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Sexta, 26 Abril 2024

Hábito de ler: jovens amazônidas contam como hobby se tornou estilo de vida

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Ninguém nasce um leitor nato. O gosto por livros é adquirido durante o desenvolvimento do ser humano, afinal, a leitura é importante para desenvolver diversas capacidades, como a interpretação, a comunicação e a cognição. Para algumas pessoas, o interesse na literatura é tão grande que se torna muito mais que um hobby. O Portal Amazônia conversou com três jovens da Amazônia que transformaram o ato de ler em um estilo de vida.

Os quadrinhos da 'Turma da Mônica' deram o pontapé inicial na vida literária do rondoniense Ian Botelho. Porém, o primeiro contato dele com um livro aconteceu na biblioteca de sua escola, em Porto Velho. Ian leu 'O Fantasma da Vila Esperança', de Thiago Fernandes. A obra de 100 páginas chamou a atenção do jovem, que encontrou um novo interesse - e futuro vício.

Dos quadrinhos, Ian evoluiu para livros mais complexos. Foto: Ian Botelho/Arquivo pessoal

Dentre os mais diversos livros que já leu, o favorito de Ian é 'Os Meninos da Rua Paulo', um clássico do autor húngaro Ferenc Molnár. "É um livro que fala sobre amizade, empatia e o poder do povo", destacou Ian. 

Já o autor regional favorito do rondoniense é Gabriel Mar, que carrega em suas obras a representatividade e o regionalismo. Suas obras são 'Altos dos Salgueiros' e 'Bem-vindos à Rua Maravilha', que já teve lançamento em ranking de mais vendidos da Amazon.

Atualmente, Ian cursa jornalismo em uma universidade de Porto Velho. A escolha pela comunicação foi influenciada diretamente pela literatura. 

"O jornalismo é uma profissão que aprimora a nossa comunicação e abre a mente. Foi o curso mais próximo que encontrei de fazer aquilo que gosto. Utilizar a fala, escrita e leitura como ferramenta e arma", 

afirmou.
Ian com a sua coleção de livros. Foto: Arquivo Pessoal

Além disso, o jovem administra a página 'Leitor do Norte', um espaço para divulgação de livros e resenhas. Ele contou ao Portal Amazônia que falar sobre literatura é um trabalho prazeroso, mas difícil. "Por viver em uma região mais afastada, as coisas demoram para chegar ou nem chegam. Isso dificulta o acesso ao conhecimento para as pessoas daqui. Conheço poucos criadores de conteúdo literário e poucas pessoas com o hábito de ler. Ainda assim, não fico desanimado e vou continuar a compartilhar dicas de livros", disse.

Os trabalhos de Ian não vão ficar apenas na parte de divulgação. Para o jovem rondoniense, a literatura é uma ferramenta de interação e conhecimento. Ele está trabalhando em uma obra própria que será focada na Amazônia e seus fatos históricos. Ou seja, o leitor se tornou o escritor.

Válvula de escape 

A bacharel em direito Natália Coelho, de 25 anos, também é de Rondônia e assim como Ian é uma apaixonada por livros. Através de uma professora de português, ainda no ensino fundamental, Natália teve contato com os livros. "Uma vez, eu escolhi um livro nacional que era uma releitura da história da Branca de Neve. A partir daí, comecei a ler outras obras. De início era mais para passar o tempo, depois me apaixonei", confessou.

Na opinião de Natália, existem dois motivos para as pessoas não curtirem muito os livros. O primeiro é a falta de incentivo. Outro fator seria o leitor não encontrar o livro ideal para apreciar. "A gente vem de um cotidiano onde os pais incentivam tecnologia para as crianças, como por exemplo, colocar vídeos em aparelhos eletrônicos ao invés de um livro", explicou a jovem.

Natália descobriu a paixão pelos livros na infância. Foto: Natália Coelho/Arquivo pessoal

É de conhecimento popular e comprovado que a leitura ajuda no desenvolvimento das pessoas. Porém, na vida de Natália, a literatura foi de suma importância para vencer diversas dificuldades: "Sou muito agradecida a Natália adolescente que buscou a leitura como uma forma de escape".

A dificuldade agora responder uma "simples" pergunta: Quais seus livros favoritos? Natália informou que possui uma lista imensa de livros favoritos. Mas em destaque entre eles, estão: 'Outros jeitos de usar a boca' e 'O que o sol faz com as flores', de Rupi Kaur; a duologia 'É assim que acaba' e 'É assim que começa', de Collen Hoover, que Natália aconselha a todos lerem; 'Os sete maridos de Evelyn Hugo', de Taylor Jenkins Reid; 'Orgulho e Preconceito', de Jane Austen; e todos os livros da autora nacional Carina Rissi. 

Literatura no mundo digital

Os apaixonados pelos livros estão espalhados pela Amazônia. E foi com esse objetivo que o influenciador digital do Pará, Wemerson Corrêa, decidiu criar conteúdo para a internet com o Aventureiro Leitor. Atualmente, ele conta com páginas nas principais redes sociais, inclusive fazendo sprints de leitura ou "leitura conjunta", que são lives de 30 minutos para que seja feita a leitura de uma obra.

Assim como a maioria dos apaixonados por livros, Corrêa teve o contato com a literatura na infância, porém, não recebeu muito incentivo para desbravar o universo das letras. 

"Confesso que gostaria muito de responder que tive incentivo para ler, mas a verdade é que não. Quando criança, ganhei uma única vez um livro dos meus pais. Porém, depois que me tornei um leitor assíduo, consegui transformar a rotina dentro da minha própria casa. Hoje, os meus pais amam olhar o tamanho da minha estante. Até o meu irmão passou a inserir a leitura no seu dia a dia. Sinto que sou uma inspiração para eles", 

relatou.
De leitor a incentivador, Wemerson vive a literatura no seu máximo. Foto: Wemerson Corrêa/Acervo pessoal

Na vida do influenciador, há um carinho especial pelos livros e ele já teve diversos favoritos. "Gosto de dizer que assim como a nossa personalidade, o nosso gosto literário também está em constante mudança", justificou. Atualmente, Corrêa tem um carinho imensurável pela obra 'Flores para Algemon', de Daniel Keyes. "Hoje um livro para se tornar favorito precisa me colocar em uma posição de vida que eu jamais imaginaria estar", completou.

Nortista de carteirinha, Corrêa também dá um destaque especial para a literatura da região amazônica. "Eu não amo apenas a cultura daqui, mas também a literatura. Impossível não mencionar os saudosos Walcyr Monteiro, Delcídio Jurandir e Rui Barata, que nos deixaram legados incríveis para a literatura local e nacional", contou o influenciador.

Incentivo é a principal palavra para quem deseja introduzir a literatura para as crianças e jovens. 

"A leitura não deve ser uma obrigação, precisa ser um hábito. Acredito que a forma como os livros são apresentados para as pessoas muitas das vezes acontece de uma forma errada. Ler não precisa ser obrigação, mas deve ser prazeroso acima de tudo", 

concluiu.

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