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Quarta, 24 Abril 2024

Cantor acreano faz reflexão sobre impacto da pandemia e saúde mental em novo single

'Nave Mãe', single lançado pelo músico e psicólogo João Victor Alab, faz um mergulho profundo no período de pandemia da Covid-19, analisando o isolamento e como as telas acabaram se tornando um refúgio para quem ficou em casa por um longo período. Em pouco mais de 4 minutos de música, analisa como as pessoas ficaram solitárias e os reflexos do isolamento na vida cotidiana.

"Minha câmera é a nave mãe, o App instalado sabe todos os meus dados. Enquanto a gente vê desertas ruas da cidade sinalizam a verdade", começa a música, que também carrega o lado poético do cantor, que também é autor do livro 'Jardins Suspensos'.

Além de poeta e músico, João também é psicólogo e fez questão de que a música também abordasse esse vazio que o isolamento impôs às pessoas. Além das perdas, o retraimento imposto pela pandemia deixou marcas muito profundas e que exigem atenção.

Cantor acreano lança single que reflete sobre os efeitos da pandemia na saúde mental e no uso excessivo das redes sociais. Arte: Danilo de S’Acre

Em agosto do ano passado, uma pesquisa que recebeu o nome de Covitel, da Vital Strategies e pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), indicou que os casos de depressão no Brasil aumentaram 41% com a pandemia. E isso também é abordado no primeiro single solo de João, lançado em 17 de março e que pode ser ouvido nas principais plataformas digitais.

"Nave Mãe começou a ser escrita na época da pandemia e a música basicamente reflete esse momento sobre o nosso mergulho, apego, mais do que nunca, aos celulares, às telas, às redes sociais, a esse multiverso que já existe há alguns anos e está se consolidando cada vez mais. Também fala desse aumento de pessoas adoecidas emocionalmente. Fala de solidão, de como há pessoas que até hoje não saem de casa com receio de tudo isso, que se isolaram em seus lares, que o seu agir no mundo realmente é através das redes sociais como forma de se manifestar, isso em algumas pessoas obviamente, e dentro disso a gente observa o aumento enorme, gigantesco, no diagnóstico de depressão e nos casos de suicídio", destaca o músico.

João Alab lançou seu primeiro single solo em março deste ano. Foto: Divulgação

Ao se perguntar e se deparar com o novo cenário que se formava, veio a ideia de se expressar através da música. Para ele, os efeitos da pandemia englobam e reúnem diversas questões e foi motivado por questionamentos que decidiu abordar isso na canção.

"Você começa a se questionar o que está levando as pessoas a tanto desespero ao ponto de tomar medidas drásticas. Isso sinaliza uma falta de esperança. Basicamente a música fala sobre isso, sobre a fixação, por a gente ter se apaixonado tanto por esse universo digital e resgata essa questão do contato com as pessoas, do que realmente é importante na vida, o que vale de fato. Porque todas essas coisas acabam sendo, no fim das contas, superficiais, não é uma sugestão de que larguem, não utilizem as redes, mas sim uma sinalização de busca de equilíbrio, porque os avanços são muitos, mas a gente percebe de forma gritante os prejuízos", 

pontua.
João também é autor do livro de poesias ‘Jardins Suspensos’. Foto: Arquivo pessoal

Em parte da música, João recita versos que relatam a angústia, os questionamentos e instiga a reflexão sobre o que realmente faz sentido. "A tecnologia divina foi projetada para achar o tesouro nos olhares em troca de um desabafo por um afetuoso alento caloroso abrigo, aquilo que de fato alimenta o espírito. Não há mistérios, nós nos perdemos dos sinais que sempre gritaram no peito aflito (...) Prum amigo, irmão ou desconhecido não confunda busca de si com a perda de você mesmo".

Além de João, que é dá voz e faz os sintetizadores, o single também contou com a parceria de Felipe Lima, que deu contribuição na guitarra, bateria/beats e também responsável pela gravação da música em estúdio. Já a arte, expressiva e que casa com a música, é assinada pelo artista plástico Danilo de S'Acre.

João Vitor Alab é psicólogo e atuante no cenário musical do estado. Ele é vocalista da banda autoral Zoo Humanos, onde assina diversas canções e em 2021 ele lançou o livro "Jardins Suspensos", onde reúne poemas que produziu ao longo de 10 anos.


*Por Tácita Muniz, do g1 Acre 

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