Família se mantém à frente do principal ritual festivo rondoniense por quatro gerações

Festa foi introduzida no Vale do Guaporé por Manoel Fernandes, quando a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea. Tradição passou por altos e baixos, mas conquistou o título de Patrimônio Histórico, Cultural e Imaterial de Rondônia.

A Festa do Divino Espírito Santo acontece há 130 anos na região do Vale do Guaporé, em Rondônia, fronteira entre Brasil e Bolívia. Apesar dos altos e baixos, a romaria muito tradicional já realizou mais de 126 caminhadas de peregrinação por 40 comunidades ribeirinhas, no Brasil e Bolívia, durante 50 dias.

Recentemente, a festa tradicional foi reconhecida como Patrimônio Histórico, Cultural e Imaterial do Estado de Rondônia através de uma Lei Estadual. Segundo o governo, o objetivo é enaltecer o valor histórico, cultural e social do principal ritual festivo rondoniense.

Foto: Divulgação

Antes desse reconhecimento, a festa enfrentou “altos e baixos” e por muito pouco não deixou de existir. Apesar disso, ela já carrega uma história centenária de tradição.

João Agripino Ramos, um dos herdeiros da tradicional irmandade, contou a Rede Amazônica que a festa foi fundado pelo seu bisavô, Manoel Fernandes, depois que a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea. Durante esse processo, o bisavô de João se mudou para Cuiabá (MT), onde foi criado pelos bispos da igreja católica, se tornando assim um coroinha.

Os símbolos que compõe o festejo tradicional de Rondônia são heranças das festas que eram realizadas em Vila Bela da Santíssima Trindade (MT): a coroa de prata, bandeira e adereços.

Essa cultura foi desenvolvida no Vale do Guaporé por volta de 1894, passando de pai para filho, até chegar a João Agripino Ramos, a 4ª geração.

Foto: Divulgação

Festa do Divino Espírito Santo 

A festividade originou-se do culto a terceira pessoa da Trindade em Portugal, por volta do século XIV. Nessa época, as celebrações eram feitas por meio da oferta de banquetes às pessoas carentes e entrega de esmolas. Mais tarde, durante a colonização do Brasil, os portugueses trouxeram a tradição dos festejos religiosos.

Atualmente, o evento é organizado por devotos afro-brasileiros e bolivianos, e acontece simultaneamente nos dois países. A festa é realizada no Brasil em Mogi das Cruzes (SP), Paraty (RJ) e em Rondônia, único lugar onde acontece em rios.

Segundo a Sejucel, a celebração ao Divino Espírito Santo acontece através de uma única romaria aquática que percorre mais de 1.360 quilômetros do rio Guaporé e seus afluentes: rio Paraguai, rio São Miguel, rio Branco.

Durante 50 dias, tanto nas margens direita quanto na esquerda onde estão localizadas aldeias indígenas e comunidades bolivianas, o percurso passa por 39 cidades, sendo oito bolivianas e 31 brasileiras.

*Por Mateus Santos, do Grupo Rede Amazônica

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