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Domingo, 28 Abril 2024

Por meio de restauração, arqueólogas recuperam documentos e fotografias de artes rupestres em Roraima

Documentos e fotografias de artes rupestres parte da história de Roraima têm sido restaurados no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Boa Vista. O trabalho é feito pelas arqueólogas Marta Sara Cavallini, doutoranda do programa de pós-graduação do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (USP); e Edith Pereira, que colabora com o Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém, no Pará.

A ideia é resgatar a documentação existente sobre o salvamento arqueológico feito pelo pesquisador da área Pedro Mentz Ribeiro, entre os anos de 1985 e 1987 - ele foi o primeiro a elaborar um projeto de arte rupestre em Roraima e na Amazônia, por isso, é considerado a base do conhecimento de estudos atuais.

Pesquisadoras recuperam acervo sobre arqueologia de Roraima. Foto: Carlos Barroco/Rede Amazônica Roraima

Os registros feitos por Pedro Mentz Ribeiro são referentes a artes rupestres e descobertas arqueológicas com pelo menos 3 mil anos, presentes em sítios arqueológicos que o professor esteve e fotografou, entre eles a Pedra Pintada e Mauá, ambos com grande quantidade de inscrições rupestres.

O trabalho de recuperação do acervo histórico iniciou durante a pesquisa de doutorado da arqueóloga Marta Sara Cavallini. "Meu projeto de doutorado é no Estado de Roraima. Em 2019 visitei o Museu Integrado de Roraima e descobri que os decalques plásticos do trabalho de Pedro Mentz Ribeiro estavam guardados dentro de uma caixa. Informei a professora Edith Pereira e a gente decidiu montar um projeto para resgatar esse material que estava em situação bem precária", afirma a pesquisadora.

Durante o trabalho, as pesquisadoras já identificaram que parte do acervo de ainda é inédito do ponto de vista de publicação científica.

"Começamos fazendo o levantamento da documentação que estava bastante deteriorada. Agora estamos na nossa segunda etapa aqui em Boa Vista, onde mais documentos e fotografias foram encontrados. Estamos dando prosseguimento a cópia dos decalques das pinturas rupestres que ele documentou naquela época. São painéis que ele não chegou a publicar completamente", explicou Edith.

"O projeto do professor Pedro Mentz Ribeiro foi interrompido abruptamente e o material acabou sendo dividido entre três instituições: o Museu Emílio Goeldi, em Belém (PA), que era a instituição parceira do governo de Roraima na época; o Museu Integrado de Roraima; e a universidade Feevale em Novo Hamburgo (RS), que tem o acervo pessoal do professor Mendes Ribeiro", 

detalha Edith.
Pesquisadoras aturam para restaurar obras sobre história arqueológica de Roraima. Foto: Carlos Barroco/Rede Amazônica Roraima

O trabalho de recuperação é feito pelas arqueólogas de maneira cuidadosa, para lidar com o resgate de obras antigas, já gastas pelo tempo. A pesquisadora Marta é a responsável por fazer os painéis de forma digital - tudo elaborado com precisão, a partir de fotos dos painéis originais que ela remonta por meio de um programa de edição.

"Em toda a Amazônia quando se fala em arte rupestre, em Roraima, a referência que existe até hoje é do trabalho que Pedro Mentz Ribeiro fez. Por isso, queremos resgatar todas essas informações, complementar e publicar esse material. É importantíssimo para Roraima e para o Brasil conhecer esse trabalho e o patrimônio arqueológico que tem nesse estado para entender a necessidade de valorizá-lo", destaca Edith.

As duas iniciaram o trabalho em 2020 e a previsão é que até 2025 seja concluído. "Conhecer o que foi estudado nessa região é fundamental do ponto de vista da própria história do território. As escolas, os alunos, reconhecer o próprio passado é fundamental para o presente e para o futuro", defende Marta Sara Cavallini.


*Por Carlos Barroco, do Núcleo Amazônia da Rede Amazônica Roraima

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