Mulher indígena rala mandioca em 22 segundos e vence competição tradicional de festival em Roraima

Zilda João já é conhecida por costumar ganhar na modalidade. Competição ocorreu durante o XII Festival do Beijú, na comunidade indígena Tabalascada, na região Serra da Lua, no Cantá.

Aipim, macaxeira, mandioca: em cada canto do país, ela assume um nome e um uso diferente. Em Roraima, além de compor o prato de milhares de famílias, faz parte de uma tradicional competição indígena, a de ralar mandioca. A competidora Zilda João, de 44 anos, do povo Wapichana, levou o título ao ralar uma raiz de mandioca em 22 segundos.

O desafio ocorreu na 12ª edição do Festival Do Beijú na comunidade indígena Tabalascada, localizada na região Serra da Lua, no município do Cantá, ao Norte de Roraima. Beijú é um alimento à base de mandioca, tradicionalmente consumido pelos indígenas nas comunidades.

Zilda João (à direita), ganhadora da competição de ralar mandioca na Festival Do Beijú 2023. Foto: Greyce Rocha/Arquivo pessoal

Moradora da comunidade, Zilda disputou o título de campeã com outras cinco candidatas, quatro do povo Wapichana e uma Macuxi. Uma delas foi a influencer digital e primeira miss indígena de Roraima, Mari Wapichana, que conquistou o terceiro lugar. A inscrição foi gratuita.

Essa não foi a primeira vez que Zilda ganhou a competição, segundo a organização. A vencedora ganhou R$ 100. O segundo e o terceiro lugar não receberam premiação.

Primeira miss indígena de Roraima, Mari Wapichana, durante a competição de ralar mandioca em Roraima. Foto: Reprodução/Instagram-mariwapichana

 Para participar da competição, os únicos pré-requisitos era se inscrever e estar disposto a ralar mandioca. A disputa foi dividida em eliminatórias. A final foi entre Zilda e uma outra mulher, natural da comunidade indígena do Maturuca, região das Serras, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol.

Os ralos e as mandiocas foram providenciados pela coordenação do festejo. Durante a disputa, as candidatas usaram como o técnica a quebra da mandioca ao meio. Dividida, a raiz era ralada mais rapidamente pelas mulheres.

Zilda (à esquerda) durante a competição de ralar mandioca. Foto: Greyce Rocha/Arquivo pessoal

Tradicional evento indígena no Estado, o Festival do Beijú é uma iniciativa da própria comunidade e tem como objetivo o fortalecimento cultural dos povos Wapichana e Macuxi da região Serra da Lua, além de valorizar o alimento tradicional dos povos indígenas, neste caso o beijú. 

Além da competição de mandioca, o festival conta com disputas e competições de arco e flecha, trançar darruana, corrida, estilingue (baladeira), dança do parichara, comer mais beijú, tomar caxiri, cabo de guerra, fiar algodão, futebol de campo masculino, futebol feminino society e várias outras.

 Festival do Beijú

Competição de caxirí também é uma modalidade do festival. Foto: Divulgação/Instagram-festivaldobeiju2022

A primeira edição do Festival do Beijú foi realizada em 2005 para valorizar o beijú de mandioca, que é um dos alimentos base da alimentação dos povos indígenas em Roraima.

Após a edição de 2008, o festival foi suspenso por alguns anos. Em 2013, Jodecildo Cruz se tornou tuxaua da comunidade Tabalascada, quando iniciou o planejamento para retomar a realização do evento. O tuxaua morreu no mesmo ano.

O festival então só foi retomado em 2014, sob a responsabilidade do tuxaua Cesar da Silva. Em 2015 o festival tomou um novo rumo. O evento ganhou grande repercussão e em 2016 teve um público nos dois últimos dias de aproximadamente 6 mil participantes.

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