Aranha, em sua tese de doutorado ‘Do pregoeiro ao camelô: a construção dos gêneros pregão tradicional e pregão pós-moderno’ (2010), “um dos significados dados ao verbete ‘pregão’, que vem do latim ‘praecono’, segundo Ferreira (1999) – Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa – é “voz ou pequena melodia, de ritmo livre, bastante próxima do recitativo musical, e com a qual os vendedores ambulantes anunciam suas mercadorias”. Ou seja, de modo popular, os pregões são anúncios cantados, em voz alta, pelas ruas.
Os pregoeiros tradicionais, atualmente, existem em menor quantidade, mas por sua representatividade até ganharam estátuas na Praça Nauro Machado, no Centro Histórico. Um deles é o sorveteiro e o outro uma vendedora de pirulitos, ambos criados pelo artista Eduardo Sereno, em zirconita
A estátua do sorveteiro é inspirada no pregoeiro Antônio José Coelho, conhecido como ‘Bem-te-vi’, que há pelo menos 40 anos trabalha como pregoeiro e é reconhecido com um dos personagens mais ilustres do Centro Histórico de São Luís.
À época da inauguração das estátuas, em setembro de 2022, Antônio contou que gostava “muito de fazer esse serviço, de conhecer e falar com muitas pessoas, não me vejo fazendo outra coisa, tenho orgulho desse ofício”.
A estátua da vendedora de pirulitos é em homenagem a Dona Corina, outra personagem que exerceu o ofício por mais de 40 anos e referência na capital maranhense e tinha um bordão marcante:
“Olha o pirulito, enrolado no papel e enfiado no Palito. Quem come fica bonito”.
Dona Corina
Referências
ARANHA, Marize Barros Rocha. Do pregoeiro ao camelô: a construção dos gêneros pregão tradicional e pregão pós-moderno. 2010. 219 f. Tese (doutorado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara, 2010.